Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Buenos Aires vai além de primárias e terá polêmico “voto duplo” nas eleições

    Eleitores participam da eleição geral, com os votos em cédulas, e a municipal, usando urnas eletrônicas; decisão de unir votações no mesmo dia causou revolta entre adversários do prefeito e pré-candidato à Presidência Horacio Larreta

    Fábio Mendesda CNN

    Neste domingo (13), acontecem as primárias eleitorais argentinas, que definem quais serão os candidatos à Presidência. Na capital do país, Buenos Aires, também estão marcadas eleições municipais, que foram recheadas de polêmicas devido ao chamado “voto duplo”.

    O tal “voto duplo” ou “eleições concorrentes”, como tem sido chamado, foi idealizado em abril pelo prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que também é pré-candidato à presidência da Argentina. Ele decretou que as eleições municipais, para a escolha do prefeito, legisladores locais (equivalentes a vereadores) e conselheiros comunitários ocorreria no mesmo dia das eleições gerais.

    A curiosidade está no fato de que as duas votações serão realizadas em sistemas diferentes. Enquanto as eleições gerais contarão com os tradicionais votos em cédulas, o pleito municipal será feito pelo sistema de votação eletrônica única, em que o voto será feito em um computador e depois salvo em um cartão especial.

    A agência Telam divulgou vídeo com Daniel Ingrassia, do Observatório Eleitoral de Buenos Aires, explicando como serão os procedimentos a ser adotados pelos eleitores no domingo.

    A decisão de levar as eleições da capital do país para o mesmo dia das eleições gerais causou polêmica porque seguiu na contramão da maioria dos demais pleitos regionais. Das 23 províncias do país, somente outras duas optaram por realizar sua votação no mesmo dia das primárias nacionais: Entre Ríos y Catamarca.

    Nas demais regiões, as votações aconteceram a partir de fevereiro. A última votação ocorreu no final de julho, na província de Chubut. Outras três ainda terão votações em setembro: Santa Fé (dia 10), Chaco (17) e Mendoza (24).

    A eleição para “jefe de gobierno” de Buenos Aires, como é chamado o cargo de prefeito, tem grande importância, já que a cidade, como capital federal, tem status de unidade federativa, como as províncias.

    A cidade de Buenos Aires não faz parte da província de mesmo nome. O que explica sua denominação oficial: Ciudad Autónoma de Buenos Aires (CADA).

    Polêmica

    A decisão de trazer as eleições municipais para o mesmo dia das primárias, embora pareça prática, causou celeuma no cenário político argentino. A medida foi vista como manobra estratégica de Larreta para fortalecer sua pré-candidatura dentro da Coligação Juntos pela Mudança, na qual concorre com a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich para ser o principal candidato da oposição ao governo Alberto Fernández.

    Patricia Bullrich, aliás, voltou sua metralhadora verbal contra Larreta. “Ele manipulou as regras eleitorais na cidade de Buenos Aires”, afirmou na ocasião. “Continuamos no caminho dos valores. Comigo, essas coisas não vão acontecer”.

    Argentina terá eleições primárias no domingo

    Assim que soube da mudança no calendário eleitoral, um dos chefes da coligação, o ex-presidente Maurício Macri, declarou-se “profundamente desapontado”.

    O deputado Cristian Ritondo também criticou a iniciativa do prefeito de Buenos Aires, que disse nas redes: “Mudar as regras do jogo no último momento vai contra os princípios que sempre defendemos. Não está certo.”

    Na mesma linha, o legislador portenho e chefe de campanha de Bullrich, Juan Pablo Arenaza, chamou Larreta de “sem escrúpulos”. “Diga-me como você manipula as regras e eu direi o quão inescrupuloso você pode ser”, escreveu Arenaza em sua conta nas redes sociais.

    As fortes críticas à medida foram suavizadas pela manifestação dos aliados de Larreta.

    À CNN, a deputada Maria Eugénia Brizzi afirmou que a adoção do voto eletrônico é um avanço e que as eleições simultâneas permitem a adoção do sistema, mesmo que de forma parcial, já que não pode ser adotado nacionalmente. “O kirchnerismo nunca possibilitou o sistema de bilhete único, que é mais transparente e que permite uma discussão mais saudável”.

    Martín Lousteau, candidato à prefeitura da capital, reforçou a defesa . “Estamos em um nível ridículo de discussão, não entendo por que há tanta raiva, tanta beligerância ou declarações tão altissonantes”, disse Lousteau em um diálogo com a Radio La Red.

    Tópicos