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    Governo do Distrito Federal associa cabelo ‘black power’ a queimadas e gera questionamentos

    Governo disse que era necessário que campanha "fosse impactante para chamar a atenção e motivar atitudes preventivas"

    Beatrice MesianoLeonardo Ribbeiroda CNN , Brasília

    O Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) foi acionado para verificar se o Governo do Distrito Federal (GDF) cometeu irregularidade ao veicular na mídia uma propaganda que associa cabelo ‘black power’ a queimadas. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) também apura o caso.

    A denúncia junto ao Conar foi feita pelo deputado distrital Max Maciel (PSOL), integrante da Comissão de Direitos Humanos do legislativo local. “O cabelo ‘black power’ não é apenas um penteado, mas uma marca de valorização identitária e de resistência ao racismo, que ainda não é aceito em vários espaços e alvo de discriminação”, escreveu o parlamentar nos documentos.

    “Relacioná-lo a um grave problema ambiental da capital federal não pode ter uma leitura associativa positiva em uma sociedade que insiste em associar o cabelo crespo ao cabelo queimado e malcuidado”, completou Max Maciel.

    O anúncio, idealizado pela agência Babel Publicidade e aprovado pela Secretaria de Comunicação do Distrito Federal, começou a ser divulgado no dia 12 de julho. No entanto, diante das denúncias, foi retirado do ar.

    Na propaganda em questão, é visualizado, na parte superior, uma árvore com galhos incinerados por queimada, e, na parte inferior, o rosto de um homem negro com o cabelo blackpower de forma que as imagens se unem, sugerindo, segundo Maciel, “que a árvore em chamas compõe a identidade étnica do modelo, mostrando o cabelo crespo como um cabelo queimado”.

    Em nota, o GDF informou que “por se tratar de uma campanha educativa, que necessita influenciar a postura das pessoas, era necessário que fosse impactante para chamar a atenção e motivar atitudes preventivas”.

    Ainda de acordo com o governo do DF, “o conceito visual mostra a imagem de uma árvore em chamas que dá continuidade aos rostos de pessoas. Isso porque as pessoas podem eventualmente ser afetadas pelo dano ao meio ambiente”.

    À CNN, o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do MPDFT informou que vai rever a continuidade do procedimento de investigação sobre a campanha após o secretário de Comunicação, Weligton Moraes, explicar a publicidade.

    “O poder público precisa buscar aprimorar a prestação do serviço público, inclusive no que tange à veiculação de informações, que além do compromisso com a verdade, precisa observar os direitos e anseios de toda a população, abrangendo toda a diversidade do povo brasileiro”, destacou a promotora de Justiça Mariana Nunes.

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