Nada é mais importante que os empregos
A força de trabalho, a procura e a oferta de empregos formam o elemento comum que transpassa a evolução e as transformações econômicas recentes da capital paulista – entenda-se, os últimos 150 anos, como significativos para os contornos da metrópole.
São Paulo era incipiente até pouco antes da virada para o século 20. Menor que Cuiabá, Porto Alegre, Niterói ou Salvador. No censo de 1872 a população do Rio de Janeiro, capital federal, era quase dez vezes maior que a paulistana.
As análises do desenvolvimento econômico consolidado da metrópole citam duas situações como determinantes: a exploração da mão de obra escrava e o desenvolvimento da produção do café, potencializada pela instalação das primeiras ferrovias e que ligavam o interior paulista ao porto de Santos, passando pela capital. E, na sequência, a industrialização mais intensa, entres os anos 50 e 80, incluindo cidades da Grande São Paulo — que coincide com a diminuição da importância do café.
Nos dois casos, subjacente, há a mão de obra, a força produtiva. O fim da vergonhosa exploração dos escravos e as ondas de imigrantes começam a dar forma à base assalariada e, por consequência, ao mercado de consumo pessoal e familiar. Seja nas fazendas, seja na metrópole. O destino dos primeiros imigrantes era quase sempre o interior paulista. Algumas décadas depois houve inversão com maior busca pela capital, já no período da industrialização.
Com esse fenômeno, ora mais claro, a cidade de São Paulo cresceu, basicamente, por receber milhões de brasileiros das mais diversas procedências: outros estados e interior paulista.
Já como o principal aglomerado urbano nacional, as diversas frentes do setor terciário ganharam ainda mais importância. Lideram a criação de postos de trabalho, alternativa à diminuição da indústria.
Isso ocorreu com mais intensidade nos últimos 40 anos, representou uma nova oportunidade para a capital paulista, já que a área de serviços é grande empregadora, além de intensiva na necessidade de mão de obra.
São Paulo, que cresceu menos segundo o último censo, tem agora o desafio de tornar cada vez mais relevante sua qualidade e variedade em serviços, caminho de preservação dos empregos.
No caso do turismo, em particular, no ano passado tivemos o saldo de 34 mil empregos na cidade (incluindo bares e restaurantes); um crescimento vigoroso, potencializado pela retomada pós pandemia. Este ano segue crescendo – o que é importante já que a base é maior — com mais de 16 mil vagas no primeiro semestre.
Para manter este ciclo é importante que o setor público crie as condições favoráveis e de sua responsabilidade – transportes e segurança, por exemplo — e o meio empresarial saiba desenhar sua oferta de forma a aproveitar o potencial de consumo da cidade e Grande São Paulo, onde moram 10% dos brasileiros. Em particular, devem olhar para a promoção e incentivos para que mais pessoas de outras cidades e estados venham para a capital. O efeito positivo será imediato, já que a base instalada – hotelaria, gastronomia, oferta cultural etc. — está pronta e ávida.
Neste segundo semestre teremos mais de 200 eventos de relevância na cidade. São feiras e congressos, shows e festivais cujo público, somado, bateria em 6,5 milhões de participantes. É como se toda a cidade do Rio de Janeiro viesse para São Paulo até dezembro. Para manter este círculo virtuoso — mais eventos, mais turistas, mais empregos —, o trabalho de captação de montagens inéditas continua. Se para o público vale o show, a torcida e a experiência, e para os empresários a melhor entrega e os lucros, para a cidade o mais importante é a geração dos empregos e o consequente aquecimento da economia com base nas infinitas possibilidades de consumo.
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