Autoridades do Fed não descartam novas altas na taxa de juros, mostra ata
Em documento sobre a reunião de política monetária de julho, Banco Central dos EUA avalia que mais evidências seriam necessárias para que tivessem certeza de que a inflação está claramente em direção à meta de 2%
Autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) temem que a inflação não desacelere ainda mais a menos que a economia e os mercados de trabalho dos EUA também esfriem, de acordo com a ata da reunião de política monetária de julho, divulgada nesta quarta-feira (16).
Isso significa que uma alta de juros em setembro permanece como uma possibilidade, dada a robusta atividade econômica deste verão [no hemisfério norte].
Também está claro que a decisão não virá sem um debate acalorado, já que “alguns” funcionários foram a favor de não aumentar no mês passado, de acordo com a ata, ilustrando o intenso debate entre os membros.
“Os participantes continuaram a ver um período de crescimento abaixo da tendência no PIB real e algum abrandamento nas condições do mercado de trabalho, conforme necessário para trazer a oferta e a demanda agregadas a um melhor equilíbrio e reduzir as pressões inflacionárias o suficiente para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, disse a ata.
As autoridades do Fed votaram por unanimidade para elevar as taxas de juros para uma faixa de 5,25 – 5,5% em julho, o nível mais alto em 22 anos, devido às preocupações de que a inflação ainda não esteja em um caminho sólido o suficiente em direção à meta de 2% do banco central.
Mais aumentos de taxa ainda podem ser necessários
A ata mostrou que as autoridades “observaram a recente redução nas taxas de inflação total e básica”, mas que “enfatizaram que a inflação permanecia inaceitavelmente alta e que mais evidências seriam necessárias para que tivessem certeza de que a inflação estava claramente em direção à meta do Comitê”.
As autoridades do Fed têm a tradição de chegar a decisões unânimes, mas a luta contra a inflação atingiu um ponto crucial em que as decisões não são tão óbvias, o que significa que algumas autoridades podem discordar na reunião de política monetária do mês que vem.
De fato, enquanto algumas autoridades acham que o Fed pode se dar ao luxo de manter as taxas estáveis, outras discordam.
“A inflação ainda está significativamente acima da meta de 2% do Fed”, disse a governadora do Fed, Michelle Bowman, no início deste mês.
“Dados esses desenvolvimentos, apoiei o aumento da taxa de fundos federais em nossa reunião de julho e espero que aumentos adicionais provavelmente sejam necessários para reduzir a inflação para a meta do Fomc.”
As pressões inflacionárias continuam a diminuir, o que ajuda a manter as taxas estáveis em setembro. O Índice de Preços ao Consumidor, um indicador de inflação observado de perto, subiu 3,2% em julho em relação ao ano anterior, acima do aumento anual de 3% em junho e a primeira vez que o IPC aumentou em mais de um ano.
Mas o relatório também mostrou que as pressões subjacentes aos preços, como o núcleo da inflação, continuaram a desacelerar.
Evidências de alívio da inflação
Outros sinais também apontam para uma desaceleração nos aumentos de preços.
Uma pesquisa do Federal Reserve Bank de São Francisco argumenta que a inflação de moradia (que mede aluguéis e valores de imóveis) está prestes a cair significativamente, atingindo 0% em 2024 e se tornando negativa na segunda metade do ano.
Os custos como setor representaram 90% da inflação em julho.
Os economistas também argumentaram que os efeitos totais da campanha de aumento de juros mais agressiva do Fed em décadas ainda não se espalharam para a economia real mais ampla – um ponto também refletido nas atas da reunião de julho do Fed.
A surpreendente força econômica neste verão aumentou o otimismo entre os investidores e autoridades do Fed de que a economia dos EUA pode evitar uma recessão ou um aumento acentuado no desemprego enquanto a inflação continua desacelerando. Tal cenário seria conhecido como “aterrissagem suave”.
Não está claro se a inflação continuará esfriando sem uma forte deterioração no mercado de trabalho e alguns fatores podem pesar sobre a economia no futuro, como a retomada do pagamento de empréstimos estudantis em outubro e o aumento da dívida do consumidor.