Protestos de 2013 colocaram Copa de 2014 em risco, afirma ex-ministro do Esporte
Em entrevista exclusiva para o Séries Originais, da CNN, Aldo Rebelo contou os tensos bastidores do momento em que o Brasil atravessava os protestos de 2013
“A Copa do Mundo subiu no telhado. É preciso que se faça alguma coisa.” Foi com essas palavras que Aldo Rebelo, então ministro do Esporte, alertou a então presidente Dilma Rousseff de que a realização da Copa do Mundo no Brasil estava em risco.
Em entrevista exclusiva para o terceiro episódio da série documental Além das quatro linhas, transmitido neste domingo (26) no programa Séries Originais, da CNN, Rebelo contou os tensos bastidores dos preparativos para a Copa de 2014 no momento em que o Brasil atravessava a maior onda de manifestações em anos.
Era junho de 2013, e o país estava em ebulição. Milhões de pessoas protestavam nas ruas contra a classe política. A polícia tentava controlar a multidão com bombas de gás e balas de borracha. Dilma viu a sua popularidade despencar em menos de um mês.
Em meio a esse cenário caótico, o Brasil sediava a Copa das Confederações — uma espécie de evento-teste, realizado em países que recebem a Copa do Mundo. Não demorou para os protestos baterem às portas dos estádios, o que assustou os dirigentes da Fifa. O presidente da entidade na época, o suíço Joseph Blatter, teria cogitado interromper a Copa das Confederações.
“Esse risco aconteceu. Eu recebi um telefonema de um assessor meu no Rio de Janeiro, dizendo que recebeu uma ligação do secretário-geral da FIFA, informando que o presidente Joseph Blatter o teria orientado a embarcar as seleções e encerrar a Copa das Confederações. Eu disse: se a Copa das Confederações no Brasil chegar ao fim, a Copa do Mundo vai ser cancelada”, lembra Aldo Rebelo.
Obras inacabadas
A Copa do Mundo de 2014 aconteceu e, com ela, veio o fatídico 7 a 1. Mas a derrota humilhante da seleção brasileira para a Alemanha, na semifinal, não foi o único vexame do evento.
Houve denúncias de superfaturamento na construção dos estádios e nas obras de infraestrutura da Copa. Até hoje, 37% das obras não foram concluídas ou sequer saíram do papel, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).
“Hoje, um relatório do TCU aponta que, de 38 mil contratos avaliados, 14 mil estão paralisados. A realidade das obras da Copa reflete exatamente esse certo show de horrores que nós vivenciamos na área de infraestrutura do nosso país. Planejamento equivocado, consequentemente empreendimentos que não são entregues e não prestam o serviço para a sociedade, não atingem a finalidade pública que, de fato, deveriam”, afirma o coordenador-geral de controle externo de infraestrutura do TCU, Nicola da Costa Khoury.
*da DOC. Films, especial para a CNN Brasil