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    Entenda o que é diálise, procedimento pelo qual passa Faustão enquanto aguarda transplante

    Apresentador terá que passar por transplante de coração após ser diagnosticado com insuficiência cardíaca

    Tiago Tortellada CNN

    Com o agravamento do quadro de insuficiência cardíaca, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, terá que passar por um transplante de coração, estando submetido atualmente a diálise.

    Esse procedimento de remoção de resíduos pode retirar líquidos do corpo, ajudando no funcionamento do coração para pacientes que necessitem, segundo Américo Cuvello Neto, coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

    Entretanto, o especialista ressaltou que a realização ou não da diálise depende do quadro médico do paciente e da avaliação do médico responsável. No momento, Faustão está na fila de espera para receber um transplante de coração.

    Veja também — Faustão terá de passar por transplante cardíaco, diz hospital

    O que é a diálise?

    Américo Cuvello Neto explica que a diálise é um termo abrangente para um mecanismo utilizado para remoção de solutos, como ureia, creatinina, potássio, que podem estar em níveis maiores que o permitido no corpo do indivíduo.

    O procedimento pode ser a hemodiálise, quando é feita através de uma máquina, com uma membrana sintética que realizará as trocas e filtragem do sangue. Popularmente, a máquina de diálise é conhecida como “rim artificial”.

    Também pode ser feito através da diálise peritonial, na qual é colocado um cateter no abdômen do paciente e o próprio peritônio — uma membrana que recobre as alças intestinais — faz o mecanismo de troca.

    O doutor também pontua que esse é um tipo de tratamento de “suporte”, ou “tratamento-ponte”, não sendo ele, sozinho, que vai curar o paciente. Em vez disso, a diálise auxilia a manter a pessoa estável até que seja proporcionado o tratamento definitivo (se possível), como, por exemplo, transplante de órgão.

    Quando ela é aplicada?

    O especialista também afirma à CNN que a diálise pode ser aplicada em situações de insuficiência renal — quando os rins não funcionam em sua plenitude –, transplante de fígado, intoxicação por alguma substância, uso de alguns medicamentos e até insuficiência cardíaca, por exemplo.

    Neste último caso, em alguns quadros graves, pode haver associação entre insuficiência cardíaca e renal, sendo que os pacientes urinam pouco ou não urinam, havendo retenção de líquidos. Assim, o procedimento pode ajudar a retirar esses líquidos para melhorar a performance do coração.

    “Existem algumas situações que o rim nem está tão insuficiente, mas a insuficiência cardíaca é tão grave que a diálise ajuda para manter o suporte desse paciente até ter o tratamento definitivo, que, no caso da insuficiência cardíaca, em algumas situações, é o transplante de coração”, sustenta Américo Cuvello Neto.

    “Quando o paciente tem insuficiência cardíaca, o rim, na realidade, é como se ele pagasse a conta da outra insuficiência. Então ele sofre com isso e aí ele tem uma injúria, e aí ele precisa fazer diálise”, coloca.

    Ainda assim, diz que, na maioria desses casos, o rim não tem uma lesão propriamente dita, a não ser que a doença que levou a insuficiência cardíaca também leve a uma insuficiência renal.

    O especialista reforça que a realização ou não da diálise depende do quadro médico do paciente e da avaliação do médico responsável.

    Qual a frequência em que o paciente pode ser submetido à diálise?

    A frequência com que o paciente pode ser submetido à diálise depende do quadro clínico.

    No caso de uma pessoa com insuficiência cardíaca ou renal, por exemplo, o doutor Américo diz que normalmente ela é avaliada uma ou mais vezes por dia.

    “Se o paciente está estável, esse tipo de diálise pode ser feita no que a gente chama de ‘diálise sobre demanda’. Ele não precisa ficar continuamente na máquina”, comentou.

    Ainda assim, há casos em que o paciente pode fazer diálise ininterruptamente. Entretanto, isso depende, novamente, de avaliação do nefrologista e até mesmo do quadro clínico do paciente.

    “Uma variável muito utilizada para a decisão é o volume urinário. Se o paciente está urinando, ou seja, ele consegue perder líquido e ainda tem uma função renal residual, normalmente se realiza por demanda, de acordo com a necessidade”, explica Américo.

    “Se ele [paciente] não urinar nada, ele vai precisar de diálise todos os dias. Ele pode precisar de diálise todos os dias, que pode ficar continuamente, ou pode, por exemplo, fazer uma diálise de duas, três ou quatro horas todo dia. Isso depende muito da avaliação do médico”, complementa.

    A diálise pode ser feita em casa?

    Quando o caso é mais grave e precisa de monitoramento intensivo, a diálise é feita no hospital ou clínica especializada.

    Entretanto, a diálise peritoneal pode ser feita em casa, assim como a hemodiálise, em alguns casos.

    O doutor Américo Cuvello Neto explica que existem programas em alguns países em que a máquina para hemodiálise é levada para a casa do paciente, mas que isso raramente acontece no Brasil.

    A hemodiálise também pode ser feita em uma “unidade de diálise”, em que a pessoa faz a filtração do sangue e vai para casa.

    “Nesse caso, o paciente fica em casa e vai três ou quatro vezes por semana ao hospital ou à clínica de diálise, porque você pode também ter unidades de diálise que ficam dentro do hospital e outras que a gente chama de unidades de diálise satélite, ou seja, é uma clínica que só faz diálise”, pontua.

    A diálise continua após transplante de órgão?

    Em um caso de insuficiência cardíaca em que o rim não está comprometido ou com insuficiência, o órgão tem melhora no funcionamento com o passar do tempo.

    “Agora, se o rim tiver algum problema, também existe a possibilidade do chamado transplante duplo, que faz o transplante de rim e faz o transplante de coração. Depende do caso”, finaliza o doutor Américo Cuvello Neto.

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