Dia decisivo da eleição nos EUA começa com os olhos voltados para a Flórida
Estado conhecido pelos parques da Disney e pelo paraíso de compras de Miami será o primeiro resultado decisivo para as eleições americanas a ser conhecido
Mais do que um único pleito, os Estados Unidos veem se encerrar nesta terça-feira (3) cinquenta eleições diferentes, com os estados votando sobre os destinos dos seus delegados no Colégio Eleitoral, que ao final é quem define quem será o próximo presidente do país.
Dessas dezenas de votações, uma dará aos EUA e ao mundo o primeiro grande indicativo de quem leva a Casa Branca, se o presidente Donald Trump será reeleito ou se perderá para o adversário democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden. Trata-se da Flórida.
A principal razão é a velocidade como a Flórida apura os votos, especialmente os que são enviados pelo correio, registrados em volume muito maior do que o tradicional em função da pandemia do novo coronavírus. O estado já iniciou essa contagem e deve dar rapidamente resultados parciais.
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A votação na maior parte do estado acaba por volta das 19h no horário local, 21h no horário de Brasília. O destino desses quase trinta delegados deve ser conhecido ainda nas últimas horas da terça-feira.
No formato americano de Colégio Eleitoral, os estados têm diferentes pesos e seguem diferentes regras para a distribuição dos seus votos. Na populosa Flórida, quem vence leva todos os 29 votos no colegiado para si e consegue uma grande vantagem.
A Flórida é o estado mais ao sul da porção continental dos EUA, com vários elementos que remetem aos países latinos, como o clima mais quente e o fato de ter sido inicialmente uma colônia espanhola. Para os brasileiros, o estado também é muito conhecido por sediar os parques da Disney, que ficam em Orlando, e o paraíso de compras de Miami.
Além do Colégio Eleitoral, o resultado lá também vai indicar a tendência de alguns segmentos decisivos do eleitorado, especialmente os hispânicos, cuja importância para o resultado no pleito dos Estados Unidos é maior a cada eleição.
Contagem
Como o democrata Joe Biden é favorito na também populosa Califórnia (55 delegados), essencialmente democrata, uma vitória na Flórida dá contornos de favoritismo para a sua candidatura, apesar de matematicamente Donald Trump ainda poder virar.
O atual presidente e candidato republicano à reeleição venceu no estado em 2016, mas a média das pesquisas apurada pela CNN indica um favoritismo estreito para Joe Biden, que aparece com 48%, contra 46% de Donald Trump.
Como observou o analista da CNN Lourival Sant’Anna, se perder a Flórida (29) e o relativamente pequeno Iowa (6), Trump precisaria vencer em todos os outros estados que ganhou na última eleição para repetir o feito de quatro anos atrás.
Vence quem obtiver 270 votos no Colégio Eleitoral. Em 2016, Trump foi eleito com 306. Sem a Flórida e o Iowa, o presidente teria 271. Mais um deslize e o republicano perde.
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Único instituto a prever a vitória de Donald Trump quatros anos atrás, e que também está praticamente sozinho na crença de que o presidente se reelegerá, o Trafalgar Group também aposta que a Flórida será decisiva. O instituto, no entanto, projeta uma vantagem para Trump no estado (49,6% a 46,9%).
Estados-chave
Além da Flórida, há um grande peso para os resultados que serão divulgados por três estados que são tradicionalmente democratas, mas que pavimentaram a vitória republicana em 2016. São eles a Pensilvânia (20), o Michigan (16) e o Wisconsin (10) — que, juntos, somam 46 votos no Colégio Eleitoral.
Segundo as médias apuradas pela CNN, o democrata tem 50% das intenções de voto na Pensilvânia, 51% no Michigan e 52% em Wisconsin. Trump, respectivamente, aparece com 44%, 42% e 42% nos três estados.
O Trafalgar também leva em consideração, na sua projeção de reeleição, que o atual presidente esteja na frente no Michigan e na Pensilvânia, assim como em outros dois estados que podem impactar diretamente, o Arizona e a Carolina do Norte.
Recordar é viver
A última vez que um candidato a presidente ganhou na Flórida mas perdeu a eleição foi em 1992, quando o presidente George H. W. Bush, que também disputava a reeleição, se viu derrotado pelo democrata Bill Clinton mesmo tendo vencido.
Mas foi George W. Bush, o Bush filho, quem protagonizou um episódio tão polêmico quanto clássico de crise nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Nas eleições de 2000, a disputa entre ele e o democrata Al Gore se arrastou por semanas e só foi encerrada com uma decisão da Suprema Corte que ratificou a contagem favorável ao candidato republicano.
Por uma diferença oficial de apenas 537 votos, em um total de quase 6 milhões, George W. Bush conquistou os delegados do estado e foi eleito presidente dos Estados Unidos. Ele voltaria a vencer no estado em 2004, assim como os presidentes eleitos na sequência, Barack Obama (2008 e 2012) e o próprio Trump em 2016.