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    Vênus não é um planeta habitável — e a culpa pode ser toda de Júpiter

    Pesquisadores afirmam que o movimento de Júpiter provavelmente acelerou o destino de Vênus como um planeta inóspito

    Harry Clarke-Ezzidio, da CNN

    Vênus já foi um planeta não tão diferente que a Terra e, se Júpiter não tivesse alterado a sua órbita ao redor do céu, ele poderia ter sido habitável, de acordo com pesquisadores.

    Como resultado de Júpiter — o maior planeta do nosso sistema solar — ter ficado se movendo para perto e para longe do Sol em sua formação inicial, a vasta atração gravitacional do planeta teria efetivamente assassinado o potencial de Vênus de desenvolver um ambiente parecido com a Terra, disseram os autores de um estudo publicado no jornal Planetary Science.

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    Vênus é o segundo planeta mais próximo do Sol e agora tem uma temperatura na superfícia de cerca de 471ºC — acima do ponto de fusão do chumbo, segundo a Nasa. É mais quente que em Mercúrio, mesmo sendo este planeta ainda mais próximo do Sol.

    Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riversidade (UCR) afirmam que o movimento de Júpiter provavelmente acelerou o destino de Vênus como um planeta inóspito.

    “Conforme Júpiter migrou, Vênus pode ter passado por mudanças muito dramáticas no clima, aquecendo muito e depois esfriando muito, perdendo toda a sua água para a atmosfera”, afirmou em nota Stephen Kane, astrobiológo da UCR, nesta quarta-feira (1º).

    “Uma das coisas interessantes sobre o Vênus de hoje é que a órbita do planeta hoje é perfeitamente circular”, disse Kane, que dirigiu o estudo.

    “Com esse projeto, nós esperamos explorar se a órbita sempre foi circular ou não e quais as implicações disso”, completa.

    Os pesquisadores criaram um modelo do sistema solar para aprender como a órbita de cada planeta afetava uma à outra.

    A órbita de um planeta é medida entre zero e um. Quanto mais próximo de zero, mais circular é a órbita, enquanto a órbita de um – que não é circular de forma alguma – nem seria capaz de completar uma órbita em torno de uma estrela e, em vez disso, se lançaria no espaço, disse Kane.

    Os pesquisadores descobriram ainda que, quando Júpiter estava mais perto do Sol, há cerca de um bilhão de anos, Vênus tinha uma órbita de 0,3, o que significa que havia uma probabilidade maior de que o planeta fosse habitável.

    No entanto, conforme Júpiter migrou, empurrou Vênus muito perto do Sol, onde teria sofrido uma mudança dramática no clima, resultando em sua órbita atual em torno de 0,006 – a mais circular de todos os planetas.

    Devido ao vasto tamanho de Júpiter, ele tem a capacidade de perturbar as órbitas dos planetas circundantes; tem uma massa duas vezes e meia maior do que todos os outros planetas do sistema solar combinados.

    Vênus, que leva o nome da deusa romana do amor, às vezes é chamada de gêmea da Terra devido ao seu tamanho semelhante.

    Um estudo publicado no ano passado descobriu que Vênus provavelmente manteve temperaturas estáveis ??e hospedou água líquida por bilhões de anos antes de um evento desencadear mudanças drásticas no planeta. Agora, é um planeta quase morto com uma atmosfera tóxica 90 vezes mais espessa que a da Terra.

    Procurando por sinais de vida

    Um gás encontrado na Terra que significa vida também foi detectado na atmosfera de Vênus, de acordo com uma nova pesquisa publicada no mês passado. A descoberta “totalmente surpreendente” da fosfina pode sugerir processos desconhecidos que ocorrem em Vênus.

    Kane acredita que é possível que o gás possa representar “a última espécie sobrevivente em um planeta que passou por uma mudança dramática em seu ambiente”.

    No entanto, isso é improvável, disse ele, porque esses micróbios teriam que permanecer nas nuvens de ácido sulfúrico de Vênus por um bilhão de anos depois que o planeta perdeu água líquida em sua superfície.

    “Provavelmente há muitos outros processos que podem produzir o gás que ainda não foram explorados”, disse Kane.

    Mas entender como Vênus mudou de potencialmente habitável para inóspito é fundamental.

    “Eu me concentro nas diferenças entre Vênus e a Terra, e o que deu errado com Vênus, para que possamos ter uma visão sobre como a Terra é habitável e o que podemos fazer para pastorear este planeta da melhor maneira possível”, disse Kane.

    (Esta matéria é uma tradução. Leia o texto original aqui)

     

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