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    Melhora da nota do Brasil deve pressionar queda do dólar ainda este ano, dizem especialistas

    Fitch Ratings elevou de “BB-” para “BB” a classificação de risco de crédito do Brasil, o que deve elevar o fluxo de investimentos para o Brasil e a oferta de moeda norte-americana

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    O processo de valorização do real em relação ao dólar deve se acentuar ao longo dos próximos meses depois que a Fitch Ratings elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito soberano no Brasil, segundo especialistas ouvidos pela CNN.

    Para o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da consultoria MacroSector, a redução de rating é “sempre uma boa notícia”, e tende a provocar uma pressão baixista para o dólar já neste ano.

    Segundo o economista, a decisão contribui para reduzir o custo de financiamento e atrair investimentos para o país, o que eleva a oferta de divisas internacionais, reduzindo seu custo.  

    “O ingresso de capitais no Brasil deve se manter, gerando um bom fluxo de capital estrangeiro no país”, explica.  

    Como consequência, explica o especialista, há uma tendência de valorização do real frente ao dólar nos próximos meses.

    De janeiro ao dia 24 de julho deste ano, o dólar registrou a maior desvalorização em oito anos, com uma queda acumulada de 9,05%, segundo levantamento realizado pela TradMap. A última grande desvalorização da moeda americana neste intervalo de tempo foi em 2016, quando caiu 15,86%.

    “Se hoje o mercado trabalha com dólar a R$ 5 ou R$ 5,10 no final do ano, essa taxa de câmbio tende a sofrer uma pressão baixista adicional”, pontua.

    No longo prazo, o economista avalia que a inflação deve sentir essa pressão também. “Essa notícia, se manter uma tendência no longo prazo, também contribui para um movimento de queda da inflação em 2024”, afirma

    Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável, concorda que a decisão pode “derrubar ainda mais a cotação do dólar frente ao real”. 

    Ele explica que a redução na avaliação de risco reflete a melhora na avaliação da agência em relação à capacidade do Brasil em honrar seus compromissos financeiros. 

    O especialista destaca que a Fitch elogiou a política monetária do Banco Central e ressaltou a queda da inflação no último ano.  A agência também a melhora da expectativa da trajetória da dívida, pontuou Boragini, e espera que o Brasil alcance um superávit comercial recorde em 2023.  

    “Uma notícia positiva para o Brasil, e que pode, sim, refletir na bolsa”, avalia o especialista de renda variável.

    Mercado hoje

    Mas o impacto positivo da decisão da Fitch para os mercados não deve ser sentido no curtíssimo prazo, pontuam os especialistas.

    Para Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos, a medida foi ofuscada pela agenda do dia, com o anúncio do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.

    “No curtíssimo prazo, o impacto é menor, porque a agência S&P já tinha feito um movimento e surtiu um impacto maior no dia”, explica.

    “Ainda mais tendo uma decisão de juros nos EUA hoje”, ressalta o especialista.

    Por volta das 11h15, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuava 0,46%, aos 121.443 pontos. No mesmo horário, o dólar perdia 0,27%, a R$ 4,73.

    No longo prazo, Gustavo concorda que a decisão favorece o fluxo de recursos para o Brasil.

    “Diversos fundos internacionais têm uma limitação por nota mesmo, o país precisa estar em determinado patamar de rating para receber alocação de recursos”, explica.

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