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    Coleção rara de um dos primeiros fotógrafos da história será leiloada nos EUA

    As quase 200 imagens do fotógrafo William Talbot retratam cenas internas e externas do século 19

    Oscar Holland, da CNN

     Quase 200 imagens de um dos primeiros fotógrafos da história, William Henry Fox Talbot, estarão sob o martelo em Nova York, no mês que vem, oferecendo aos colecionadores um raro vislumbre do início da Grã-Bretanha vitoriana.

    De acordo com a casa de leilões Sotheby’s, que está tratando da venda, a coleção é “indiscutivelmente o lote mais importante de fotos do século 19 já lançado no mercado”.

    As imagens retratam cenas internas e externas, abrangendo arquitetura, botânica e vida cotidiana na década de 1840. Talbot, um cientista e inventor inglês, também produziu vários retratos de familiares e amigos enquanto fazia experiências com sua tecnologia de câmera pioneira.

    Oferecido no leilão em lote único, o acervo é composto por mais de 70 fotografias avulsas e três álbuns de imagens impressas. Também inclui versões raras da publicação de Talbot, “Sun Pictures in Scotland” (Fotos de Sol na Escócia, em tradução livre), que documenta suas viagens pela Escócia, bem como várias partes de sua célebre obra “The Pencil of Nature” (O Lápis da Natureza, em tradução livre).

    Algumas das imagens mais conhecidas do fotógrafo estão entre as 191 à venda, incluindo uma que mostra o agora famoso monumento de Londres, a Coluna de Nelson, em construção em 1844. Segundo a chefe do Departamento de Fotografia da Sotheby’s, Emily Bierman, o valor da coleção não reside apenas em sua idade e condição, mas em sua variedade e integridade.

    “Com o passar dos anos, essas fotos se tornaram cada vez mais difíceis de encontrar, porque elas estão em coleções privadas ou institucionais”, disse Bierman. “Ter uma coleção completa, um arquivo (…) é algo que você nem poderia imaginar”.

    “As fotos incluem uma grande mistura de estudos pessoais, bem como imagens de suas viagens e de monumentos importantes (…) embora algumas das maiores surpresas sejam definitivamente os retratos”, acrescentou, referindo-se a imagens raras da mãe de Talbot e do famoso escritor Thomas Moore.

    Na década de 1840, Talbot deu os itens para sua meia-irmã Henrietta Horatia Maria Gaisford, que aparece em várias fotos. Desde então, eles foram repassados à família, com o leilão do próximo mês marcando a primeira vez que estarão disponíveis no mercado de colecionadores. O caderno de desenho pessoal de Gaisford, que contém desenhos e aquarelas, também faz parte da venda.

    A Sotheby’s estimou que a arrecadação ficará entre US$ 300 mil e US$ 500 mil [o equivalente a cerca de R$ 1,6 milhão e R$ 2,7 milhões, respectivamente]. Se isso ocorrer, a venda ultrapassará o recorde anterior de uma coleção de fotos de Talbot, estabelecido na Sotheby’s em 2018, quando uma cópia completa de “The Pencil of Nature” foi comprada por US$ 275 mil [o equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão].

    Pioneiro

    Talbot desenvolveu sua técnica inovadora de fotografia de “papel salgado” durante suas férias no início dos anos 1830, quando ficou frustrado com as limitações de desenhar. Usando uma solução contendo sal e, posteriormente, nitrato de prata, ele criou uma superfície sensível à luz de um papel comum, que escurecia quando exposto ao sol.

    Posteriormente, ele desenvolveria a influente técnica do calótipo (ou talbótipo), que era mais complexa do que o processo de papel salgado, mas reduzia drasticamente os tempos de exposição. Embora não seja tão popular quanto o daguerreótipo, que se tornou amplamente utilizado em todo o mundo na década de 1840, a técnica de Talbot provou ser extremamente influente no desenvolvimento da tecnologia de câmeras, pois produziu negativos fotográficos que permitiram que as imagens fossem replicadas com mais facilidade.

    Mas, enquanto Talbot era um alquimista afiado e uma figura importante na ciência da fotografia, Bierman também elogiou sua sensibilidade artística.

    “As composições são incrivelmente sofisticadas”, destacou, citando a foto de uma paisagem tirada na Escócia que usou o reflexo da água para produzir uma “confluência de triângulos perfeitamente centrados”.

    “Pensar sobre as restrições que ele teria enfrentado ao praticar a fotografia tão cedo, para ter a previsão de como exatamente você vai traduzir o que vê em uma impressão física é, eu acho, uma verdadeira arte”.

    A coleção de Talbot será parte do leilão “50 obras-primas para comemorar os 50 anos das fotografias da Sotheby’s”, que reúne alguns dos nomes mais importantes do meio. A venda apresenta uma série de outras imagens valiosas, incluindo um nu masculino do fotógrafo pioneiro francês Eugène Atget, com previsão de até US$ 150 mil [o equivalente a cerca de R$ 825 mil], e uma imagem de 1867 de uma guarnição à beira do rio em Oregon, que tem estimativa de US$ 350 mil [o equivalente a cerca de R$ 1,9 milhão].

    Ofertas mais contemporâneas incluem a coleção de representações de Sebastião Salgado de uma mina de ouro brasileira, a série de Martin Parr “The Last Resort” (O Último Recurso, em tradução livre) e 11 imagens do célebre fotógrafo de moda Richard Avedon.

    Para Bierman, as vendas de fotos resistiram à pandemia com mais sucesso do que muitas outras partes do mercado de leilões, que foi severamente afetado por limites de visualização de eventos e vendas presenciais. Ela atribuiu parte disso aos compradores de primeira viagem, que podem ver a fotografia como uma forma mais acessível e econômica de colecionar arte.

    “Em 2020, cerca de um terço de nossos licitantes e compradores de vendas de fotos eram totalmente novos no mercado ou novos na Sotheby’s”, finaliza. “Isso é surpreendente e definitivamente aponta para um mercado saudável”.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

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