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    Modelo negra se reúne hoje com representantes de loja acusada de racismo

    A empresa chegou a propor que a modelo fosse garota propaganda da marca, o que foi recusado

    Renato Pereirada CNN

    A princesa do Carnaval 2022 de São Paulo, Daniela Orcisse, de 35 anos, e sua advogada, Paloma Santos e Silva, se reúnem na tarde desta segunda-feira (24) com representantes da loja Águia Shoes, que acusou a modelo de ter furtado a própria blusa.

    A empresa chegou a propor que a modelo fosse garota propaganda da marca, o que foi recusado. Daniela e sua advogada ainda tentam a liberação das imagens do circuito interno de segurança para corroborar a versão apresentada por ela.

    “A loja propôs que a Dani fosse garota propaganda da marca, como forma de retratação, mas não tem o menor sentido vincular a imagem dela à imagem da empresa. A empresa foi racista e tem toda a questão do abalo moral sofrido por ela. Eles entenderam e vamos verificar o que pode ser feito, até porque pedimos uma retratação pública que ainda não aconteceu”, afirmou a advogada Paloma Santos e Silva, que representa a modelo e presenciou o episódio.

    “A loja quer propor um acordo, mas nem cederam as imagens do sistema de segurança ainda, assim como não houve a retratação pública. As imagens são importantes para mostrar que ela entrou na loja com a blusa”, completou Paloma.

    O caso aconteceu no sábado (15). A modelo, que foi princesa do Carnaval 2022 de São Paulo, foi abordada já fora da loja por um funcionário do estabelecimento que a acusou do furto. A confusão teria acontecido depois que uma cliente disse ao gerente da Águia Shoes que Daniela havia saído da loja com uma das blusas em exposição, no entanto, era uma peça da própria modelo.

    Imagens obtidas pela CNN mostram a modelo minutos antes de entrar na Águia Shoes, em um outro estabelecimento, em que é possível ver a modelo carregando a blusa que deu origem à acusação nos braços.

    Por meio de nota, o advogado Francisco Carneiro, que representa a Águia Shoes, reafirmou que a loja não é uma empresa racista e que o funcionário envolvido no episódio foi afastado.

    Veja a nota.

    “A princípio queremos esclarecer que não há racismo na empresa. Estamos apurando devidamente os fatos e se houve excesso na atitude do funcionário da empresa. O funcionário já foi devidamente advertido e afastado e estamos tomando as providências legais, de acordo com as leis trabalhistas. Estamos em contato com a advogada da cliente e verificando em conjunto a melhor forma de reparação do ocorrido e manutenção da melhor relação entre as partes. Todo cliente é importante para a empresa. Ressaltamos que acreditamos na igualdade de todas as pessoas, independentemente de sua raça, etnia, religião, gênero ou orientação sexual. Todas as medidas cabíveis serão tomadas. A empresa atua contra qualquer forma de discriminação e estamos comprometidos em cultivar uma cultura de respeito mútuo, em que todos se sintam seguros. O gerente continua afastado e estamos estudando as medidas cabíveis de acordo com a legislação trabalhista. Nosso objetivo é recuperar a confiança da cliente na empresa e estamos em contato com sua advogada para juntos vermos como isso será efetivado”.

    Entenda o caso

    Daniela Orcisse divulgou em suas redes sociais no último dia 16 que havia sido vítima de racismo na loja Águia Shoes, em Cidade São Mateus, bairro da zona leste de São Paulo.

    A modelo foi acusada de roubar a própria blusa por uma cliente do estabelecimento, de acordo com a advogada Paloma Santos e Silva, que representa a modelo. A confusão teria acontecido pela semelhança entre o protetor de zíper da roupa da modelo com a de peças vendidas na loja.

    Segundo a advogada, Daniela foi seguida por um homem, que se apresentou como gerente da Loja Águia Shoes. Ele teria acusado a modelo de furtar do estabelecimento uma blusa que era da própria modelo.

    A abordagem só foi interrompida quando a advogada, que passava pelo local, interveio a favor da modelo. “Estávamos minha irmã e eu em uma loja em São Mateus quando vimos uma pessoa abordando a Dani e ouvimos ela dizendo ‘não roubei’. Voltamos à loja e alegaram, inicialmente, que ela saiu da loja com uma blusa preta nas mãos e uma cliente disse que ela havia roubado”.

    Segundo a advogada, “o gerente da loja teria sido comunicado e foi atrás dela”. “Voltamos à loja e pedimos acesso às imagens de câmera de segurança, mas disseram que não havia”.

    A blusa de Daniela tem o mesmo protetor de zíper que há em blusas da loja. “E tudo o que aconteceu foi baseado neste lacre de zíper parecido”, diz a advogada.

    Paloma comenta que funcionários da loja teriam admitido o erro e, como pedido de desculpas, ofereceram vales-compra a ela e à Daniela. “Informei a gerente que não aceitaria o vale-compra, assim como a Dani, e questionei se aquele era um procedimento padrão da loja e se teria acontecido caso fosse uma mulher branca”, completou Paloma.

    A modelo registrou um boletim de ocorrência e uma ação civil de racismo foi apresentada na terça-feira (18) para que o episódio fosse apurado. “A loja já foi notificada extrajudicialmente para apresentar as imagens do sistema de segurança em 48 horas”, informou Paloma.

    Daniela acumula 21 mil seguidores em uma rede social.

    Na ocasião, a Águia Shoes disse, pelas redes sociais, que todas as informações seriam verificadas. “Tomaremos medidas firmes contra qualquer forma de discriminação ou preconceito, promovendo a diversidade e a valorização da individualidade. Estamos comprometidos em cultivar uma cultura de respeito mútuo, em que todos se sintam seguros e apoiados”.

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