Sonda Perseverance da Nasa chega a Marte com missão de buscar vestígios de vida
Aeronave deve pousar na superfície de Marte na próxima quinta-feira (18), e canais da Nasa transmitirão os comentários ao vivo
A Perseverance (“perseverança”, em português), a sonda mais sofisticada que a Nasa possui atualmente, deve pousar na superfície de Marte na próxima quinta-feira (18), por volta das 17h55 do horário de Brasília.
A sonda está viajando pelo espaço desde que foi lançada do cabo Canaveral, na Floria, no fim de julho. Quando chegar a Marte, a Perseverance terá viajado 470 milhões de quilômetros.
Esta é a primeira missão da Nasa que vai procurar sinais de vida antiga em outro planeta, para ajudar a responder à questão: chegou alguma vez a existir vida em Marte? O robô vai explorar a cratera de Jezero, local de um extinto lago que existiu há 3,9 bilhões de anos, além de procurar por microfósseis nas rochas e solos.
Como assistir
Infelizmente, não será possível assistir ao pouso da sonda, que tem o tamanho de uma SUV, em Marte –ainda não existe tecnologia para isso. Mas a Nasa está convidando o mundo a acompanhar sua contagem regressiva e a narração da aterrisagem, que serão transmitidos ao vivo na quinta-feira a partir das 16h15 (em Brasília), pelo canal público da Nasa.
A transmissão também poderá ser acompanhada pelo site, aplicativo, Youtube, Twitter, Facebook, Linkedin, Twitch, Daily Motion ou o site Theta.tv. Será também a primeira vez que a agência oferecerá a opção de acompanhar a apresentação em espanhol.
A sonda tem ainda suas próprias contas no Twitter e o Facebook, que também devem postar outras atualizações sobre a missão.
A Nasa tem jeitos divertido de participar da contagem regressiva, como cabines de fotos e atividades para crianças e estudantes. Também dá para acompanhar cada passo da sonda pelo site interativo da Nasa ou se inscrever para uma experiência virtual do pouso.
Algumas semanas depois da chegada, se tudo sair conforme o planejado, câmeras e microfones na espaçonave vão mostrar as imagens do ponto de vista da sonda pela primeira vez.
Pousando em Marte: 7 minutos de terror
Se tiver sucesso, a Perseverance será o nono pouso da Nasa em Marte. Antes, porém, ela terá que passar pelos famosos “sete minutos de terror”.
O tempo que os sinais de rádio levam para viajar da Terra a Marte é de cerca de 10,5 minutos, o que significa que os sete minutos de que a aeronave precisa para pousar em Marte acontecem sem nenhuma ajuda ou intervenção dos times da Nasa na Terra.
A equipe, daqui, diz para o equipamento quando ele deve começar o processo de entrada, descida e pouso. Daí em diante ele segue sozinho –e uma espera agonizante começa para a central de controle.
A sonda atinge o topo da atmosfera marciana a uma velocidade de 7.500 quillômetros por hora e tem que diminui-la para para zero sete minutos depois, pousando suavemente na superfície.
O escudo térmico da espaçonave suportará um pico de aquecimento de 1.300 graus, 75 segundos após entrar na atmosfera.
O Perseverance tem como alvo o antigo leito de um lago, com 45 quilômetros de largura, e é o local mais desafiador por que uma nave da Nasa já passou em Marte. Em vez de plano e liso, está repleto de dunas de areia, penhascos, pedregulhos e pequenas crateras. A sonda possui adaptações para ajudá-la a navegar por esses obstáculos.
Excited for @NASAPersevere to land on Mars?! Keep that energy up & join our global @NASASocial where you can:
?? Connect with space enthusiasts
?? Go behind-the-scenes of @NASAJPL
????? Ask ?s to expertsThe #CountdownToMars is 3 days away. Sign up now: https://t.co/kMZJmFEHGU pic.twitter.com/Mx6RpNZPxC
— NASA (@NASA) February 15, 2021
A missão: o que a sonda fará
Uma vez que a Perseverance esteja sobre o solo de Marte, sua missão de dois anos começa. Primeiramente, ela passa por um período de verificação para se certificar de que está pronta.
O objetivo da Perseverance é buscar evidências de vida antiga, estudar o clima e a geologia de Marte e coletar amostras que só devem retornar para a Terra na década de 2030. Por essa razão, ela é também a máquina mais limpa já enviada para Marte, de maneira que não contamine os materiais colhidos com micróbios da Terra e leve a falsas leituras.
A cratera de Jezero foi escolhida como destino porque, bilhões de anos atrás, foi o leito de um lago e o delta de um rio. Rochas e poeira desse leito podem conter vestígios fossilizados de vidas microbianas que existiram ali, bem como outras informações de como foi Marte no passado distante.
O caminho que o Perseverance percorrerá tem cerca de 24 quilômetros de comprimento, uma “jornada épica” que levará anos, conforme classificou Ken Farley, cientista do projeto Marte 2020, em uma nota.
O que os cientistas podem descobrir sobre Marte, porém, vale a pena a viagem. Para atingir seus objetivos, a Perseverance irá se locomover a uma velocidade de um pouco menos de 1,6 quilômetros por hora, três vezes mais do que as sondas anteriores.
A Perseverance também leva instrumentos que podem ajudar na exploração de Marte no futuro, como o MOXIE, o Experimento de Utilização de Recursos In-Situ de Oxigênio de Marte. O experimento, do tamanho de uma bateria de carro, tentará converter dióxido de carbono de Marte em oxigênio.
Isso ajudaria os cientistas da NASA a aprender como produzir não só combustível para foguetes em Marte, como também o oxigênio que poderia ser usado durante a futura exploração humana do planeta vermelho.
Ingenuity, o 1º helicóptero em outro planeta
A Perseverance não está viajando sozinha para Marte. Junto com ela está o Ingenuity, que será o primeiro helicóptero a voar em outro planeta.
Após pousar, a sonda deverá encontrar uma superfície plana para depositar o Ingenuity, de maneira que ele tenha um lugar para usar como heliponto para os cinco voos de teste que deve fazer em um período de 30 dias. Isso ocorrerá nos primeiros 50 a 90 sóis, os dias marcianos, da missão.
O Ingenuity pesa apenas 1,8 quilo e possui quatro lâminas de fibra de carbono, células solares e baterias. A Perseverança irá observar os voos do Ingenuity. Se o helicóptero tiver sucesso, poderá abrir caminho para que aeronaves mais avançadas sejam usadas em futuras missões, tanto robóticas quanto humanas, de acordo com a Nasa.