Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Candidato morto no Equador havia denunciado ameaças que recebia de grupo criminoso

    Fernando Villavicencio disse que a organização Los Choneros afirmou que iria "quebrá-lo" caso ele continuasse a citar seu líder na campanha eleitoral

    Pedro Jordãoda CNN , São Paulo

    Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador assassinado na noite desta quarta-feira (9), denunciou em entrevista na semana passada que estava sendo ameaçado por um cartel do país.

    “Há três dias, um militante de Manabí [cidade do Equador] recebeu visitas de vários mensageiros de Alias Fito [líder do cartel Los Choneros] para dizer a ele que, se eu continuasse mencionando os Los Choneros, eles iriam me quebrar”, disse no programa Vis a Vis, apresentado pela jornalista Janet Hinostroza, na quarta-feira (2).

    Los Choneros são uma organização criminosa do Equador que surgiu em Manabí e é formada por duas gangues chamadas Fatales e Las Águilas. Eles atuam com extorsão, tráfico de drogas e homicídios.

    Após a ameaça, Villavicencio disse que não iria suspender sua campanha eleitoral e que iria apresentar uma denúncia contra as ameaças.

    Ele também responsabilizou previamente o Los Choneros por qualquer eventual atentado que pudesse ocorrer contra ele, sua família e equipe.

    Villavicencio disse ainda, na entrevista, que usava o mínimo da proteção oficial do Estado, mas recusava coletes a prova de balas.

    “Um presidente valente tem que dar a cara, como o seu povo. O povo não está com coletes a prova de balas. A sociedade está de joelhos diante do crime organizado. E o pior que se pode passar a um candidato, a um político, é ter medo. No momento em que os grupos criminosos submetem as pessoas, acabam a democracia e a República”.

    O assassinato

    Villavicencio foi morto na noite desta quarta-feira (9) ao deixar um comício no Anderson College, na cidade de Quito, capital do Equador.

    Ele foi baleado várias vezes depois de já estar dentro do carro no qual sairia do local.

    Na semana passada, ele havia denunciado ameaças que vinha recebendo de uma facção criminosa, mas disse que se recusava a usar coletes à prova de balas em seus comícios.

    Após a morte de Villavicencio, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador [órgão eleitoral máximo do país] repudiou o crime e disse que tais de violência maculam o o pleito e da democracia.

    O presidente do Equador, Guillermo Lasso, também lamentou a morte: “Indignado e chocado com o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e condolências à esposa e filhas. Pela sua memória e pela sua luta, garanto-vos que este crime não ficará impune”.

    A eleição presidencial do Equador

    A eleição presidencial do Equador está marcada para ocorrer no domingo (20), de forma antecipada.

    A antecipação foi feita depois que o presidente Guillermo Lasso decretou a chamada “morte cruzada”, dissolução da Assembleia Nacional, reduzindo o tempo de seu próprio mandato.

    Após assassinato, principais postulantes à Presidência do Equador se pronunciaram nas redes sociais, alguns informaram a suspensão de suas campanhas. Eles também lamentaram o ocorrido e pediram apuração do crime.

    Vídeo registra momento em que o candidato Fernando Villavicencio é baleado ao deixar um comício na capital do Equador
    Vídeo registrou momento em que o candidato Fernando Villavicencio é baleado ao deixar um comício na capital do Equador / Reprodução/CNN

    Bem colocado na pesquisas

    Villavicencio, do El Movimiento Construye, era um dos principais candidatos à Presidência do Equador. Nas pesquisas de opinião, ele oscilava entre a segunda e a quinta colocação.

    As avaliações de tendências eleitorais do país são deficientes em comparação a de outros países da América do Sul como Argentina, Uruguai e Brasil, que possuem institutos com maiores índices de acerto.

    Em junho, segundo o Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica (Celag), Villavicencio estava em quarto lugar, com 8% das intenções de voto, atrás de Luisa González, do partido Revolução Cidadã (30%); Otto Sonnenholzner, da aliança “Vamos Agir” (13%); e Yaku Pérez, da coligação “Claro que é possível” (11%).

    Em 20 de julho, a Cedatos, empresa de pesquisa aprovada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador, apontou que Villavicencio estava em segundo, com 13,2%, atrás apenas de Gonzáles (26,6%) e à frente de Pérez (12,5%) e Sonnenholzner (7,5%).

    *Com informações de Fábio Mendes, da CNN

    Tópicos