Polícia diz que assalto de Criciúma foi o maior já ocorrido em Santa Catarina
Governador Carlos Moisés (PSL) participou de coletiva de imprensa ao lado de comandantes da PM para atualizar informações do caso
Comandantes da Polícia Militar e o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), realizaram uma entrevista coletiva nesta terça-feira (1º) para dar detalhes sobre o assalto em Criciúma. Segundo as autoridades, foi o maior roubo já ocorrido no estado.
“Já se iniciou o trabalho de investigação desse que podemos afirmar ser o maior roubo, de maiores proporções já acontecido no estado de Santa Catarina”, afirmou o delegado Anselmo Cruz, da delegacia de roubos e antissequestro do estado.
O governador afirmou que episódios de assalto a banco não são comuns em Santa Catarina. “Criciúma passa por um episódio de violência extrema, que não é comum. Entendemos que a ação foi bem sucedida pelos marginais, essa é a verdade: eles conseguiram seu intento”, disse Moisés.
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O coronel Marcelo Pontes, que é subcomandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina, afirmou que pelo menos 40 criminosos fortemente armados fizeram parte da ação, utilizando 10 carros, que já foram localizados pela polícia.”Eles planejaram a ação. Fizeram segurança de perímetro e toda uma articulação de segurança própria, usaram inclusive reféns para se protegerem de eventual intervenção policial”, disse.
“Saíram em fuga por volta das 2h da manhã, monitoramos e, ao amanhecer, localizamos os 10 veículos. Dentro desses veículos, em dois deles, há vestígios de sangue. Um [carro] foi alvejado pelo esquadro antibombas. O outro [tinha sangue] no banco traseiro, talvez decorrente do explosivo, ele pode ter se ferido e sangrado dentro do veículo”, explicou Pontes.
A polícia segue com os trabalhos de investigação na cidade. Pelo menos quatro pessoas foram presas por “furto” após recolherem R$ 810 mil que ficaram espalhados nas ruas.
Veja abaixo o que se sabe sobre o ocorrido.
• Membros de uma quadrilha fortemente armada – com munições de diferentes calibres, explosivos e coletes balísticos – especializada em assaltos a bancos fizeram disparos no centro de Criciúma e arredores. A ação teria começado por volta das 23h50 dessa segunda-feira (30). Moradores acordaram com o barulho de tiros e explosões.
• Segundo as autoridades, cerca de 40 criminosos chegaram à cidade em 10 carros de luxo com placas adulteradas ou sem placas.
• O grupo atacou o 9º Batalhão da Polícia Militar ao atear fogo em um caminhão em frente ao local para impedir a ação dos agentes. Os suspeitos também fecharam ruas e avenidas de acesso a agências bancárias.
• Uma parte da quadrilha fez uma espécie de barricada ao atear fogo em um ponto da BR-101, causando um grande congestionamento no Túnel do Formigão, sentido sul, na cidade de Tubarão, e impedindo a chegada de reforço policial de outros municípios.
• Vidraças de algumas agências bancárias foram quebradas, mas apenas uma unidade do Banco do Brasil, localizado no centro de Criciúma, teve dinheiro roubado.
• 6 funcionários da equipe de trânsito da prefeitura que faziam manutenções em ruas e avenidas foram feitos reféns; 1 a 2 deles tiveram que ajudar os criminosos a transportar o dinheiro roubado da agência para os veículos utilizados no assalto. Há relatos de que alguns reféns foram usados como um cordão de isolamento humano para os criminosos se protegerem da polícia.
• 2 pessoas ficaram feridas. Um policial militar foi ferido no abdômen, submetido a uma cirurgia e está internado na unidade de terapia intensiva (UTI) em estado grave. Um vigia também sofreu ferimentos, mas o estado de saúde dele ainda é desconhecido.
• Os suspeitos fugiram por cidades vizinhas, deixando parte do dinheiro roubado para trás. Todos os reféns foram libertados. Ainda não se sabe a quantia total que foi levada pelos suspeitos.
• Segundo a polícia, durante a ação, os agentes priorizaram o cerco e a contenção no local para evitar confronto, troca de tiros e mortes.
• 4 artefatos explosivos foram deixados pelos criminosos perto da agência bancária. Todos foram desarmados pelo Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
• 4 pessoas foram presas. De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de SC, elas não são membros da quadrilha. São civis que pegaram o dinheiro abandonado nas ruas pelos criminosos. Com elas, foi encontrado cerca de R$ 810 mil, quantia que foi apreendida pelos agentes.
• Para as autoridades, a ação dos criminosos é de alto nível e sem precedentes na cidade, já que os suspeitos usaram armamento pesado. Além disso, acredita-se que ela tenha sido planejada com até meses de antecedência.
• Neste momento, são feitas buscas pelos suspeitos na região e investigações sobre o ocorrido. As polícias Militar e Civil localizaram os 10 veículos de luxo que foram utilizados pelos criminosos na fuga. Eles foram abandonados em uma plantação de milho em Nova Veneza, no interior de Santa Catarina, e passam por perícia.
• O major Eduardo Moreno, chefe da Central de Emergência de Criciúma, descreveu como “novo cangaço” a prática executada pela quadrilha, com roubos simultâneos e ataques a quartéis em cidades pequenas.
• A operação conta com todas as equipes especializadas da Polícia Militar de Santa Catarina, como o Bope, Choque, Batalhão de Aviação, Canil e Polícia Militar Rodoviária Estadual, além das polícias Civil, Rodoviária Federal e Federal, e todas as equipes de Inteligência das Forças de Segurança Pública.
• Para o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), “foi uma noite de terror para os padrões da nossa cidade, algo surreal, diferente de tudo que estamos acostumados a viver”.
• Toda a ação levou cerca de duas horas. Nesta manhã, a situação é de normalidade na cidade.
(Com informações de Carolina Bortot, da CNN, em Criciúma, e Diego Freire e Victória Cócolo, da CNN, em São Paulo)
(Publicado por: André Rigue)