IPCA-15 mostra inflação controlada e reforça corte nos juros, dizem especialistas
Prévia da inflação oficial é o último dado de preços antes da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 1º e 2 de agosto
A deflação de 0,07% registrada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho — divulgado nesta terça-feira (25) — sinaliza que a inflação está controlada e reforça a tese de está na hora de o Banco Central (BC) iniciar o afrouxamento na política monetária, segundo especialistas ouvidos pela CNN.
O IPCA-15 é considerado a prévia do IPCA, a inflação oficial. O dado de julho foi o primeiro resultado negativo do indicador em nove meses, e um pouco abaixo da mediana de estimativas do mercado, que calculavam uma inflação negativa de 0,03%.
Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec no Rio de Janeiro, explica que um ponto relevante sobre o resultado é que ele demonstra que “as políticas do Banco Central (BC) para controlar a inflação têm apresentado resultado, então temos uma inflação controlada”.
Para o especialista, essa é uma demonstração também de que pode estar chegando a hora de um arrefecimento nas taxas de juros, para permitir um pouco mais de consumo ao mercado.
O IPCA-15 é o último dado de inflação antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que irá decidir sobre o futuro da taxa básica de juros. O mercado espera um corte de 0,25 ponto na Selic após a reunião.
“A responsabilidade do governo e do banco central não podem ser colocadas em cheque, visto que nesse momento temos uma inflação bastante controlada”, ressalta o professor do Ibmec.
Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, concorda que o resultado de hoje pode viabilizar uma queda de até 0,50% da taxa Selic na próxima reunião. Mas avalia que um recuo de 0,25% na taxa “ainda é o mais provável”.
Destaques do resultado
O principal impacto negativo para o resultado do IPCA-15 de julho veio da retração nos preços da energia elétrica residencial (-3,45%), após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho.
Além da energia elétrica residencial (-3,45%), a queda nos preços do botijão de gás (-2,10%) também influenciou a retração do grupo Habitação (-0,94%), um dos que mais impactaram o índice geral. Já a taxa de água de esgoto (0,20%) está entre os itens que subiram.
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, ressalta que a deflação do grupo de alimentação e bebidas (-0,40%) também foi parte importante do resultado geral.
“O desempenho dos alimentos no ano tem contribuído para a maior convergência do resultado da inflação com o que tem sido estabelecido de meta para ele”, ressalta.
Além disso, o economista também menciona a desaceleração da inflação de serviços no mês.
“Esse grupo é acompanhado de perto pelo Banco Central, porque tem uma capacidade muito grande de traduzir o caráter da nossa inflação”, avalia.
Excluindo fatores sazonais, “que não devem impactar os preços ao consumidor brasileiro nos próximos resultados”, Pizzani pontua que o movimento da inflação tem sido “muito positivo nos últimos meses, com a política monetária do BC surtindo efeito e sendo capaz de promover uma maior estabilidade de preços”.
Para o economista, o início do corte de juros “certamente” começará na próxima reunião do Copom.