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      Maurício Voivodic - Diretor Executivo do WWF-Brasil

      Maurício Voivodic é diretor executivo do WWF-Brasil. Fez carreira no Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), onde passou por diversos cargos e áreas de atuação, chegando à direção executiva.

      Paralelamente, foi membro do conselho diretor de duas organizações internacionais: ISEAL e Sustainable Agriculture Network (SAN), do Steering Committee do Tropical Forest Alliance 2020, e fellow do programa Climate Strategies Accelerator.

      Sua atuação é marcada por contribuições nacionais e internacionais em debates sobre sustentabilidade, silvicultura, mudanças climáticas e trabalhos extensivos em processos de certificação para pequenos produtores, grupos comunitários e indígenas e empresas madeireiras.

      Voivodic é formado pela Universidade de São Paulo (USP), engenheiro florestal com mestrado em Ciências Ambientais. Seus estudos são direcionados para sistemas de governança não-estatais, em particular a dinâmica institucional de sistemas de certificação voluntária entre as partes interessadas e mercado.

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    • Roberto Troya
      Roberto Troya - Diretor Regional do WWF-América Latina

      Roberto Troya é vice-presidente dos escritórios nacionais do WWF-EUA e diretor regional do WWF-América Latina desde 2009.

      Ele também supervisionou os escritórios nacionais do WWF na África, Ásia, Europa e Grande Mekong para o WWF Internacional. Roberto é especialista em política de conservação internacional e latino-americana, com sólida experiência em planejamento estratégico, captação de recursos e gestão.

      Possui mestrado em direito (LL.M) pela Harvard Law School e doutorado pela Universidade Católica do Equador.

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    Cúpula de presidentes precisa ouvir chamado urgente da Amazônia

    A Floresta Amazônica está enviando um pedido de ajuda ao mundo. Em poucos dias, descobriremos se esse chamado será ignorado ou se vai motivar os governos dos países da região a responder a essa inegável emergência global.

    Nos dias 8 e 9 de agosto, os líderes de oito países da Amazônia, bem como de nações parceiras, se reúnem em Belém do Pará para elaborar um plano de ação unificado para proteger a Amazônia, promover o desenvolvimento sustentável e garantir os direitos dos povos indígenas. Com a Amazônia cercada de problemas e se aproximando rapidamente de um ponto crítico, a cúpula precisa estabelecer metas para 2030. Aos menos três delas são urgentes: alcançar o desmatamento zero, acabar com a mineração ilegal de ouro e conservar 80% da Amazônia. Trata-se de objetivos ambiciosos, com certeza, mas é o mínimo necessário se quisermos ter alguma chance de salvar esse ecossistema insubstituível.

    É importante compreender a amplitude da crise que enfrentamos. As políticas que favorecem o desmatamento para expansão agrícola e atividades extrativas deixaram a Amazônia e seus habitantes em uma encruzilhada crítica. O controle e as regulamentações ambientais frouxas levaram a taxas crescentes de desmatamento entre 2019 e 2022. A devastação resultante causada pelo desmatamento, incêndios florestais e o garimpo tem causado uma perda sem precedentes de espécies vegetais e animais, bem como meios de subsistência das pessoas. Nesse período, uma área de floresta maior que a Bélgica foi perdida, uma taxa nunca vista nos últimos 15 anos. Só um esforço conjunto e coordenado, decisões corajosas em níveis nacional e transnacional, poderão reverter essa tendência.

    Por trás desses números estão as vidas e os meios de subsistência de mais de 47 milhões de pessoas, incluindo dois milhões de habitantes indígenas, que chamam a Amazônia de lar. O futuro deles está em jogo, assim como o futuro de todo o mundo.

    Os benefícios de uma Amazônia saudável e intacta se estendem muito além das fronteiras das nove nações que a abrangem. A Amazônia é a maior e mais significativa floresta tropical do mundo, contendo 10% da biodiversidade da Terra. Por biodiversidade, queremos dizer a multidão de diferentes espécies que habitam nosso planeta, desde pequenos insetos até altas árvores, e os diferentes ecossistemas que formam, como florestas, água doce e áreas úmidas. Imagine-a como uma vasta e colorida tapeçaria da vida na Terra, cada fio representando uma forma de vida única ou um ecossistema, entrelaçados para criar o mundo como o conhecemos. Se essa tapeçaria se desfizer, corremos o risco de perder uma grande variedade de benefícios que a natureza nos proporciona, incluindo alimentos, energia, água potável limpa, medicamentos e muito mais.

    Um desses benefícios naturais cruciais é a regulação climática global. A ciência nos diz que devemos manter o aquecimento planetário abaixo de 2°C para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. A ciência também nos diz que alcançar esse objetivo sem a ajuda da Amazônia é extremamente improvável. A Amazônia armazena entre 367 e 733 gigatoneladas de CO2 em sua vegetação e solo – CO2 que, caso contrário, acabaria na atmosfera e contribuiria para o aquecimento do planeta. Ao desmatar a floresta, estamos rapidamente transformando esse sumidouro de carbono com séculos de existência em uma fonte de carbono. Em suma, estamos eliminando um de nossos aliados mais essenciais na luta para acabar com as mudanças climáticas.

    Existem consequências irreversíveis ao ultrapassar certos limites. As secas recorrentes que castigam os produtores agropecuários do Sul do Brasil e do Chaco argentino, bem como os eventos extremos que o hemisfério norte enfrenta neste verão, dão uma ideia do que isso representaria. A Amazônia pode cruzar essa linha se perder mais de 20% de suas florestas e biodiversidade. Até 2022, ela já havia perdido 17%.

    À medida que nos aproximamos da cúpula, vemos raios de esperança. Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Gustavo Petro, da Colômbia, já demonstraram a intenção de firmar um compromisso audacioso para proteger a Amazônia e defender os povos indígenas e as comunidades tradicionais –que precisam ter suas áreas reconhecidas e demarcadas. O WWF-Brasil, bem como os escritórios do WWF em outros países da região, insta todos os líderes da cúpula a abraçarem essa abordagem, que exige compromissos de cada nação amazônica para eliminar o desmatamento, acabar com a corrida ilegal do ouro e a poluição dos rios com mercúrio, e conservar os vastos territórios da Amazônia por meio de uma gestão eficaz e inclusiva de paisagens e bacias – e alcançar tudo isso até 2030.

    Além disso, é imperativo que as nações amazônicas sigam rapidamente esses compromissos com planos de colaboração entre fronteiras e setores – com os povos indígenas e comunidades locais, a sociedade civil, o setor empresarial, a academia e as instituições financeiras – para mobilizar os recursos e a experiência necessários para esse empreendimento ambicioso, mas vital. Somente unindo forças podemos garantir uma Amazônia saudável, que continue a fornecer inestimáveis serviços ambientais, econômicos e culturais ao mundo.

    A ciência é clara. Os sinais estão visíveis para todos. O momento de salvar a Amazônia é agora.

     

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