Quem é o físico americano que tem história contada em filme “Oppenheimer”
Produção estreia hoje nos cinemas brasileiros; elenco tem Cillian Murphy e Robert Downey Jr.
Movimentando as redes sociais e o público, o filme “Oppenheimer”, que estreou nesta quinta-feira (20), tem direção de roteiro de Christopher Nolan, três horas de duração e conta Cillian Murphy, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Emily Blunt e Matt Damon no elenco.
O drama biográfico é baseado no livro vencedor do prêmio Pulitzer “Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J Robert Oppenhemer”, que foi escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin e lançado em 2005. A história retrata a vida de Oppenheimer que foi um físico teórico e professor da Universidade da Califórnia e o diretor do Projeto Manhattan, responsável por construir as primeiras bombas atômicas da história.
Mas quem foi J. Robert Oppenheimer?
Oppenheimer nasceu no dia 22 de abril de 1904 em Nova York. Filho de um imigrante alemão que enriqueceu importando tecidos, sua família fazia parte da Ethical Culture Society, um movimento progressista que acreditava que os princípios morais não devem ser fundamentados em dogmas religiosos e filosóficos, promovendo o bem-estar social.
Liderados por Felix Adler, a sociedade buscava a justiça social, a responsabilidade cívica e o humanismo secular.
Matriculado na Ethical Culture School, fundada por Felix Adler, Oppenheimer chamava atenção por suas habilidades desde cedo. Estudando minerais, física e química, o jovem foi convidado a dar palestras com apenas 12 anos da idade.
Oppenheimer entrou em Harvard em 1922 e se formou em química, se destacando também em latim, grego e física. Três anos depois, ele iniciou sua pós graduação em física no Cavendish Laboratory em Cambridge, onde colaborou com a comunidade científica britânica nas pesquisas atômicas. Lá, ele percebeu que queria estudar física teórica e aceitou o convite de Max Born, diretor do Instituto de Física Teórica da Univerdade de Gottingen, onde fez seu doutorado.
Após se formar, Oppenheimer passou períodos em centros de ciências de Leiden e em Zurique e voltou para os Estados Unidos para se tornar professor na Universidade da Califórnia e no Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde se dedicou em pesquisas sobre os processos energéticos de partículas subatômicas, incluindo elétrons, pósitrons e raios cósmicos, além do trabalho em estrelas de nêutrons e buracos negros.
A ascensão de Hitler na Alemanha fez com que Oppenheimer se interessasse por política. Em 1937, ele se aliou e destinou parte de sua fortuna herdada do pai para apoiar a facção republicana da Guerra Civil Espanhola, onde conheceu organizações antifascistas.
Porém, se distanciou do comunismo ao ver colegas de profissão em campos de trabalho criados por Joseph Stalin.
Projeto Manhattan
Após a invasão da Polônia por nazistas, em 1939, Albert Einstein, Leo Szilard e Eugene Wigner alertaram os Estados Unidos sobre os perigos dos alemães criarem uma bomba nuclear. Após os alertas, Oppenheimer começou a pesquisar o processo de separação do urânio 235 do urânio natural para determinar a quantidade de urânio necessária para construir uma bomba.
Após esses esforços, diversos cientistas se uniram para construir a bomba nuclear antes dos alemães, o que resultou no Projeto Manhattan.
Oppenheimer foi nomeado o diretor científico do Projeto Manhattan que reuniu os mais brilhantes cientistas norte-americanos e britânicos. Apesar de sua nomeação, suas ligações anteriores com a esquerda fizeram com que Oppenheimer fosse constantemente investigado nos anos seguintes pelo FBI e pelo departamento de segurança do próprio projeto.
Em 1943, o físico escolheu o planalto de Los Alamos, perto de Santa Fé, Novo México, para ser o laboratório da operação. Após o trabalho de todos os cientistas, em 16 de julho de 1945, houve a primeira explosão nuclear. A experiência, chamada de Trinity, foi próxima de Álamo Gordo, no Novo México.
Após a criação da bomba nuclear, muitos cientistas do projeto se manifestaram contra a utilização dela, ainda mais contra a população. Em outubro do mesmo ano, Oppenheimer renunciou ao cargo de diretor do projeto.
Dois anos depois, ele se tornou chefe do Instituto de Estudos Avançados e foi presidente do Comitê de Assessoria Geral e da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos de 1947 a 1952, sendo oposição ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio e acumulando desafetos com o FBI.
Em 1953, ele foi acusado de representar riscos a segurança e foi convidado a se demitir, porém Oppenheimer recusou o pedido. Foi aberta uma audiência de segurança e ele foi declarado como inocente em relação à traição, porém determinaram que ele não deveria ter acesso aos segredos militares do projeto.
Apesar de a Federação de Cientistas dos Estados Unidos defender Oppenheimer, ele teve o contrato como assessor da Comissão de Energia rescindido e hoje a perseguição contra o cientista é considerada uma “caça às bruxas”.
Anos mais tarde, o físico passou seus últimos anos de vida pesquisando e elaborando ideias sobre a relação entre a ciência e a sociedade. Ele esteve presente em conferências no Japão e na Europa.
Em 1963, o governo dos Estados Unidos presenteou Oppenheimer com o Prêmio Enrico Fermi, um gesto de reconhecimento por seu grande legado e também uma forma de amenizar as falsas acusações que o físico sofreu no passado.
Oppenheimer morreu em 1967 vítima de um câncer na garganta, nas Ilhas Virgens, lugar em que passou seus últimos anos ao lado da mulher, Katherine Oppenheimer Vissering.
Sessenta anos depois, o Departamento de Energia dos EUA divulgou os detalhes da audiência que comprovaram a lealdade de Oppenheimer. Em 2022, foi anulado formalmente a revogação da habilitação de segurança de Oppenheimer, status concedido a funcionários que atuam no ou para o governo que atesta que são pessoas confiáveis.