LinkedIn suspende novas inscrições de usuários na China após ciberataque
Decisão visa garantir a conformidade legal no país; rede social nega relação da suspensão com o ciberataque à Microsoft
O LinkedIn – uma das poucas redes sociais ocidentais disponíveis na China – suspendeu novas inscrições no país, mas disse que a decisão não tem nada a ver com um recente ataque cibernético à controladora Microsoft.
A Microsoft revelou, na semana passada, que um grupo chamado Hafnium explorou seu serviço de e-mail Exchange e conseguiu obter acesso a computadores. A empresa disse que o grupo foi “avaliado como patrocinado pelo Estado e operando fora da China”.
Um porta-voz do LinkedIn ressaltou que sua decisão não estava relacionada ao ataque hacker. A plataforma de mídia social, que é usada por profissionais, estava suspendendo as inscrições de novos membros no LinkedIn na China “enquanto trabalhamos para garantir que permaneçamos em conformidade com a legislação local”, disse o comunicado.
“Somos uma plataforma global com a obrigação de respeitar as leis que se aplicam a nós, incluindo a adesão às regulamentações do governo chinês para nossa versão localizada do LinkedIn na China”, acrescentou. A empresa se recusou a especificar a lei local que estava examinando.
Um funcionário dos Estados Unidos disse recentemente à CNN que cerca de 250 mil clientes da Microsoft foram atingidos pelo ataque do Exchange, e que a Casa Branca o considerou uma “ameaça ativa”. Pequim rejeitou as alegações de que estaria envolvido, alertando na semana passada que vincular tais ataques “diretamente ao governo” é uma “questão política altamente sensível” que não deve ser baseada em “palpites não provocados”.
As consequências do ciberataque – e a suspensão aparentemente não relacionada ao LinkedIn – têm sido discutidas com veemência na mídia estatal chinesa nos últimos dias. O Global Times, um tabloide estatal diário, citou “especialistas chineses” em um artigo no início desta semana, dizendo que o presidente Biden ameaça “envenenar as relações entre os dois países”, depois que relatórios indicaram que o governo dos EUA queria formar uma força-tarefa para lidar com o hacker.
O Global Times também criticou a mídia ocidental na quarta-feira (10) por tentar caracterizar a decisão do LinkedIn como “punição” para a Microsoft. Citando “observadores da indústria”, a publicação classificou esses links como um “ato para politizar as questões de segurança na internet”.
“Todas as empresas estrangeiras que operam na China devem obedecer às leis chinesas e respeitar os sentimentos do povo chinês”, dizia o artigo.
A Microsoft tem uma longa história na China, tendo entrado no mercado em 1992. Seu software é amplamente utilizado pelo governo e empresas chinesas, e seu mecanismo de busca Bing também está operacional, enquanto o Google foi desativado por anos.
Analistas disseram que é improvável que o incidente do ciberataque afete a forma como a Microsoft opera na China a longo prazo, já que a gigante norte-americana de tecnologia lançou planos para expandir sua presença e dobrar sua capacidade de serviço em nuvem nos próximos anos.
O LinkedIn está disponível na China desde 2014. Sua presença na China, onde tem mais de 45 milhões de usuários, é notável porque muitas outras redes sociais ocidentais, incluindo Facebook e Twitter, estão bloqueadas.
(Texto traduzido. Leia o original em inglês).