Pandemia reforça desigualdade entre bairros em São Paulo
Segundo o último levantamento realizado pela secretaria municipal de Saúde, os bairros periféricos de São Paulo são os que concentram o maior número de mortes
Para tentar frear o avanço da Covid-19, o estado de São Paulo entra na fase emergencial do Plano SP na próxima segunda-feira (15). Com a suspensão de atividades esportivas coletivas, celebração de cultos religiosos e com toque de recolher ampliado das 20h às 5h, entre os dias 15 e 30 de março, a expectativa do governo é diminuir a circulação de pessoas.
Mas apesar das medidas mais restritivas, em muitos regiões da capital paulista, especialmente na periferia, estabelecimentos que deveriam estar fechados, como lojas de roupas, celulares, cabeleireiros e bares, continuam abertos.
A equipe de reportagem da CNN flagrou pessoas em bares, sem nenhuma proteção, na Freguesia do Ó, na zona norte, e no Tatuapé, na zona leste. Em Itaquera e Guaianases, também na zona leste, lojas de roupas e celulares continuavam a funcionar. Situação semelhante foi vista em salões de cabeleireiros no Brás e em comércios da Santa Ifigênia, na região central da cidade. Em todos esses locais, a equipe da CNN não encontrou viaturas policiais.
Já em bairros nobres da cidade a realidade encontrada foi diferente. Na Vila Madalena e Pinheiros, na zona oeste, bares fechados, viaturas da Guarda Civil Municipal fiscalizando e pouca movimentação de pessoas nas ruas. Em Moema, Itaim Bibi e Vila Olímpia, na zona sul, apenas serviços essenciais funcionando.
Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, a diferença de comportamento entre os moradores e comerciantes das periferias e dos bairros nobres se explica pela questão econômica. “É um recorte efetivamente por CEP. Dependendo do lugar onde você mora, da infraestrutura e da renda que você tem, você consegue fazer com mais condições o isolamento social ou não”, afirmou.
Segundo o último levantamento realizado pela secretaria municipal de Saúde, os bairros periféricos de São Paulo são os que concentram o maior número de mortes por Covid-19. Sapopemba está em primeiro lugar com 787 mortes, seguido por Brasilândia, com 617, e Grajaú, com 603.
Procurados pela CNN, a vigilância sanitária informou que um comitê entre o governo estadual e a prefeitura foi criado para reforçar o trabalho e que blitzes serão intensificadas.