“Muitos podem morrer” com fim do acordo de grãos, alerta ONU
Rússia rompeu negociações após alegar que os países ocidentais não estavam cumprindo alguns itens, como garantir a chegada os alimentos para os países mais pobres da África
O aumento nos preços dos grãos desde que a Rússia deixou um acordo que permitia a exportação segura de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro “ameaça potencialmente a fome e pior que isso para milhões de pessoas”, disse o chefe de ajuda da Organização das Nações Unidas ao Conselho de Segurança na sexta-feira.
A Rússia deixou o acordo de grãos do Mar Negro na segunda-feira, dizendo que as demandas para melhorar suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes não foram atendidas e reclamando que grãos ucranianos não tinham chegado a países pobres em volumes suficientes.
Os contratos futuros de trigo dos EUA em Chicago subiram mais de 6% esta semana e tiveram seu maior ganho diário na quarta-feira desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, mas reduziram alguns desses ganhos na sexta-feira em parte devido às esperanças de que a Rússia possa retomar as negociações sobre o acordo.
- 1 de 20
Veja imagens que mostram a destruição da guerra na Ucrânia após cerca de um ano e meio de conflito • 30/06/2023 REUTERS/Valentyn Ogirenko
- 2 de 20
Vista mostra ponte Chonhar danificada após ataque de míssil ucraniano, em Kherson, Ucrânia • 22/06/2023Líder da região de Kherson Vladimir Saldo via Telegram/Handout via REUTERS
- 3 de 20
Casas inundadas em bairro de Kherson, Ucrânia, quarta-feira, 7 de junho de 2023. • Felipe Dana/AP
-
- 4 de 20
Prédio destruído em Mariupol, na Ucrânia • 14/04/2022 REUTERS/Pavel Klimov
- 5 de 20
Área residencial inundada após o colapso da barragem de Nova Kakhovka na cidade de Hola Prystan, na região de Kherson, Ucrânia, controlada pela Rússia, em 8 de junho. • Alexander Ermochenko/Reuters
- 6 de 20
Imagens de drone obtidas pelo The Wall Street Journal mostram soldado russo se rendendo a um drone ucraniano no campo de batalha de Bakhmut em maio. • The Wall Street Journal
-
- 7 de 20
Vista aérea da cidade ucraniana de Bakhmut • Vista área da cidade ucraniana de Bakhmut em imagem de vídeo15/06/202393rd Kholodnyi Yar Brigade/Divulgação via REUTERS
- 8 de 20
Socorristas trabalham em casa atingida por míssil, em Kramatorsk, Ucrânia • 14/06/2023Serviço de Imprensa do Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia/Handout via REUTERS
- 9 de 20
A cidade de Velyka Novosilka, na linha de frente, carrega as cicatrizes de um ano e meio de bombardeios. • Vasco Cotovio/CNN
-
- 10 de 20
Crateras e foguetes não detonados são uma visão comum na cidade de Velyka Novosilka, que foi atacada pelas forças russas. • Vasco Cotovio/CNN
- 11 de 20
Policial ucraniano dentro de cratera perto do edifício danificado por drone russo. • Reprodução/Reuters
- 12 de 20
Rescaldo de um ataque de míssil russo na região de Zhytomyr • Bombeiros trabalham em área residencial após ataque de míssil russo na cidade de Zviahel, Ucrânia09/06/2023. Press service of the State Emergency Service of Ukraine in Zhytomyr region/Handout via REUTERS
-
- 13 de 20
Danos à barragem de Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia, são vistos em uma captura de tela de um vídeo de mídia social. • Telegram/@DDGeopolitics
- 14 de 20
Vista da ponte destruída sobre o rio Donets • Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images
- 15 de 20
Ataque com míssil mata criança de 2 anos e deixa 22 pessoas feridas na Ucrânia, diz governo • Ministério da Defesa da Ucrânia/Divulgação/Twitter
-
- 16 de 20
Foto tirada por ucraniana após ataques com drones russos contra Kiev. Drones foram abatidos, mas destroços provocaram estragos. • Andre Luis Alves/Anadolu Agency via Getty Images
- 17 de 20
Morador local de pé em frente a prédio residencial fortemente danificado durante o conflito Rússia-Ucrânia, no assentamento de Toshkivka, região de Luhansk, Ucrânia controlada pela Rússia • 24/03/2023REUTERS/Alexander Ermochenko
- 18 de 20
Soldados ucranianos disparam artilharia na linha de frente de Donetsk em 24 de abril de 2023. • Muhammed Enes Yildirim/Agência Anadolu/Getty Images
-
- 19 de 20
Ataque de mísseis russos atingem prédio residencial em Uman, na região central da Ucrânia • Reuters
- 20 de 20
Vista aérea da cidade ucraniana de Bakhmut capturada via drone • 15/04/2023 Adam Tactic Group/Divulgação via REUTERS
“Os preços mais altos serão sentidos de forma mais aguda pelas famílias nos países em desenvolvimento”, disse Martin Griffiths ao Conselho de 15 membros, acrescentando que atualmente cerca de 362 milhões de pessoas em 69 países precisam de ajuda humanitária.
“Alguns passarão fome, alguns morrerão de fome, muitos podem morrer como resultado dessas decisões”, disse ele.
O acordo foi negociado há um ano pela ONU e pela Turquia para combater uma crise alimentar global agravada pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022. A Ucrânia e a Rússia estão entre os principais exportadores de grãos do mundo.
A ONU argumentou que o acordo do Mar Negro beneficiou os países mais pobres ao ajudar a baixar os preços dos alimentos em mais de 23% globalmente. O Programa Mundial de Alimentos da ONU também embarcou cerca de 725 mil toneladas de grãos ucranianos para ajudar as operações no Afeganistão, Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália, Sudão e Iêmen.
Mas Mikhail Khan, um macroeconomista que a Rússia pediu para apresentar um informe ao Conselho de Segurança, disse que os países mais pobres receberam apenas 3% dos grãos.
“A avaliação qualitativa do impacto do acordo de grãos em termos de provisões de grãos ucranianos para os mercados globais não é essencialmente muito significativa”, disse ele.
Potencialmente catastrófico
A Rússia está negociando exportações de alimentos para os países mais necessitados após sua saída do acordo, mas ainda não assinou nenhum contrato, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, em Moscou nesta sexta-feira.
A Rússia atacou as instalações de exportação de alimentos da Ucrânia pelo quarto dia consecutivo nesta sexta. Moscou descreveu os ataques a portos como uma vingança por um ataque ucraniano na ponte da Rússia para a Crimeia na segunda-feira.
“A nova onda de ataques aos portos ucranianos corre o risco de ter impactos de longo alcance na segurança alimentar global, em particular nos países em desenvolvimento”, disse a chefe de assuntos políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, ao Conselho de Segurança.
A Rússia disse que agora vai considerar qualquer navio que navegue para os portos ucranianos do Mar Negro como possivelmente transportando cargas militares. Kiev respondeu anunciando medidas semelhantes contra embarcações com destino à Rússia ou território ucraniano ocupado pela Rússia.
DiCarlo disse que essas ameaças eram “inaceitáveis”.
“Qualquer risco de propagação do conflito como resultado de um incidente militar no Mar Negro – seja intencional ou acidental – deve ser evitado a todo custo, pois isso pode resultar em consequências potencialmente catastróficas para todos nós”, disse ela.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, espera se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, no próximo mês e disse que essas negociações podem levar à restauração do acordo de grãos do Mar Negro, pedindo aos países ocidentais que considerem as demandas da Rússia, noticiaram emissoras turcas nesta sexta-feira.
(Reportagem adicional de Sybille de La Hamaide em Paris)