Presidente da Fifa diz que mulheres devem convencer homens sobre igualdade no futebol
Gianni Infantino fez nesta sexta-feira (18) um balanço do Mundial antes da final entre Espanha e Inglaterra no domingo (20)
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse nesta sexta-feira (18) que as mulheres devem “escolher as batalhas certas” para “nos convencer, homens, do que temos que fazer” sobre questões de igualdade no futebol.
Em entrevista coletiva antes da final da Copa do Mundo Feminina entre Inglaterra e Espanha, que jogam no domingo (20), Infantino também abordou a disparidade de valores de premiação entre homens e mulheres em seus respectivos Mundiais.
As jogadoras ganharão no torneio deste ano, em média, apenas 25 centavos para cada dólar ganho pelos homens na Copa do Mundo do ano passado, no Catar. O levantamento é da CNN. No entanto, isso é uma melhoria: na última Copa feminina, em 2019, essa relação era de menos de oito centavos para um dólar, segundo dados fornecidos pela Fifa e pelo sindicato global de jogadores, o FIFPro.
“Digo a todas as mulheres — e vocês sabem que tenho quatro filhas, então tenho algumas em casa — que vocês têm o poder de mudar”, disse Infantino.
“Escolha as batalhas certas, escolha as lutas certas. Vocês têm o poder de nos convencer, homens, do que devemos e do que não devemos fazer. Comigo e com a Fifa, vocês encontrarão portas abertas. Basta empurrar as portas, elas estão abertas. E faça-o também a nível nacional em cada país, a nível continental, em cada confederação. Apenas continue pressionando, mantenha o ritmo, continue sonhando e vamos realmente buscar a igualdade total.”
“Slogan que aparece de vez em quando”
A Fifa anunciou em junho que, pela primeira vez, cerca de US$ 49 milhões (R$ 243 milhões) do recorde de US$ 110 milhões (R$ 548 milhões) em prêmios da Copa do Mundo Feminina irão diretamente para as jogadoras — pelo menos US$ 30.000 (R$ 149 mil) cada para participante e US$ 270.000 (R$ 1,3 milhão) para cada campeã. O restante do pote será dividido entre as federações nacionais, que decidirão como (e se) vão realocar esse dinheiro.
Além do prêmio, a Fifa se comprometeu a pagar US$ 42 milhões (R$ 208 milhões) às federações e clubes para os preparativos da Copa do Mundo Feminina.
Infantino descreveu a igualdade salarial no Mundial como um “slogan que surge de vez em quando”.
“Já estamos indo nessa direção. Mas isso não resolveria nada. Pode ser um símbolo, mas não vai resolver nada porque [uma Copa do Mundo é realizada] um mês a cada quatro anos, e são alguns jogadores dos milhares e milhares de jogadores [que participam]”.
No ano passado, a Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF), a Associação de Jogadoras da Seleção Feminina dos Estados Unidos (USWNTPA) e a Associação de Jogadores da Seleção Nacional de Futebol dos Estados Unidos (USNSTPA) concordaram em um acordo que alcança “pagamento igualitário e define o padrão global em movimento no futebol internacional.”
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Em 2023, tivemos uma campeã inédita. Em sua terceira participação em Copas, a Espanha superou a Inglaterra no Estádio Olímpico de Sydney, em vitória por 1 a 0. • Will Murray/Getty Images
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Os Estados Unidos, liderados por Megan Rapinoe, conquistaram o título em 2019, o quarto do país na história dos Mundiais. As norte-americanas superaram a Holanda na decisão do torneio, disputado na França • Fifa/Divulgação
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Em 2015, a seleção dos Estados Unidos interrompeu 16 anos de jejum e conquistou a taça ao bater o Japão na final, por 5 a 2, no Canadá • US Soccer/Divulgação
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No Mundial de 2011, disputado na Alemanha, o Japão se consagrou campeão ao vencer os Estados Unidos na final, nos pênaltis. É até hoje o único título de uma seleção asiática nas Copas do Mundo, sejam masculinas ou femininas • Fifa/Divulgação
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Em 2007, na China, a seleção alemã conquistou o bicampeonato mundial. Na final, a equipe venceu o Brasil, de Marta, por 2 a 0 • Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images
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Na Copa do Mundo de 2003, a Alemanha conquistou o seu primeiro título mundial. A competição, organizada nos Estados Unidos, viu as alemãs vencerem as suecas na decisão • Fifa/Divulgação
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Em 1999, na primeira Copa organizada nos Estados Unidos, as norte-americanas levantaram a taça diante da sua torcida. Na final, bateram a China, nos pênaltis, para conquistar seu segundo título • Fifa/Divulgação
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No segundo Mundial Feminino da história, disputado na Suécia, a Noruega superou a Alemanha na decisão por 2 a 0 para conquistar seu primeiro e único título até hoje • Fifa/Divulgação
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Em 1991, a Fifa organizou a sua primeira Copa do Mundo Feminina da história. Os Estados Unidos ficaram com a taça ao vencer, na final, a seleão norueguesa por 2 a 1. O torneio inaugural foi disputado na China • Fifa/Divulgação
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A federação norte-americana, sob os acordos, se tornará “a primeira Federação no mundo a igualar o prêmio em dinheiro da Copa do Mundo da Fifa” concedido às equipes por participarem das Copas do Mundo. Mas um relatório da FIFPro divulgado em junho constatou que dois terços das jogadoras pesquisadas relataram ter que tirar licença não remunerada de outro emprego para jogar por sua seleção nacional em torneios classificatórios da Copa do Mundo, como o da Concacaf ou a Copa Africana de Nações Feminina.
Quase um terço delas não foi pago por suas seleções durante os últimos 18 meses e, para aquelas que foram pagas, muitas vezes esses pagamentos dependiam da participação e do desempenho, criando instabilidade.
Infantino defendeu o investimento da Fifa no futebol feminino, destacando a edição ampliada de 32 seleções da Copa do Mundo Feminina de 2023 como referência para seu sucesso no crescimento do esporte.
O presidente da Fifa também chamou a Copa do Mundo Feminina de 2023 de “simplesmente a melhor, maior e maior Copa do Mundo Feminina de todos os tempos”.
“Na verdade, esta Copa do Mundo gerou mais de US$ 570 milhões. Em receitas. E assim, empatamos. Não perdemos dinheiro e geramos a segunda maior receita de qualquer esporte, claro, além da Copa do Mundo Masculina no cenário global. Mais de meio bilhão. Não há muitas competições, mesmo no futebol masculino, que gerem mais de meio bilhão.”
(Issy Ronald, Antonio Jarne e Krystina Shveda contribuíram com reportagens)