Caminho para Marte: Desafios impulsionam tecnologias para missão com humanos
Cientistas buscam avanços tecnológicos para encontrar soluções que permitirão ao ser humano ir e voltar do planeta vermelho
O helicóptero da Nasa, Ingenuity, conseguiu completar a quinta viagem em Marte com um voo curto, de quase 130 metros de distância, na semana passada. Enquanto isso, a sonda Perseverança continua a exploração do planeta vermelho, o que pode ajudar humanos na futura missão tripulada a ele.
A SpaceX, empresa do trilionário Elon Musk, realiza testes com protótipos de foguetes que podem levar humanos a Marte. Os voos seguem a todo vapor. O último foguete foi lançado neste mês no Texas e a operação foi um sucesso.
Ainda em desenvolvimento, o Starship, é a grande promessa da empresa de construir o mais poderoso veículo de lançamento da história. Ele pode carregar mais de 100 toneladas de carga e vai contar com uma área residencial para a tripulação com 120 metros de altura e 9 metros de diâmetro.
O foguete é completamente reutilizável para garantir a viagem de volta à Terra. Na parte inferior, ficam os propulsores de última geração, que usam metano resfriado e oxigênio líquido como combustível.
A previsão da SpaceX é que a viagem a Marte demore pelo menos seis meses. Já a Nasa acha que serão necessários entre 9 meses e 1 ano.
Desafios e soluções
Uma missão tripulada ao planeta vermelho não é apenas de interesse dos Estados Unidos, com a Nasa e a Space X. A agência espacial europeia, a chinesa, a japonesa e um centro espacial dos Emirados Árabes Unidos também trabalham para colocar humanos em Marte. Embora cada um tenha um projeto diferente, existe um esforço coletivo para desenvolver tecnologias que tornem a viagem possível.
Mas os desafios a serem superados são muitos. Para começar, o espaço é coberto por radiação: gerada por tempestades solares ou por raios cósmicos. O que pode provocar problemas de visão e até câncer nos astronautas.
Outro problema é a comunicação entre o centro de comando na Terra e o foguete. Para que uma mensagem percorra essa distância, são necessários pelo menos 20 minutos. Isso pode fazer com que avisos de emergência da tripulação cheguem tarde demais para os engenheiros. Por isso, segundo especialistas, um profissional de saúde deve estar entre os primeiros astronautas a se lançarem ao planeta vermelho.
95% da atmosfera de Marte é composta por dióxido de carbono e a falta de oxigênio por lá é outro grande desafio. A solução pode estar num aparelho chamado moxie, que transforma gás carbônico em oxigênio.
A sonda Perseverança, que carrega o instrumento e está na superfície marciana, conseguiu realizar a conversão dos gases no mês passado. Produziu pouco mais de cinco gramas de oxigênio, suficiente para manter um astronauta vivo por cerca de dez minutos. O processo precisa ser aprimorado ainda e ganhar escala.
Para manter suprimentos e alimentação, uma alternativa é a produção de comida local, com hortas adaptadas e cultura hidropônica. A opção, retratada em filmes de ficção científica e séries, já funciona na Estação Espacial Internacional, o laboratório científico de vários países montado no espaço, na órbita terrestre.
Por causa das temperaturas baixíssimas em Marte no inverno, de até -140°c, o módulo dos astronautas precisa ser superaquecido, o que requer um gasto enorme de energia. A captação solar é possível, mas será bem menor do que na Terra. Levar combustível de ida e volta para uma viagem como essa também é outra questão a ser resolvida.