Privatização da Sabesp vira moeda de troca entre Tarcisio e Nunes, apontam aliados
Processo se tornou uma carta na manga que Nunes tem para convencer Tarcísio a apoiá-lo para a reeleição
A privatização da Sabesp virou uma moeda de troca entre os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disseram à CNN aliados de ambos.
O motivo é que, sem o aval do município de São Paulo, a privatização não sai.
VÍDEO – Ibovespa opera em quedas com perdas de Petrobras e Sabesp
No contrato entre a Sabesp e o município, a cláusula número 68 do capítulo dois prevê, entre as hipóteses de extinção do contrato, a “transferência do controle da Sabesp à iniciativa privada”. Assim, o município poderia simplesmente romper o contrato com a Sabesp se houver a privatização.
Como a capital paulista é responsável por 44,5% da receita de saneamento da Sabesp, se isso ocorresse, a venda da estatal ficaria inviabilizada.
Esse percentual corresponde a R$ 8,29 bilhões de um total de R$ 18,63 bilhões, segundo dados apurados pela CNN com a empresa.
Com isso, a privatização da Sabesp se tornou uma carta na manga que Nunes tem para convencer Tarcísio a apoiá-lo para a reeleição no ano que vem, de acordo com aliados de ambos.
O governador vem se aproximando do prefeito nas últimas semanas, mas ainda não formalizou seu apoio a ele para 2024.
Aliados de Tarcísio avaliam que a aposta em Nunes é arriscada e que o governador corre o risco de sofrer uma derrota política. Para Nunes, porém, ter o apoio do governador é essencial para se tornar competitivo.
Na segunda-feira (31), o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos do Governo de São Paulo aprovou o modelo de privatização da Sabesp.
Agora, cabe à Assembleia Legislativa de São Paulo aprovar um projeto até o final deste ano.
A ideia do governo é que a venda seja concluída no primeiro semestre de 2024.
Líder nas pesquisas ao comando da Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou à CNN ser contra a privatização, deixando claro que, se ele vencer e o processo se arrastar até 2025, o município não endossará a privatização.
À CNN, Boulos disse que “se ocorrer, a privatização vai encarecer o custo da conta de água da população de todas as cidades atendidas pela Sabesp, não só da capital”.
É o que aconteceu em várias cidades onde a água foi privatizada — no Rio de Janeiro, por exemplo, a conta ficou até 800% mais cara.
Guilherme Boulos
Boulos continua na crítica: “Isso para não falar do absurdo que é usar a água dos paulistanos como instrumento de barganha política. Mais de 260 cidades ao redor do mundo — como Paris e Berlim — estão retomando a propriedade pública da água após verem fracassar este modelo. É lamentável que o prefeito vá na contramão do mundo ao apoiar esse retrocesso”.
Procurado, o prefeito Ricardo Nunes disse à CNN considerar que o eventual apoio de Tarcísio a ele não tem relação com a Sabesp.
Tarcísio vai me apoiar pela relação de amizade, confiança, que temos. Sobre a Sabesp, eu já disse que topamos se a tarifa não subir e se manter o que temos hoje que é 7,5% do faturamento destinado para o FMSAI e que 13% devem ser investidos aqui no saneamento. Vou defender a minha Cidade.
Ricardo Nunes