Enfermeiro curado da COVID-19 recebe surpresa no retorno ao trabalho
Rede de fast-food distribui 60 mil lanches para profissionais da linha de frente do combate ao coronavírus em mais de 100 unidades de saúde de São Paulo
Quando o enfermeiro Fernando Cesar, profissional na linha de frente de combate ao novo coronavírus, começou a apresentar os sintomas da doença, teve uma forte dor na canela. O enfermeiro de 37 anos achou que era consequência dos turnos cansativos de 12 horas na Unidade Básica de Saúde Vila Formosa, na zona oeste de São Paulo. Não era. A dor se epalhou pelo corpo inteiro. Quando a febre e a dificuldade para respirar bateram, Fernando chegou até a cogitar a possibilidade de estar com dengue, mas já estava claro: ele era mais uma vítima da COVID-19.
Agora recuperado, de volta ao trabalho e disposto a contar sua história, a CNN acompanhou o início de seu expediente. No trajeto de casa até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Barbosa, em São Paulo, onde trabalha, Fernando contou que quase desmaiou antes de ser internado. “Não cheguei a desmaiar, tive falta de ar e passei mal mesmo”. Já no hospital, precisou ser internado. “Foi um pesadelo. Eu não sabia se ia ser intubado ou não. Eu tinha muito medo de algo dar errado, de morrer”, disse.
O pesadelo começou no dia 19 de março, quando os sintomas começaram a aparecer. Ele foi afastado no dia seguinte, chegou a ficar as duas semanas em casa, mas o pior estava por vir na sua volta ao trabalho, em 2 de abril. “Eu não esperava adoecer na forma que adoeci no 15º dia. De ter uma piora muito importante e precisar ficar internado. Isso mexeu muito comigo”, relatou.
Fernando ficou seis dias internado. Ele saiu do hospital no dia 7 de abril, um dia antes do seu aniversário. A comemoração da data especial, como para milhões de brasileiros afetados pela pandemia, foi um pouco diferente dessa vez. “Passei sozinho. Com a família, eu abri vídeo. Chorei muito e passou. Eu acho que foi um marco na minha vida pra sempre, porque a COVID-19 marcou o Brasil, marcou o mundo. A gente acaba vendo a vida com outros olhos, [no dia a dia] fica obcecado em bens materiais e deixa de viajar ou ver a família. Mas agora ninguém pode se vê. É a saudade, então marcou muito a minha vida”.
Surpresa no retorno
Como um gesto de gratidão a esses profissionais, como o Fernando, que estão arriscando a vida na luta contra o o novo coronavírus, uma rede de fast-food tem distribuído 60 mil lanches para cerca de 100 hospitais na cidade de São Paulo, incluindo unidades básicas de saúde, até o dia 1º de julho.
“Nós somos recebidos com bastante alegria, porque eles (enfermeiros) entenderam que é realmente um gesto de carinho. É um momento mágico”, disse o diretor-geral da KFC Brasil. Jerônimo Júnior Claudio Silva é um dos funcionários que está preparando esses lanches. Ele demora quase duas horas da casa onde vive em Osasco, na grande São Paulo, para chegar ao trabalho.
Jerônimo mandou um recado para Fernando e todos os profissionais na ponta dessa batalha. “Olá, Fernando. Eu sou Cláudio, funcionário. E estou preparando um dos nossos deliciosos sanduíches pra você e seus colegas da área da saúde. Muito obrigado por estarem nos ajudando na linha de frente contra essa pandemia”, diz a mensagem enviada em vídeo e exibida para todos os funcionários da Unidade Básica de Saúde (UBS) onde o Fernando trabalha.
A chegada dos lanches ao ambulatório Vila Barbosa, na Zona Oeste da capital paulista, foi um momento muito aguardado por todos os profissionais. “Hoje a gente não se reúne mais para comer, mas a forma de dar um alimento para um profissional desse, você está nutrindo, fortalecendo, aliviando e presenteando ele com o que há de melhor”, disse a gerente da UBS Vila Barbosa, Márcia Rodrigues.