Censo é ‘bússola’ para traçar políticas públicas, diz representante de prefeitos
Censo demográfico, realizado pelo IBGE, foi cancelado por falta de recursos. Frente Nacional de Prefeitos espera que governo remaneje verbas para a realização
O Censo demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi suspenso em 2021 por falta de recursos no orçamento. O levantamento é feito a cada dez anos e tem o objetivo de traçar um retrato abrangente do país a partir de dados da população.
À CNN, o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), definiu o Censo como o momento em que o país consegue visualizar o que ele próprio tem e produziu. “O Censo localiza as pessoas, as raças, o desemprego. Ele faz um diagnóstico profundo do Brasil em uma coleta de dados mais próxima possível da realidade”.
Edvaldo ressaltou que o Censo tem uma importância crucial para a definição de políticas públicas, já que é possível, a partir da coleta de dados domiciliar e em todo o território brasileiro, entender de que maneira a pobreza se expressa em diferentes locais, onde estão os jovens e adolescentes, onde se concentram os idosos, como está a mortalidade infantil e de que regiões estão mais ou menos avançadas.
“Tudo isso permite que os governos, sejam eles municipais, estaduais ou o governo federal, possam traçar as políticas públicas com dados científicos, porque, se não for o Censo, vira achismo”, diz.
Segundo o presidente da FNP, o Censo também traz um impacto para a vacinação e, por isso, seria de extrema necessidade para orientar a campanha contra a Covid-19. “Neste momento, nós não temos uma precisão de quantos pacientes têm entre 80 e 90 anos, o mesmo acontece nas outras faixas etárias. Trabalhamos com uma projeção, enquanto Censo nos daria de forma precisa dados para o nosso real planejamento”, afirma.
Ele explica que até mesmo a necessidade ou não da construção de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) é definida a partir de dados que trazem números reais e características de uma comunidade local. “A partir daquela quantidade de pessoas, sabemos que precisamos de uma UBS. O Censo é uma bússola e é fundamenteal para qualquer gestor”.
Edvaldo Nogueira (PDT) teme que a falta do Censo possa impactar a vacinação contra a Covid-19. “Já é uma ideia corrente entre os epidemmiologistas de que talvez pecisemos de vacinação contra o coronavírus anualmente, então é preciso saber quantas pessoas existem em cada faixa etária, inclusive para a gente calcular a força de trabalho”.
Ele também enfatiza a necessidade de compreender as previsões das previdências a nível nacional e municipal.
Edvaldo acredita que o governo federal poderá remanejar recursos para que cubra o déficit orçamentário em algumas áreas. “Se o Censo for prioridade, existe fórmulas efetivas e eficazes para remanejar recursos para que possa ser feito ainda este ano ou no próximo”.
“Eu acho que é a primeira vez na história do nosso país, pelo menos na história recente – quando foi estabelecido o Censo – que vamos deixar de fazer. O mundo inteiro faz Censo e é uma ferramenta fundamental para a gente enxergar o presente e traçar o futuro de cada cidade, estado e país”, conclui.