‘Fogo seguiu dinâmica muito diferente neste ano’, diz porta-voz do Sesc Pantanal
Pouca chuva, tempo seco e quente, além da quantidade de focos de queimadas contribuíram para destruição do Pantanal, que já perdeu 18% do território
A superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, afirmou à CNN, nesta segunda-feira (21), que o fogo no território seguiu uma dinâmica muito diferente neste ano.
“São vários fatores e não podemos determinar apenas um. Tivemos pouca chuva. Com isso, o Pantanal inundou muito pouco e várias áreas que estariam alagadas não estavam”, apontou ela, que ainda destacou o clima seco e o calor forte. “Então, tivemos uma dinâmica do fogo muito diferente dos anos anteriores a que estávamos acostumados”, acrescentou.
Christiane afirmou que “o vento também ajudou com que o fogo se propagasse muito rapidamente, dificultando conseguir acabar com os incêndios”.
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“Não estamos falando de apenas um único fogo, mas de diversos focos de incêndio que tiveram início em 1° de agosto. O maior deles terminou em 15 de setembro. Então tivemos um longo período de incêndios”, analisou.
“Normalmente não temos tantos incêndios acontecendo simultaneamente, então isso ajuda para que a gente consiga fazer o combate. Mas tendo diversos focos chegando de lados diferentes dificulta muito o combate”, completou.
Chuvas
De acordo com o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso, Dércio Santos da Silva, a chuva na região Sul do estado do MT “ajudou a diminuir e até extinguir as chamas” que destroem o Pantanal, mas que não se pode afirmar que a situação está totalmente controlada no bioma.
“Hoje já se tem um certo controle [nos incêndios], mas o que quero atestar aqui é que o Pantanal é extenso e tem características de difícil combate, por causa dos acessos e 14 anos sem grandes incêndios na região, então o que não se pode dizer que está tudo controlado porque a chuva chegou”, informou.
Silva disse que considerar que, com esse cenário, o Pantanal tem um “cenário de tranquilidade entre aspas”. “Isso porque essa massa de ar seco não saiu do Centro da América do Sul. Temos incidência de chuva, mas é leve. Ela pode diminuir a umidade do ar, mas fica variando – e até 30% de umidade relativa do ar propicia o acometimento dos incêndios florestais”, acrescentou.
A quantidade de focos de incêndio no bioma em 2020 é a maior desde que a taxa começou a ser monitorada, em 1998. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 18,6% do território já foi consumido. A área incendiada é equivalente a 3 milhões estádios do Maracanã, por exemplo.
(Edição: Leonardo Lellis)