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    As pessoas raramente saem de uma conversa quando querem; saiba como mudar isso

    Estudo aponta que apenas 2% das conversas terminam quando ambos os participantes querem, o que deixa a experiência menos agradável

    Megan Marples, da CNN

    Você está conversando com alguém há 20 minutos, mas a conversa ficou improdutiva no meio do caminho.

    Você olha ao redor da sala, desesperado para encontrar uma saída para esse monólogo tedioso, mas não consegue encontrar uma maneira educada de abandonar o papo. Um suspiro. Você fica quieto, preferindo suportar a conversa em vez de ser indelicado e ir embora.

    Você provavelmente já teve uma leve suspeita de que isto acontece de verdade, mas agora há uma explicação de pesquisas acadêmicas: um novo estudo diz que as conversas raramente terminam quando as pessoas querem.

    Apenas cerca de 2% das conversas terminam quando ambos os participantes querem, de acordo com um estudo publicado na segunda-feira (1º) no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos.

    Os pesquisadores conduziram dois estudos para entender as diferenças entre a duração das conversas entre duas pessoas e quanto tempo cada participante queria que durassem.

    Os estudos foram inspirados em festas em que o autor do estudo, Adam Mastroianni, frequentou enquanto estudava na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Agora, como doutorando em psicologia na Universidade Harvard, ele disse que temia ir a outra festa porque poderia ficar preso em uma conversa com alguém e não ter uma maneira educada de encerrá-la.

    Então ele pensou: “E se nós dois ficarmos presos nessa conversa porque pensamos erroneamente que a outra pessoa quer continuar?” Acontece que Mastroianni estava no caminho certo.

    O primeiro estudo pediu a 806 participantes que relembrassem sua conversa mais recente com alguém. Quase 80% das conversas foram com um parceiro, amigo ou familiar.

    Mais de 66% dos participantes relataram que houve um ponto durante a conversa em que sentiram que ela já deveria ter terminado.

    E eles se sentem ainda mais incomodados com suas conversas, concluiu o estudo. Os participantes que disseram que havia um ponto em que queriam que a conversa terminasse – e não fizeram nada para isso – gostaram menos da conversa do que aqueles que, em determinado momento, disseram que precisavam fazer outra coisa.

    Dificuldade em sair de uma conversa deixa a experiência menos agradável
    Dificuldade em sair de uma conversa deixa a experiência menos agradável
    Foto: Christina/wocintechchat.com/Unsplash

    Em uma escala de 0 a 7, os que deixaram o papo se alongar deram nota 4,7 para a conversa quando ela se encerrou. Já os que tiveram coragem para interromper a prosa, deram nota 5,66.

    O segundo estudo levou 252 pessoas que não se conheciam a um laboratório para que suas conversas fossem observadas pelos pesquisadores. Os pares foram estimulados a falar por períodos de 1 a 45 minutos e, em seguida, foram conduzidos a salas separadas para entrevistas.

    Os resultados foram quase idênticos aos do primeiro estudo, com mais de 68% dos participantes relatando que houve um ponto durante a conversa em que desejaram que ela tivesse terminado. Esse grupo também gostou menos de suas conversas.

    Essa parte do estudo permitiu que os pesquisadores ouvissem os dois lados da história e, com isso, conseguisse reunir mais dados sobre o que cada participante achou sobre o outro em termos da duração desejada da conversa.

    Os pesquisadores descobriram que a maioria dos participantes, 63%, estimaram incorretamente o que seria um tempo ideal de bate-papo para o seu parceiro. O que mostra que as pessoas quase não tinham ideia de como a pessoa que estava ali, conversando com ele, estava se sentindo, disse Mastroianni.

    Ser socialmente educado pode impedir que as pessoas deixem uma conversa quando querem, disse Mastroianni. Falar com alguém é como dirigir um carro na rodovia, disse ele. As pessoas podem pegar qualquer saída, mas não podem parar no momento que quiserem porque podem bater em outros carros.

    “Você tem que esperar o momento apropriado para sair, e acontece que a distância entre essas saídas às vezes pode ser muito longa”, disse Mastroianni.

    Como terminar uma conversa com elegância

    O estudo traz pontos importantes sobre como ter conversas com outras pessoas e abre caminhos para aprender sobre como se envolver em melhores discussões, disse Linda Sapadin, psicóloga que se especializou em comunicação em Long Island, Nova York. Ela não participou do estudo.

    Se quiser que uma conversa termine, Sapadin recomendou dizer à outra pessoa que você precisa sair, mas, antes é aconselhável dizer algo positivo sobre a interação entre ambos.

    Ela disse que, se alguém estiver reclamando sobre algo em sua vida, o melhor é arrumar um jeito de dizer que você espera que as coisas melhorem.

    Embora a maioria dos participantes em ambos os estudos achasse que havia um ponto na conversa em que gostariam que ela tivesse terminado, alguns queriam que a conversa durasse mais. Se você tende a cair nessa categoria, Sapadin recomendou que você preste muita atenção à linguagem corporal de seu parceiro para pegar as dicas de que ele está pronto para encerrar a discussão.

    Se eles estão revirando os olhos, não fazendo muito contato visual com você ou não estão respondendo ao que você está dizendo, pode ser hora de encerrar a conversa, disse ela.

    As pessoas que queriam que a conversa continuasse por mais tempo gostavam tanto quanto as pessoas que diziam que a conversa terminava exatamente quando queriam, descobriu Mastroianni.

    “Em minhas próprias conversas, prefiro errar ao ir embora um pouco mais cedo, sabendo que posso falar com a pessoa novamente”, disse ele.

    No futuro, Mastroianni disse que tem interesse em pesquisar quando é socialmente aceitável que as pessoas saiam de uma conversa e como as conversas funcionam em grupos de mais de duas pessoas.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)