Reina Sofia se prepara para reabrir: ‘precisamos de arte em tempos de crise’
Museu Reina Sofia, em Madri, anuncia a reabertura para visitantes no próximo dia 11; em entrevista, diretor Manuel Borja-Villel defende importância da arte
A Espanha registrou seu quinto dia consecutivo com menos de 200 mortes por Covid-19. O país, bastante afetado pelo novo coronavírus, com cerca de mais de 220 mil infectados, segundo a Universidade Johns Hopkins, está gradualmente emergindo de uma quarentena rigorosa. Os espanhóis que ficaram em casa por mais de seis semanas só agora podem praticar exercícios físicos ao ar livre.
O Museu Reina Sofia, em Madri, anuncia a reabertura para visitantes no próximo dia 11 de maio. O local, possui umas das mais importantes coleções de arte moderna e contemporânea, com destaque para Guernica, 1937, de Pablo Picasso.
A obra gigante é considerada um marco produzido no século XX e não somente pelo traço, mas, como um documento histórico. Na tela, o horror e o sofrimento de uma guerra. O contexto é o da Guerra Civil Espanhola, onde nazistas apoiadores do General Franco bombardearam a pequena cidade que dá nome à obra do artista.
De olho no ‘novo normal’, o museu, que recebeu 4 milhões de visitantes em 2019, reabre parcialmente seguindo as normas de segurança dos órgão públicos. Uma das ações que será realizada é o controle na circulação de gente.
“Não temos problema de espaço, as salas são grandes, álcool gel estará distribuído em todos os cantos, o uso de máscara é obrigatório. O visitante deve comprar ingresso via internet, o que evitará filas. O tempo de visita é de no máximo uma hora e o número de pessoas será controlado por nossa equipe”, diz Manuel Borja-Villel, diretor do Museu Reina Sofia.
“As pessoas precisam de arte em tempos de crise. Os efeitos econômicos serão quase como uma situação pós-guerra. A pandemia é o fracasso do sistema, não é a primeira pela qual passamos, tivemos Aids e Ebola, por exemplo”.
Em uma carta aberta, o diretor do Reina Sofia diz que “precisamos de algo como um Plano Marshall para a sociedade e, é claro, para a cultura – não para reconstruir as coisas como elas eram, mas para imaginar novos mundos nos quais cuidar de outras pessoas e outras espécies deve ser central”.
“A pandemia globalizada mostra um mundo em colapso. Temos que nos reconstruir de uma ruína, depende de nós termos uma relação mais intima, mais empática e menos arrogante. Países que têm uma riqueza maior tem que ajudar, sabemos que a generosidade não é uma das virtudes do ser humano, normalmente, esses países têm o dinheiro que veio dos países pobres, agora, é momento obrigatório de a mudança vir de cima para baixo”, reflete Manuel Borja-Villel.
Artista em quarentena
Artistas de diferentes partes do mundo foram convidados a questionar, direto de suas sacadas, os efeitos da Pandemia: Babi Badalov, Osman Bozkurt, Simnikiwe Buhlungu, Ola Hassanain, Sanja Ivekovic, Siniša Labrovic, Rogelio López Cuenca e Elo Vega, Kate Newby, Daniela Ortiz, Zeyno Pekünkarlü, Maja Valcárcel Medina, Guy Woueté, Akram Zaatari e Pawel Zukowski.
Nesta era de isolamento global, no espaço virtual ou nas janelas, varandas ou fachadas de nossas casas, percebemos o papel fundamental para a expressão coletiva. Alguns fazem concertos, outros passam momentos observando e eles foram convidados a contribuir para a conversa sobre os efeitos da pandemia, usando os canais de comunicação que influenciaram a percepção e o consumo atual de informações, além de repensar o potencial dos espaços existentes..
Para conhecer os trabalhos, que estão sendo expostos on line, clique aqui.
O projeto é da confederação L’Internationale que reúne sete grandes instituições artísticas européias: Moderna galerija (MG + MSUM, Ljubljana, Eslovênia); Museu Reina Sofia (Madri, Espanha); Museu de Arte Contemporânea de Barcelona de MACBA (Espanha); Museum van Hedendaagse Kunst Antwerpen ((M HKA, Antuérpia, Bélgica); Muzeum Sztuki Nowoczesnej w Warszawie (Varsóvia, Polônia), SALT (Istambul e Ancara, Turquia) e Van Abbemuseum (VAM, Eindhoven, Países Bascos), que formam uma equipe a dois acadêmicos de arte da HDK-Valand (Gotemburgo, Suécia) e ao Colégio Nacional de Arte e Design (NCAD, Dublin, Irlanda).