Conheça as propostas econômicas dos principais candidatos à Presidência da Argentina
País enfrenta grave crise inflacionária e cambial; primárias definirão quem disputará vaga de Alberto Fernández
As eleições primárias argentinas acontecem neste domingo (13), definindo quem disputará a vaga de Alberto Fernández, que não concorre à reeleição.
Segundo a maioria das pesquisas, os candidatos com maiores chances de chegar à Casa Rosada são:
- o atual ministro da Economia, Sergio Massa;
- o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta;
- a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich
- e o deputado Javier Milei.
Sergio Massa
Muitos analistas afirmam que Massa está em desvantagem nesta campanha devido ao duplo papel de ministro e candidato à Presidência.
Isso porque suas propostas econômicas para o futuro podem ser contrastadas com a pretensão de que sejam aplicadas durante sua atual gestão à frente do Palácio de Hacienda.
Apesar disso, Massa encontra uma maneira de continuar o pleito, tendo argumentado em um de seus primeiros comerciais que “a maior solução que a Argentina tem é vender o que faz para o mundo e ganhar dólares para voltar ao Fundo (Monetário Internacional)”.
A ideia de conseguir dólares, pagar o FMI e tirar a Argentina da crise é recorrente na campanha de Massa.
E ele garante que as medidas econômicas que tomou até agora são “transitórias, mas que têm a ver com a realidade do momento”, o que sugere que as suas decisões no futuro podem ser diferentes.
“Nosso lítio, nosso gás, nosso petróleo, o que o campo produz, o que as indústrias produzem está cada vez mais sendo vendido para o mundo porque isso nos dará dólares para sermos livres, para sermos soberanos”, acrescenta.
Com relação ao mundo do trabalho, Massa prometeu um aumento salarial que combata a inflação e que tenha o Estado como estabilizador das relações sociais.
Ao mesmo tempo, propôs a manutenção dos subsídios econômicos como forma de remuneração indireta, sem descuidar do equilíbrio das contas públicas.
Além das medidas que tomou até agora para tentar conter a inflação (ajuste de gastos públicos, acordos de preços, negociação com empresários para acessar o dólar oficial em troca de permanência nos programas de preços etc.), o ministro não se pronunciou sobre um projeto específico para baixar a inflação durante o que seria seu futuro governo.
Horácio Rodríguez Larreta
Em seu site oficial, o prefeito de Buenos Aires colocou uma série de propostas referentes a diversas áreas, visando governar o país a partir de dezembro.
Entre suas propostas econômicas, destaca-se a ideia de simplificação tributária para a criação de trabalho em pequenas e médias empresas e uma única taxa de câmbio livre durante o primeiro ano de governo.
Também propõe eliminação parcial a caminho de um total de retenções agrícolas e a promessa de “viver sem inflação”, na qual os salários batem os preços crescentes a cada ano.
Para isso, Larreta promete eliminar o déficit fiscal e um Banco Central independente e anti-inflacionário.
Além disso, o candidato promove a abertura de novos mercados para exportar e recuperar o acesso ao crédito.
Patrícia Bullrich
Com base no conceito de “ordem”, a candidata da coalizão Juntos pela Mudança promete eliminar no menor tempo possível a taxa de câmbio, que impede a livre compra e venda de dólares, e estabelecer uma taxa de câmbio única.
Ela garante que a fórmula para conseguir isso consiste em obter “uma série de dólares internacionalmente”. Bullrich afirma que essa é a única forma de atrair investimentos para impulsionar a economia — na verdade, essa unificação cambial implicaria uma desvalorização significativa.
Da mesma forma, a candidata promete eliminar as retenções nas exportações para aliviar a carga tributária do setor, que hoje representa uma parcela significativa da arrecadação do Estado.
No que diz respeito à inflação, a ex-ministra da Segurança considera que é necessário “ajustar o Estado para desalinhar os cidadãos”, nas suas palavras. E aponta que é preciso explodir o regime econômico dos últimos 20 anos, recriar a solvência fiscal e recuperar a credibilidade.
Javier Milei
O deputado da Cidade de Buenos Aires baseou sua campanha quase inteiramente em definições econômicas em sua formação profissional nesse campo — algo que tem em comum com Rodríguez Larreta.
Por meio de um plano de três etapas, o economista almeja mudar o país nos próximos 35 anos. Em primeiro lugar, propõe uma redução de impostos seguida de flexibilidade comercial, financeira e trabalhista.
Depois, no quadro de um programa que, segundo ele, iria durar mais de três décadas, promete fechar o Banco Central e dolarizar a economia, no quadro de uma grande reforma que incluiria uma redução acentuada da despesa pública, a privatização de empresas públicas e eliminação de retenções e de qualquer tipo de tributo na importação de insumos.
Independente de quem vença as eleições, os especialistas têm certeza de que o próximo presidente receberá um país com alta inflação, problemas de reservas, uma economia que deve cair após dois anos de crescimento e uma situação social delicada, com pobreza crescente.