Reflexo do pai de Cid aparece em foto usada para negociar presente e vira prova para PF; veja imagem
Polícia Federal (PF) cumpriu nesta sexta-feira (11) mandados de busca e apreensão contra o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Uma das fotos utilizada para negociar a venda de joias recebidas como presente oficial pelo governo federal revela o rosto do general do Exército Mauro Lourena Cid –pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid – no reflexo da caixa.
A investigação da Polícia Federal (PF) revelou conversas datadas de 4 de janeiro deste ano, nas quais Mauro Cid filho pediu para que o pai tirasse foto das joias. Em seguida, ele manda as fotos de dois objetos: uma palmeira e um barco dourados.
Em uma dessas fotos, o reflexo na caixa que guarda o objeto mostra o rosto de Mauro Lourena Cid. Veja:
Logo depois, em outra troca de mensagens, Mauro Cid filho manda dois endereços para o pai, identificados como lojas que, aparentemente, comercializam objetos de ouro ou outros metais preciosos. O pai responde: “Eles sabem que eu irei levar para avaliação?”. E o filho confirma que sim.
Alguns dias depois, em 9 de janeiro, as mesmas fotos tiradas por Mauro Cid pai são enviadas pelo filho em uma conversa com o contato Nicholas Luna, associado à empresa Fortuna Auctions, especializada em leilões de joias e relógios de luxo.
A Polícia Federal aponta que as joias que aparecem nas fotos de Mauro Lourena Cid foram recebidas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) como presente ao governo federal, no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Reino do Bahrein, em novembro de 2021.
O tweet a seguir está anexado na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a operação da PF:
A conclusão da Polícia Federal é de que há indícios de que as esculturas possam ter sido desviadas do patrimônio público, sem sequer terem sido submetidas ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) para avaliação de decisão a quanto a sua destinação.
A tentativa de vender as esculturas teria como objetivo a incorporação do valor adquirido a patrimônio pessoal do ex-presidente e seus aliados.
Veja também: Cid diz que Bolsonaro não levou escultura porque era latão
A PF aponta que as esculturas apenas não foram vendidas, pois Mauro Cid pai descobriu que elas não eram feitas de ouro, e por isso teriam valor abaixo do esperado por eles.
Conforme a decisão de Moraes: “as investigações apontam que as esculturas foram evadidas do Brasil para os Estados Unidos da América, em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30/12/2022 e que MAURO CESAR BARBOSA CID, em unidade de desígnios com seu pai, MAURO CESAR LOURENA CID e com os assessores do então Presidente OSMAR CRIVELATTI E MARCELO CAMARA, remeteu os bens para lojas especializadas, com objetivo de avaliá-los e vendê-los, para posterior
incorporação do valor arrecadado ao patrimônio pessoal do então presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO, o que não se concretizou, tão somente, em razão do baixo valor patrimonial das esculturas.”
A CNN tenta contato com as defesas de Mauro Lourena Cid, Mauro Cid, Osmar Crivelatti e Frederick Wassef e aguarda retorno.
O que diz a defesa de Bolsonaro
O advogado Fábio Wajngarten, que atua na defesa de Jair Bolsonaro, disse à CNN que ele e seus colegas do time jurídico do ex-presidente não sabiam da operação de recompra de um relógio Rolex nos Estados Unidos.
De acordo com Wajngarten, que foi secretário de comunicação do governo Bolsonaro, ele estava dando uma orientação jurídica a Cid sobre como proceder, mas desconhecia o paradeiro das joias.
“A defesa não sabia. Eu estava ali para orientá-los a se antecipar a uma decisão que o TCU tomaria, pegar as joias e entregar. Só isso. Eu não sabia onde elas estavam”, afirmou à CNN.
Questionado o motivo de não ter perguntado o paradeiro das joias, Wajngarten afirmou que não cabia a ele essa pergunta naquele momento.