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    No Maracanã, Palmeiras e Santos decidem a Libertadores em final nostálgica

    Clubes se enfrentam em um duelo marcado historicamente, acima de tudo, pela nostalgia e a excelência técnica

    Luiz Raatz, da CNN em São Paulo



     

    A Academia de Futebol e os Meninos da Vila entram em campo neste sábado (30) no maior estádio do mundo para a primeira final brasileira da Libertadores em 14 anos. Palmeiras e Santos, também chamado de “O Clássico da Saudade”, se enfrentam em um duelo marcado historicamente, acima de tudo, pela nostalgia e a excelência técnica.

    Na era de ouro do futebol brasileiro, entre o fim dos anos 1950 e o início dos anos 1970, o Santos de Pelé e a Academia de Ademir da Guia protagonizaram duelos históricos pela supremacia dos gramados da época. Ficou famoso, por exemplo, o confronto entre as duas equipes pelo Torneio Rio-SP de 1958. O placar? 7 a 6 para o Alvinegro da Vila Belmiro. Os mais velhos contam que o jogo chegou a provocar cinco infartos em meio às viradas sensacionais de placar.

     Naquela partida, um menino que se consagraria naquele ano na Suécia como o maior camisa 10 da história já deixaria sua marca. Pelé liderou os santistas para uma virada acachapante no primeiro tempo. Após sofrer o primeiro gol palestrino, o Peixe foi para o intervalo com uma vantagem de 5 a 2.

    O Pacaembu abrigava mais de 40 mil torcedores naquela partida. Indignados com a derrota parcial, os palmeirenses voltaram para o segundo tempo dispostos a equilibrar o jogo. Deu certo. O Palmeiras virou para 6 a 5.

    Os verdes só não contavam com um ponta esquerda. José Macia, o Pepe, segundo maior artilheiro do clube, que hoje estará no Maracanã numa justa homenagem, ao lado do palestrino Evair. Com mais dois gols, ele decretou a vitória santista por 7 a 6. 

    Taça da Libertadores aos pés do Cristo Redentor
    Taça da Libertadores aos pés do Cristo Redentor
    Foto: Instagram Conmebol/Reprodução

    Rivais nos anos de ouro

    Seria o início de uma rivalidade marcada pela excelência técnica. O Santos conquistaria o mundo nos anos 60. Só no Paulistão, um dos torneios mais fortes da época, seriam seis títulos, contra três do Palmeiras. O Peixe ainda levaria cinco Taças Brasil, o embrião do Campeonato Brasileiro, que, anos mais tarde, seria reconhecido pela CBF como título nacional. 

    A Primeira Academia palestrina conquistaria, na mesma época, duas Taças Brasil e dois torneios Roberto Gomes Pedrosa, outro protótipo do Brasileiro também reconhecido pela CBF como título nacional.

    Mas talvez o simbolismo maior da nostalgia nesta final de Libertadores, ainda que vazia pela pandemia, seja o Estádio Mário Filho. Foi ali que o Santos conquistou o Mundial de Clubes de 1963, contra o Milan. 

    Foi também no Maracanã, que um ano após a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950, o Palmeiras venceu a Copa Rio de 1951, diante da Juventus da Itália, título considerado pelo clube e pelos palmeirenses como um campeonato mundial.

    Fim do domínio e as filas

    O Palmeiras dos anos 1960 era um dos poucos times a bater de frente com o Santos. O auge alviverde ainda se prolongaria um pouco mais, com Dudu e Ademir da Guia comandando a Segunda Academia, nos anos do bicampeonato brasileiro de 1972/73. 

    A partir de 1976, o clube amargaria uma fila de 17 anos sem título, que só acabaria com o título paulista de 1993, com a vitória sobre o Corinthians. Era ponto de partida da era Parmalat, que culminaria com o primeiro título da Libertadores do Palmeiras, em 1999.

    Com a saída de Pelé, em 1974, o Santos também não foi mais o mesmo. Os títulos rarearam, mas o clube ainda teve a geração dos primeiros meninos da Vila, com Pita e Juari, no final dos anos 1970, com um bom time e um bom futebol. E, assim como o rival, o time do litoral também amargaria uma fila nos últimos anos do século XX: foram 18 anos sem título, entre 1984 e 2002.

     O começo do século XXI foi diferente para alviverdes e santistas. Enquanto o Peixe saía da fila graças à geração de Diego e Robinho, que conquistaria dois brasileiros, os palestrinos penaram.  Foram dois rebaixamentos, em 2002 e 2012.

    No mesmo período, apenas dois títulos: um paulista e uma Copa do Brasil. Nessa  época, o Santos desfrutava do talento de Neymar, que lhe renderia a hegemonia regional em São Paulo, além de uma Copa do Brasil e o tri da América, em 2011.

    A nova rivalidade

    A história dos dois times, no entanto, voltaria a se cruzar em 2014. No ano de seu centenário, o Palmeiras corria o risco de um terceiro rebaixamento. Na última rodada, um empate com o Atlético Paranaense e uma derrota do Vitória da Bahia para o Santos selariam a permanência palestrina na Série A. Então, a rivalidade renasceu. 

    No ano seguinte, foram duas finais. Ambas nos pênaltis. Na primeira, no Campeonato Paulista, deu Santos. Na segunda deu Palmeiras. A partir de então, ambos voltariam ao protagonismo. O Palmeiras foi bicampeão brasileiro. O Santos, já dominante nos estaduais desde o início da década, voltaria a brigar pelo título nacional. 

    Esta tarde, sob a benção divina de Pelé e Ademir, os rivais da saudade tentam conquistar a América.

    Ficha técnica:

    Palmeiras x Santos
    Maracanã, 17h

    Escalações prováveis:

    Santos

    John; Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison, Diego Pituca e Lucas Braga; Marinho, Kaio Jorge e Soteldo. Técnico: Cuca

    Palmeiras

    Weverton, Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Viña; Danilo, Gabriel Menino e Raphael Veiga; Rony, Luiz Adriano e William

    Árbitro: Patrício Lousteau (ARG)
    Auxiliares: Ezequiel Brailovski e Diego Bonfa (ARG)
    VAR: Mauro Vigliano

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