Moraes autoriza Torres a ficar em silêncio sobre temas polêmicos em depoimento à CPMI do 8/1
Defesa havia pedido para que ex-ministro possa ficar calado sobre as senhas falsas fornecidas à PF, a minuta do golpe encontrada em sua casa, e as ações da PRF no dia das eleições
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou Anderson Torres a ficar em silêncio em assuntos que possam “resultar em seu prejuízo ou em sua incriminação” durante o depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro nesta terça-feira (8).
Nesta segunda-feira (7), Raquel Landim, âncora da CNN, noticiou o pedido da defesa do ex-ministro da Justiça, que havia solicitado que ele ficasse em silêncio em temas como as senhas falsas fornecidas à Polícia Federal, a minuta do golpe encontrada em sua casa, e as ações da Polícia Rodoviária Federal no dia das eleições.
VÍDEO – Depoimento de Torres é o mais esperado, diz relatora da CPMI do 8/1 à CNN
Os representantes do ex-ministro argumentaram que esses assuntos são objeto de inquéritos sigilosos e que, se falar sobre o assunto, Torres corre o risco de voltar para a cadeia, pois está em prisão domiciliar.
Apesar do pedido para silêncio, a defesa de Torres afirmou a Basília Rodrigues, analista de Política da CNN, que o cliente “quer esclarecer as dúvidas sobre o dia”.
Moraes também permitiu que o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal “seja assistido por advogados durante sua oitiva, podendo comunicar-se com eles, observados os termos regimentais e a condução dos trabalhos pelo Presidente da CPMI”.
Ainda assim, o magistrado manteve a proibição de que Torres tenha contato “pessoal e individual” com os senadores Marcos do Val e Flávio Bolsonaro. Segundo pontuado na decisão, ele levou em consideração “a evidente conexão dos fatos em apuração e as investigações das quais ambos fazem parte”.
Tornozeleira
Conforme apurado por Raquel Landim, âncora da CNN, a defesa de Torres também solicitou a dispensa do recolhimento noturno e do uso da tornozeleira eletrônica por receio, por exemplo, de que o depoimento se estenda e a tornozeleira eletrônica descarregue e ele perca o toque de recolher.
Se isso ocorrer, o ex-ministro voltaria para a prisão.
Até a última atualização desta reportagem, a íntegra despacho do ministro Alexandre de Moraes não havia sido divulgada e o trecho publicado não fazia menção a esse pedido.
O depoimento está marcado para começar às 9h desta terça-feira (8).
*publicado por Tiago Tortella, da CNN