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    Instituto que acertou em 2016 prevê vitória de Trump

    Nas pesquisas do Trafalgar Group, as entrevistas são curtas e procuram identificar possíveis contradições dos entrevistados

    Lourival Sant'Annada CNN

     

     A consultoria Trafalgar Group, único instituto de pesquisas independente que previu a vitória de Donald Trump em 2016, afirma que o presidente vai se reeleger nessa terça-feira. Mais uma vez, a previsão contradiz a de todos os outros institutos independentes. 

    O Trafalgar também acertou o resultado das eleições de 2018, quando os democratas recuperaram a maioria na Câmara dos Deputados, e a vitória do governador republicano Ron de Santis na Flórida no ano passado, entre outras votações. 

    O que tem diferenciado o Trafalgar dos outros institutos é a capacidade de corrigir o chamado “viés de desejabilidade social”. O complicado jargão se refere a algo muito simples e humano: os entrevistados têm receio de serem mal vistos pelos pesquisadores e de serem expostos nas redes sociais expressando uma opinião socialmente reprovável.

    Robert Cahaly, o dono da consultoria, dá um exemplo. Se uma avó diz que o neto dela é bonito, você não responde que ela está enganada, que ele tem uma aparência estranha ou doentia. Trump tem sido apresentado pela imprensa, à qual a população associa os pesquisadores, como um líder racista, entre outros atributos repreensíveis. Muitos entrevistados temem as consequências de confessar que votarão nele, argumenta Cahaly.

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    Donald Trump

    Ele desenvolveu um método para corrigir esse viés. Suas entrevistas são curtas. Apenas cidadãos muito politizados aceitam responder a longos questionários, o que desvia o resultado da pesquisa, diz ele. Mesmo sendo poucas, as perguntas procuram identificar possíveis contradições: preferências do entrevistado em outras áreas, como programas de rádio e TV, que não batem com a escolha alegada de um candidato ou partido.

    Cahaly é cauteloso também em não tirar conclusões apressadas sobre filiação partidária. Ele demonstra um conhecimento detalhado das leis e hábitos nos estados. Diz que muitos eleitores em alguns estados participam das primárias do partido ao qual estão filiados e na eleição votam no candidato do partido rival. 

    Isso coloca em dúvida a relevância dos dados sobre filiação partidária dos eleitores que estão votando antecipadamente. Por exemplo, na Pensilvânia, dos eleitores com filiação partidária que haviam votado até esse sábado (31), 1,5 milhão são do Partido Democrata e 500 mil do Republicano. 

    Essa visão detalhada das realidades estaduais representou uma vantagem competitiva para o Trafalgar em 2016, quando ele previu corretamente as decisivas vitórias de Trump na Flórida, Pensilvânia e Michigan, enquanto Hillary Clinton figurava na frente, ainda que dentro da margem de erro, nas pesquisas dos outros institutos.

    Cahaly afasta as acusações de que ele estaria em favor do Partido Republicano, lembrando que ele também já foi contra a corrente prevendo vitórias democratas em outras eleições. Ele argumenta que trabalha para seus clientes, que incluem empresas privadas, e tem que acertar em suas previsões.

    Os outros institutos de pesquisas independentes acertaram a vitória de Hillary na votação nacional mas erraram em alguns estados. Agora eles afirmam que estão investindo mais nas eleições estaduais e que corrigiram os pesos ponderados de fatias do eleitorado que votaram mais em Trump em 2016, como nas zonas rurais e os homens brancos sem diploma superior. 

    “Essa tese do eleitor tímido é bem controversa”, me disse o analista Christopher Garman, diretor para as Américas do Grupo Eurasia, de Washington. “A conclusão na indústria de pesquisa de opinião é que o erro de 2016 não foi pelo eleitor tímido, mas que ponderaram mal o voto branco sem educação superior nos estados. Eles podem errar por novas razões, como comparecimento.”

    Ninguém é infalível. Na eleição para o governo da Geórgia, em 2018, o Trafalgar previu a vitória do republicano Brian Kemp por 12 pontos. Ele acabou vencendo por 1,5 ponto. Mas venceu.

    Agora, o Trafalgar prevê vitórias apertadas de Trump em estados onde ele figura atrás de Biden, dentro ou fora da margem de erro: Flórida (49,6%-46,9%), Arizona (48,9%-46,4%), Michigan (49,1%-46,6%), Pensilvânia (48,4%-47,6%) e Carolina do Norte (48,8%-46,0%).

    Como um lobo solitário, se Cahaly acertar mais uma vez, será consagrado; se errar, massacrado.

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