Maranhão insere novo protocolo de cloroquina e disponibiliza kit de medicamentos
Estado cancelou lockdown após 13 dias e oferece kit de fármacos com hidroxocloroquina, azitromicina, entre outros medicamentos no combate ao novo coronavírus
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão inseriu, neste domingo (17), um novo protocolo de medicamentos para o tratamento da Covid-19 com sintomas leves. A medida preza pessoas que têm comorbidades, com exceção de doença cardíaca, no período de 1º até o quinto dia de infecção.
O protocolo consiste em um kit de fármacos que combinam hidroxocloroquina, azitromicina, um corticoide, vitaminas C e D, além de remédios para febre e dores, como paracetamol e dipirona.
O médico Rodrigo Lopes, assessor especial da Secretaria de Saúde do Estado, ressalta que estudos recentes mostraram que o uso combinado dos fármacos hidroxicloroquina + azitromicina na fase mais grave e moderada da doença não possuía comprovação de sua eficácia. “Hoje as discussões são entorno do uso precoce dessa medicação para pacientes com sintomas leves e na fase inicial da doença, por isso o Maranhão, assim como outros estados, vem adotando o uso desse kit, na fase inicial da doença – principalmente nos grupos de risco, desde que com criteriosa avaliação do paciente e aceitação do mesmo em tomar a medicação”, explicou Rodrigo em declaração publicada no comunicado.
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No site do estado, o governo Flávio Dino (PCdoB) publicou neste domingo (17):
“Recebi estranhos documentos pedindo que eu diga aos médicos que a cloroquina é eficaz contra o coronavírus, o que agride um princípio que cultivo com rigor: o da legalidade. Lamento que ainda existam pessoas que embarquem em delírios ideológicos e cheguem a esse ponto, aumentando o caos sanitário como estamos vendo em nível nacional. Como repito há várias semanas, a cloroquina está disponível na rede pública estadual, mas não é o governador quem decide a prescrição, e sim os médicos, e não serei eu a violar a lei e determinar a prescrição em massa deste ou de qualquer outro medicamento, como se eu fosse médico. Quanto ao tratamento nas redes municipais, também não detenho competência legal para interferir nisso, pois somos uma Federação e os municípios têm seus próprios governos, seus orçamentos e equipes de saúde”.
No dia 23 de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permitiu o uso de cloroquina e a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, com a ressalva de que o médico tenha o consentimento do paciente e de que não há evidências sólidas de que essas drogas tenha efeito confirmado na prevenção e combate ao vírus.
Foram indicados três cenários para a intervenção dos medicamentos: pacientes com sintomas leves e com início de quadro clínico; com sintomas importantes, mas ainda sem necessidade de cuidados intensivos; e pessoas em estado crítico recebendo cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica. Porém, ressalta o parecer, é “difícil imaginar que, em pacientes com lesão pulmonar grave estabelecida e, na maioria das vezes, com resposta inflamatória sistêmica e outras insuficiências orgânicas; a hidroxicloroquina ou a cloroquina possam ter um efeito clinicamente importante”.
Na última sexta-feira (15) o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão da pasta e, entre os motivos do afastamento, está atribuída a opinião do médico quanto ao uso da cloroquina. O oncologia condena uso de medicamentos sem comprovação científica, conduta que ocorre com frequência em tratamentos de pacientes com câncer.
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Teich assumiu a pasta em 16 de abril após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitir Luiz Henrique Mandetta, enfrentou críticas de apoiadores bolsonaristas nas redes sociais, além de políticos alinhados com o presidente.
Bolsonaro, assim como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se mostra favorável ao uso de hidroxocloroquina no tratamento da Covid-19. Opinião que é rebatida por aqueles com posicionamentos pautados em pesquisas médicas, como o ex-ministro Teich e o governador do Maranhão Flávio Dino, que indica o seu tratamento a partir das ressalvas de responsabilidade.
Em sua conta no Twitter, Dino afirmou, no dia 14 de abril, que, “Se não sabe o que fazer [Bolsonaro], que renuncie”. O governador também já avaliou publicamente o governo de Bolsonaro sobre posturas antidemocráticas e irresponsáveias do presidente, deixando evidente o atrito político entre eles.
Se a crise econômica fosse causada pelos governadores, por que ela existe em outros países ? Quem está causando a grave crise econômica é o coronavírus. Incrível que Bolsonaro finja ignorar isso. E a responsabilidade da gestão econômica é dele. Se não sabe o que fazer, renuncie
— Flávio Dino ???? (@FlavioDino) May 14, 2020
Fim do lockdown
Neste domingo (17), Dino decretou o fim do lockdown na Ilha de São Luís, após completar 13 dias de isolamento total. A capital foi o primeiro caso do bloqueio no país por conta da pandemia da Covid-19. O objetivo foi reduzir o número de novos casos no novo coronavírus e atingir cerca de 70% a 80% de isolamento social.
Entre as medidas adotadas, estavam a declaração de autorização de trânsito para funcionários de serviços essenciais, rodízio de veículo e controle de acesso a farmácias e supermercados.
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No entanto, medidas de restrições sociais prevalecem. Shoppings, cinemas e academias ainda não podem funcionar. O uso máscara segue sendo obrigatório e as aulas continuam suspensas. No entanto, já não há mais rodízio de veículos, as pessoas não precisam carregar uma autorização para circular em vias públicas e a entrada e saída da Grande Ilha de São Luís está liberada. As regras são válidas até 20 de maio.
“Finalizamos hoje o lockdown na Ilha de São Luís. Medida acertada, por isso, agradeço a colaboração de todos. Juntos, estamos salvando centenas de vidas”, escreveu o governador em sua conta no Twitter neste domingo (17).
Finalizamos hoje o lockdown na Ilha de São Luís. Medida acertada, por isso agradeço a colaboração de todos. Juntos, estamos salvando centenas de vidas. Enalteço o trabalho das nossas equipes e das 4 prefeituras dos municípios da Ilha, na execução da ordem judicial.
— Flávio Dino ???? (@FlavioDino) May 17, 2020
Em artigo, o governo Flávio Dino (PCdoB) escreveu no site do estado, também neste domingo (17):
“O objetivo é que a população permaneça em casa ao máximo possível, mantendo-se funcionamento apenas de atividades e serviços essenciais. Com isso, menos pessoas são expostas ao contato com outras, evita-se formação de aglomerações, são reduzidas as chances de contaminação e a necessidade de atendimentos hospitalares. Se realizado adequadamente, com grande adesão, como o que temos registrado na Ilha de São Luís, o resultado é o tão desejado achatamento da curva, isto é, menos pessoas precisando de leitos hospitalares ao mesmo tempo, de modo que o Sistema de Saúde consiga atender toda a demanda, permitindo atendimento a todos os pacientes que precisem”.
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O estado do Maranhão tem 13 238 casos registados, 3 280 suspeitos e 576 óbitos, de acordo com a última atualização do estado, em 17.mai.2020, às 22h25. Até o momento, o Maranhão contabiliza 25 338 testes para o diagnóstico do novo coronavírus. Dados do último senso de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBGE) indicam uma população estimada de 7 milhões pessoas no estado.
Já em todo o país, dados do governo federal atualizados neste domingo (17) indicam 241 080 casos confirmados de Covid-19, ultrapassando Itália e a Espanha no número de casos confirmados do novo coronavírus. Segundo a Johns Hopkins, a Itália registrou 225 435, enquanto a Espanha, 230 698 casos confirmados.
O Brasil segue como o 4º país no número de casos e 6º no número de mortes no mundo, com 16 198 mortos registrados pela pandemia. Só nas últimas 24 horas foram contablizados 7 938 novos casos em todo o país.