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    Baby boom espacial: 36 galáxias dão à luz estrelas ao mesmo tempo, diz estudo

    Sistemas estão a milhões de anos-luz de distância uns dos outros; descoberta pode mudar teorias sobre o crescimento das galáxias

    Anna Satie, da CNN em São Paulo

    Trinta e seis galáxias anãs, distantes umas das outras, tiveram uma explosão de nascimentos de estrelas ao mesmo tempo, apontou um estudo da universidade norte-americana Rutgers publicado recentemente no Astrophysical Journal.

    Essa descoberta pode mudar o entendimento sobre o desenvolvimento das galáxias e sugerir a existência de um fenômeno que ainda não é conhecido.

    Sistemas que estão separados por mais de um milhão de anos-luz de distância deveriam ser completamente independentes, mas a pesquisa mostrou que galáxias com mais de 13 milhões de anos-luz de distância entre si tiveram uma diminuição e um aumento simultâneo no nascimento de estrelas.

    Essa queda nos de novos nascimentos começou há 6 bilhões de anos, e o crescimento, há 3 bilhões. Para detectar esse movimento, os cientistas usaram dois métodos, um que usa a luz de estrelas individuais, o outro, a luz de galáxias inteiras.

    “Parece que essas galáxias estão respondendo a uma mudança de grande escala no ambiente delas, da mesma maneira que uma boa economia pode gerar um baby boom [explosão de bebês]”, disse a pesquisadora que liderou o estudo, Charlotte Olsen, doutoranda do departamento de Física e Astronomia da Rutgers.

    Essa mudança de ambiente, aparentemente, é uma resposta a algo que distribui combustível para galáxias que estão muito distantes umas das outras, o que pode significar uma grande nuvem de gás ou um fenômeno do universo que ainda não conhecemos, explicou ela.

    “Descobrimos que independentemente de serem vizinhas de porta ou não, [as galáxias] pararam e então voltaram a produzir novas estrelas ao mesmo tempo, como se todas tivessem sido influenciadas por alguma rede social extragaláctica”, descreveu o coautor do estudo Eric Gawiser, professor do departamento.

    Segundo Gawiser, ainda não é possível estimar o impacto que essa descoberta terá.

    “Precisamos ver como nossos modelos atuais de formação de galáxias precisam ser modificados para entender essa surpresa”, falou. “Se o resultado não puder ser explicado dentro do nosso conhecimento atual de cosmologia, isso seria uma implicação enorme. Mas precisamos dar aos teóricos uma chance de ler o nosso trabalho e responder com os próprios avanços de pesquisa”.

    Olsen acredita que o telescópio espacial James Webb, da Nasa, pode ajudar a entender melhor a descoberta. “Será a maneira ideal para acrescentar novos dados e descobrir quão longe da Via Láctea esse ‘baby boom’ se estendeu”, disse.

    O telescópio é classificado pela agência como o “mais poderoso e complexo” já construído, e deve ser lançado em outubro deste ano.

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