Aracy Balabanian terá velório aberto ao público no Rio nesta terça; veja detalhes
Atriz marcada por seus papéis em novelas morreu aos 83 anos; causa da morte não foi divulgada
O velório da atriz Aracy Balabanian, que morreu aos 83 anos no Rio de Janeiro, acontecerá nesta terça-feira (8) na capital fluminense e será aberto ao público.
A cerimônia aberta ao público acontecerá das 10h às 13h no Salão Assyrio do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Após o velório, o corpo de Aracy será cremado em cerimônia restrita a amigos e parentes, no Cemitério do Caju, informou a assessoria do Theatro.
Miguel Falabella e outros famosos lamentaram a morte. Em seu perfil oficial no Instagram, Falabella agradeceu Aracy pela amizade e parceria dentro e fora dos palcos.
“Obrigado pela honra de ter estado ao seu lado exercendo nosso ofício, obrigado pelo afeto, pelos conselhos, pelas gargalhadas e pela vida que você tão delicadamente me ofereceu”, escreveu.
O presidente Lula também usou as redes sociais para lamentar a morte da atriz e exaltar sua dedicação à arte.
https://twitter.com/LulaOficial/status/1688587917801799692?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1688587917801799692%7Ctwgr%5Eba05c789a2c3539ebe641b8b14074dfc6045a424%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.cnnbrasil.com.br%2Fentretenimento%2Ffamosos-lamentam-morte-de-aracy-balabanian%2F
Filha de imigrantes e paixão pelo teatro
Aracy nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 22 de fevereiro de 1940.
Filha de imigrantes armênios, ela se apaixonou pelo teatro e decidiu ser atriz ao ser levada pelas irmãs mais velhas, quando já morava em São Paulo, para assistir uma peça do dramaturgo Carlo Godoni.
“Eu chorei muito. Estava emocionada porque era aquilo que eu queria. É muito difícil para uma criança de 12 anos, ainda mais naquela época, querer ser atriz e já perceber que ia ter muitas dificuldades”, disse Aracy em depoimento ao Memória Globo.
Ela relembrava que seu pai era contra a escolha de ser atriz: “Comecei em uma época em que não era bonito fazer televisão, nem teatro.”
Aos 14 anos, estudando no Colégio Bandeirantes, na capital paulista, ela assistiu uma palestra do dramaturgo Augusto Boal, que a convidou a fazer um teste para o Teatro Paulista do Estudante. Ela passou e seu primeiro trabalho foi a peça “Almanjarra”.
Ao Memória Globo, ela lembra de ler uma crítica de Décio de Almeida Prado e Sábado Magaldi: “Eles escreveram uma crítica que terminava dizendo: ‘Aracy Balabanian: guardem esse nome’ Eu fique possuída.”
Ao terminar o colégio, ela entrou para a Universidade de São Paulo (USP) onde estudou simultaneamente na Escola de Arte Dramática (EAD) e no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que não chegou a concluir.
Carreira na televisão e a paixão por novelas
Após participar de alguns espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), ela participou de uma adaptação da tragédia grega de Sófocles, “Antígona”, em um teleteatro da TV Tupi. Ali começou sua carreira na televisão, que durou mais de 50 anos e passou por mais de 30 novelas.
A primeira foi entre o final de 1964 e início de 1965, na TV Record: “Marcados pelo Amor”, escrita por Walther Negrão e Roberto Freire. Em 1968, fez a novela “Antônio Maria”, na qual fez par romântico com o ator Sérgio Cardoso. Ela contava que foi esse papel que fez seu pai aceitar sua escolha de carreira.
“Eu costumo dizer que o Brasil parou nessa novela e o meu pai parou em mim”, disse ao Memória Globo. A estreia na TV Globo, onde trabalhou até o final de sua vida, foi em 1972, na novela das sete em preto-e-branco “O Primeiro Amor”, exibida entre janeiro e outubro daquele ano.
Em 1973, viveu Gabriela e contracenava com os bonecos personagens do infantil “Vila Sésamo”.
“Vinte anos depois, eu comecei a ver moças e rapazes me chamando de ‘minha Xuxa’. É muito gratificante saber que tem crianças que aprenderam a falar cantando a musiquinha de Vila Sésamo”, disse ao Memória Globo.
Foram incontáveis novelas e outras produções ao longo dos anos 1970 e 1980, mas foi nos anos 1990 que viveu seus maiores sucessos.
“Rainha da Sucata”
Em 1990, Aracy Balabanian ganhou do escritor Silvio de Abreu o papel de “dona Armênia”, em “Rainha da Sucata” – trama cujo tema principal era “a oposição entre os novos-ricos e a elite paulista decadente”.
A personagem, com referência à ascendência da própria atriz, era uma armênia rabugenta que morava no Brasil há muitos anos e mãe superprotetora dos filhos Gera, Gino e Gerson.
Ela acaba se tornando proprietária do terreno onde está a empresa da protagonista Maria do Carmo (atriz Regina Duarte), que enriqueceu com os negócios do ferro-velho do pai.
Ao resolver demolir o prédio, dona Armênia viveu um diálogo que marcou a carreira de Aracy, quando ela promete colocar o prédio “na chon”.
“Minha mãe era uma mulher toda aplicada, mas nós tínhamos uma vizinha que falava muito alto, que se metia na vida de todo mundo. Então, eu fiz um pouco assim. Foi uma loucura o sucesso da personagem”, disse Aracy ao Memória Globo.
A personagem fez tanto sucesso que Silvio de Abreu trouxe dona Armênia e seus filhos de volta na novela “Deus Nos Acuda”, em 1992.
“Sai de Baixo”
Em 1996, ela vive outro de seus maiores sucessos como Cassandra, uma das moradoras do 6º andar de um edifício residencial no centro de São Paulo com vista para o Largo do Arouche, em “Sai de Baixo”.
Contracenando com Miguel Falabella, Marisa Orth, Claudia Jimenez, Luis Gustavo e outros, Aracy participou das oito temporadas da sitcom de sucesso da TV Globo, que era gravada no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.
A interação com plateia, os atores saindo do personagem e erros engraçados que não eram cortados na edição viraram marcos do seriado que teve mais de 240 episódios.
A personagem de Aracy, Cassandra, era mãe de Magda (Marisa Orth), esposa de Caco Antibes (Miguel Falabella), e foi morar com o casal após a morte de seu marido.
“Eu me vi fazendo uma coisa que é o sonho de todo ator: teatro e televisão, ao mesmo tempo. Só que era um espetáculo ensaiado em uma tarde”, disse Aracy ao Memória Globo.
“Marisa Orth e eu fomos as primeiras a chegar para o Daniel Filho e dizer: ‘Não vai dar, tira a gente’. Mas eu acho que nós fomos ficando sem-vergonhas e descobrimos que o público gostava mesmo era de nos ver errar. Quando passou esse susto de ‘não podemos errar’, a gente se divertiu muito”, acrescentou.
“Da Cor do Pecado”, “Passione”, “Saramandaia”, “Sol Nascente” e mais: Aracy continuou a participar de produções da TV Globo até os últimos anos de vida. Sua última participação foi no especial de fim de ano, em 2019, “Juntos a Magia Acontece”.
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