Finais de Libertadores e da Sul-Americana deste ano serão em Montevidéu
Governo uruguaio intermediou doação de 50 mil doses da Sinovac para imunização de futebol sul-americano
A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) anunciou nesta sexta-feira que o estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, será sede das finais deste ano da Libertadores e da Copa Sul-Americana. A decisão da Sul-Americana está marcada para um sábado, dia 6 de novembro. Já a Libertadores tem seu jogo decisivo em outro sábado, dia 20 do mesmo mês.
Desde que decidiu realizar as finais das competições sul-americanas de clubes em jogo único, é a primeira vez que a Conmebol concede tal honraria a um só país no mesmo ano. Na edição de 2020, por exemplo, o Maracanã foi a sede da decisão Libertadores, entre Palmeiras e Santos, enquanto o palco da final da Copa Sul-Americana foi Córdoba, na Argentina.
O estádio Centenário é de fato quase centenário. Foi erguido entre 1928 e 1930 para ser sede da final da primeira edição da Copa do Mundo da Fifa. É considerada uma arena defasada, mas passará por reformas para adequar o espaço às atuais exigências para esses eventos. A Conmebol irá financiar ao menos parte da obra.
O curioso é que o estádio uruguaio não estava nem entre as arenas finalistas para receber a final da Libertadores e da Sul-Americana. Em lista de locais que seriam vistoriados, divulgada pela Conmebol em fevereiro, o Centenário era candidato apenas para a decisão da Libertadores de 2022.
Do Brasil, o Morumbi e o Beira-Rio estavam na disputa pela final da Libertadores 2021. O estádio do Internacional também postulava a decisão da Sul-Americana deste ano, concorrendo com Mané Garrincha, Castelão e Arena Pernambuco. O estádio de Brasília abocanhou a sede da final da Copa Sul-Americana de 2022. Já Guayaquil será o local da decisão da Libertadores do ano que vem.
Vacinação
A Conmebol justificou o atual momento vivido pelo Uruguai para a opção por sede única: “Devido às circunstâncias excepcionais causadas pela pandemia de Covid-19 e procurando as melhores condições sanitárias possíveis, o Conselho adotou a decisão tendo em conta principalmente a situação da epidemia projetada para novembro [data das finais]. Nesse sentido, o Uruguai planeja vacinar um alto percentual de sua população até julho, o que colocaria este país entre os mais seguros do continente nas datas previstas para as finais.”
No atual momento, segundo o site Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, na Inglaterra, o Uruguai é um dos países mais adiantados na vacinação. Já foi totalmente imunizada 25,4% da população. Os uruguaios, no entanto, não são o país mais adiantado do continente nesse quesito. O Chile lidera a classificação, com 38,5% do povo já tendo recebido as duas doses. O Brasil, por outro lado, conta com apenas 7,5% da população totalmente imunizada, segundo o Our World in Data.
Apoio uruguaio
Se não é o país sul-americano mais adiantado na vacinação, o Uruguai é quem mais atuou próximo à Conmebol nos últimos meses. A escolha do estádio Centenário acontece menos de um mês depois de a Conmebol anunciar a doação de 50 mil doses de vacina contra a Covid-19 feitas pela chinesa Sinovac Biotech.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, foi quem intermediou a vinda dos imunizantes para o futebol sul-americano. O carregamento chegou ao Uruguai no dia 28 de abril, antes de parte do material ser enviado à entidade, que tem sede no Paraguai. Parte dos imunizantes ficou no Uruguai, onde também houve vacinação de atletas.
Lacalle Pou recebeu agradecimento público do paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, através de suas redes sociais tão logo a vacina chegou à América do Sul. “Diante de tão boas notícias, não posso deixar de lembrar e agradecer ao presidente Luiz Lacalle Pou, sem cuja colaboração não teríamos tido acesso à empresa Sinovac Biotech Ltd”, afirmou o dirigente.
Com as 50 mil doses de vacina, a Conmebol está vacinando jogadores, membros de comissão técnica e arbitragem de times envolvidos nas competições sul-americanas. A meta é vacinar todas as seleções que irão disputar a Copa América, que será na Colômbia e Argentina, a partir do mês que vem.
No Brasil, a medida causou muita polêmica, pelo fato de jogadores profissionais não estarem entre os grupos prioritários de vacinação. Atletas do Atlético-GO já receberam a primeira dose da vacina, quando o time foi jogar no Paraguai. No entanto, Santos, Grêmio e Fluminense já se manifestaram contra a iniciativa.