Governistas querem reconvocar Mauro Cid na CPMI após caso Rolex
Ex-ajudante de ordens cotou o valor do relógio dado de presente ao ex-presidente Bolsonaro durante viagem à Arábia Saudita
Parlamentares aliados do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pretendem reconvocar o ex-ajudante de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.
Mauro Cid foi à CPMI em 11 de julho. Ele permaneceu em silêncio após breve fala inicial. Ele conseguiu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para não responder as perguntas dos parlamentares perante fatos que pudessem incriminá-lo.
A vontade de interrogá-lo novamente cresceu após a divulgação de que Mauro Cid cotou o preço de um relógio de luxo da marca Rolex que a comitiva de Bolsonaro havia recebido de presente em viagem oficial ao Reino da Arábia Saudita. A informação foi revelada por meio de e-mails aos quais a CPMI obteve acesso.
Uma outra mensagem de e-mail recebida pela CPMI mostra que um ex-funcionário do Palácio do Planalto orientou que pedras preciosas presenteadas a Jair Bolsonaro fossem “entregues em mão” a Mauro Cid.
O e-mail foi enviado em 27 de outubro de 2022 e é de autoria do ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens, Cleiton Henrique Holzschuk.
Depósitos feitos por Mauro Cid à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também são pontos de interesse de parlamentares governistas na CPMI.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) acredita que uma reconvocação de Mauro Cid ganhou força depois das revelações. Ela também citou a vontade de convocar o próprio casal Bolsonaro, embora estes pedidos ainda sejam mais difíceis de serem aprovados.
Jandira Feghali e o deputado Rogério Correia (PT-MG) já apresentaram requerimentos para reconvocar Mauro Cid, assim como o senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
“Os diversos fatos revelados pelas investigações dos atos golpistas do dia 8 de janeiro, inclusive constante dos documentos desta CPMI após a oitiva do senhor Mauro Cid revelam a necessidade de que o mesmo retorne à esta comissão para prestar os esclarecimentos, notadamente em função da investigação relativa ao financiamento dos atos golpistas, que é uma das linhas desta CPMI”, consta no pedido de Correia, entre outros pontos.
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Nesta terça-feira (8), o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), em resposta a uma fala do Kajuru sobre o assunto, disse se compromete a submeter o pedido de reconvocação de Mauro Cid à apreciação do colegiado.
“Eu quero dizer, entretanto, que eu tenho uma preocupação muito grande com relação a essas questões referentes ao tamanho e ao nível de investigação que essa CPMI está tomando. A CPMI foi criada para investigar os atos relacionados a 8 de janeiro”, ponderou Maia.
“Qualquer denúncia que tenha, que exista, eventualmente, contra o ex-presidente, contra qualquer pessoa que fez parte do seu governo não está necessariamente vinculada a essa CPMI. Então, quero dizer que o fato de haver depósitos em conta de A, de B ou de C, se algum outro parlamentar achar que deve fazer uma outra CPI para investigar eventuais atos de corrupção de pedra preciosa, etc., é direito dos parlamentares. Essa CPMI tem que se ater ao seu objeto, e o seu objeto é investigar o que aconteceu no dia 8 de janeiro”, acrescentou.