‘Negros estão assustados nos EUA’, diz LeBron James após caso no Wisconsin
Estrela da NBA disse que caso de Jacob Blake, baleado 7 vezes pelas costas por policial branco, deixa homens, mulheres e crianças negras do país apavorados
O astro da NBA LeBron James afirmou que “suas emoções estão confusas” depois de Jacob Blake, um homem negro do estado de Wisconsin, ser baleado pelas costas por policiais brancos.
Imagens do caso, registrado no domingo (23) na cidade de Kenosha, foram publicadas nas redes sociais e LeBron – um apoiador do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) – comentou o caso depois da vitória do Los Angeles Lakers contra o Portland Trail Blazers.
“Se você está sentado aqui me dizendo que não havia como subjugar aquele homem, ou detê-lo, antes de atirar, então você está mentindo não só para mim, você está mentindo a todos os afro-americanos, a todos os negros da comunidade, porque vemos isso continuamente “, disse LeBron aos repórteres.
“Se você assistir ao vídeo, houve vários momentos em que, se eles quisessem, poderiam tê-lo derrubado, poderiam tê-lo agarrado. Eles poderiam ter feito isso. Por que sempre tem que chegar a um ponto em que vemos armas sendo disparadas?”, questionou.
“E a família dele está lá. As crianças estão lá. É em plena luz do dia… É só, francamente, é uma bagunça com nossa comunidade.”
Assista e leia também:
Jogadores da NBA protestam contra injustiça racial na retomada da liga
Estas são as imagens de George Floyd que você deveria ver
Caso Jacob Blake: Wisconsin convoca Guarda Nacional em meio a protestos
Blake está estável em uma unidade de terapia intensiva após ser baleado. Os dois policiais de Kenosha envolvidos no caso foram colocados em licença administrativa e o sindicato da polícia pediu que não sejam feitos pré-julgamentos até que “todos os fatos sejam conhecidos”.
No entanto, houve protestos em Kenosha e em várias outras cidades dos Estados Unidos após o caso.
Na segunda-feira, manifestantes se reuniram em frente o tribunal da cidade e encararam os policiais que usavam equipamento antimotim. Um veículo blindado também estava no local e a polícia jogou gás lacrimogêneo nos manifestantes.
“Eu sei que as pessoas se cansam de me ouvir dizer isso, mas nós temos, enquanto negros, nos Estados Unidos”, continuou LeBron.
“Homens negros, mulheres negras, crianças negras, estão todos apavorados. Porque você não sabe, você não tem ideia. Você não tem ideia do [tipo de] policial que está nas ruas. Você não sabe se ele acordou de bom humor ou se acordou de mau humor.”
‘Uso minha voz’
LeBron disse que seu jogo na segunda-feira (24) foi planejado como uma celebração a Kobe Bryant, grande ídolo dos Lakers que morreu no início deste ano.
O domingo (23) marcou o aniversário de Kobe e a segunda foi o “dia de Kobe Bryant” – no dia 24/8, uma homenagem aos números 8 e 24 que ele usou ao longo de sua carreira na NBA. Mas LeBron disse que o caso de Blake “bagunçou suas emoções”.
“Ainda tenho um trabalho a fazer, por isso estou aqui. Porque estou comprometido. E quando me comprometo com algo, sinto que tenho que cumprir, e como sou”, disse.
“Mas isso não significa que eu não vejo o que está acontecendo e não vou dizer nada ou continuar a usar minha plataforma e continuar a usar minha voz e continuar a elevar todos os outros atletas para que eles saibam que podem dizer e fazer o que é certo e não temer as opiniões das outras pessoas.”
O Lakers lidera a série de jogos contra o Blazers por 3 a 1 na primeira rodada dos playoffs em Orlando, onde os dois times se enfrentam novamente na quarta-feira (26). LeBron, que tenta ganhar seu primeiro título da NBA desde 2016, marcou 30 pontos na vitória de segunda-feira.
A NBA tem procurado conscientizar sobre a justiça social e o racismo nos Estados Unidos desde o reinício da temporada, principalmente após as mortes de George Floyd e Breonna Taylor neste ano.
Os jogadores se ajoelharam durante o hino dos EUA e vestiram camisetas do Black Lives Matter ou com a palavra “igualdade” nas costas. Também há inscrições em apoio ao Black Lives Matter também nas quadras.
Assista e leia também:
Advogado da família de George Floyd defenderá homem negro baleado no Wisconsin
Jogadores da NBA passarão três meses em ‘bolha’, longe de família e amigos
Como a corrida para MVP da NBA é a prova do sucesso da globalização da liga
‘Este mundo tem que mudar’
Outros jogadores também se manifestaram depois de Blake ser baleado pela polícia. “Acho que este mundo tem que mudar”, disse George Hill, do Milwaukee Bucks.
“Acho que nossos departamentos de polícia precisam mudar. Nós, como sociedade, precisamos mudar. Neste momento, não estamos vendo nada disso. Vidas estão sendo tiradas enquanto falamos, todos os dias. Não há consequências ou responsabilizações e isso precisa mudar”, completou.
O Bucks também lidera seus confrontos contra o Orlando Magic por 3 a 1. Hill e outros jogadores, como Khris Middleton, decidiram comentar o caso.
“Acho que é por isso que temos tantas pessoas indignadas com o país”, disse Middleton. “As pessoas estão começando a ver porque os negros, as pessoas de cor, têm tanto medo da polícia. Porque a qualquer momento, não importa que tipo de posição, e não importa o que eles fizeram – certo ou errado – o primeiro ato deles [policiais] é atirar em nós. Eu acho que é uma situação muito assustadora porque eles deveriam nos proteger.”
The Bucks também divulgou um comunicado dizendo que a organização está “orando pela recuperação de Jacob Blake”.
“Nossos corações estão com sua família e amigos. Nos posicionamos firmemente contra os problemas recorrentes de uso excessivo da força e escalada imediata ao envolver a comunidade negra”, disse o clube.
“Nossa organização continuará a defender todas as vidas dos negros e exigimos responsabilidade e mudança sistêmica em nome de George Floyd, Breonna Taylor, Sylville Smith, Ernest Lacy, Dontre Hamilton, Tony Robinson, Joel Acevedo e inúmeras outras vítimas. Vamos trabalhar para aprovar mudanças nas políticas para que esses incidentes não aconteçam mais.”
(Texto traduzido, clique aqui para ler o origina em inglês)