Sul tem maior proporção de alunos em escolas filantrópicas e confessionais
Atualmente, Fundeb atende instituições sem fins lucrativos apenas na educação infantil, educação especial e educação do campo
A regulamentação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), em discussão no Congresso Nacional, prevê o repasse de recursos para escolas de ensino fundamental e médio mantidas por instituições filantrópicas, confessionais ou comunitárias. Essa medida, proposta na votação do texto na Câmara dos Deputados, enfrenta resistência no Senado e por parte de especialistas em educação.
Levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação a pedido da CNN mostra que os três estados da região Sul são os que têm maior proporção de alunos em escolas filantrópicas, comunitárias ou religiosas nos ensinos fundamental e médio, que são o maior contingente de estudantes atendidos pelo Fundeb.
Leia também:
O que é o Fundeb e o que está sendo discutido no Congresso?
Câmara aprova texto-base de projeto que regulamenta novo Fundeb
Sem Fundeb, professor pode ficar sem receber, diz líder do Todos pela Educação
Em outras palavras, as redes públicas de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, nessa ordem, são as que têm potencialmente as maiores perdas imediatas de recursos, se os senadores mantiverem a regra criada pelos deputados, ainda que limitada a 10% das matrículas.
Pelo levantamento, feito com base em dados de 2019, a média entre as unidades da federação é de 2,2% dos alunos dos ensinos fundamental e médio matriculados nos três tipos de instituições de ensino incluídos pelos deputados nos repasses do Fundeb. No Rio Grande do Sul, esse percentual é três vezes maior, reflexo da tradição do estado em escolas vinculadas a ordens religiosas. Ao todo, 11 estados têm índice superior a essa média.
Na outra ponta da lista, estão Acre e Pará, com 0,9% dos alunos do fundamental e médio em escolas filantrópicas, confessionais ou comunitárias.
Destaques do CNN Brasil Business:
Inflação faz juro ficar negativo e ter pior rendimento do milênio – e vai piorar
10 ideias de presente para melhorar a vida de quem está em home office
32% dos brasileiros conseguiram economizar em 2020, diz pesquisa da CNI
A diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, chama a atenção também para o potencial de recursos que já deixariam de ser investidos na rede pública – R$ 3,4 bilhões pela atual proporção de alunos matriculados, com possibilidade de chegar a R$ 12,8 bilhões anuais.
“São verbas que fazem falta para a rede pública, ainda mais nos estados mais pobres, em que haverá perda justamente para as escolas públicas com investimento por aluno menor”, diz Priscila Cruz.
Atualmente, o Fundeb atende instituições sem fins lucrativos apenas na educação infantil, educação especial e educação do campo.