Acordo entre Mercosul e UE não pode impor sanções ao Brasil, diz ministro da Agricultura à CNN
Em entrevista à CNN, Carlos Fávaro disse ainda que o desmatamento da Amazônia não é o responsável pelo aumento do CO₂ na atmosfera
Em entrevista à CNN, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, criticou a proposta da União Europeia para o acordo com o Mercosul, mas diz esperar a conclusão ainda este ano.
“Não venham com um acordo comercial estabelecer regras e punições ao Brasil, ou aos países da América do Sul, sem que nós possamos ter o mínimo de compensação por tudo aquilo que fazemos de bom para o meio-ambiente.”
Fávaro ressaltou que não se pode imputar ao Brasil a responsabilidade de despoluição do mundo.
“Lembrando que quando olham para o desmatamento, quando olham para a Amazônia, é importante dizer que a geração de CO₂ no mundo, 80% é por conta de queima de combustível fóssil, por conta de petróleo. Então, não é o Brasil o grande responsável, não é o desmatamento da Amazônia o grande responsável pelo aumento do CO₂ na atmosfera.”
Além disso, o ministro apontou que não há uma palavra no aditivo proposto pela União Europeia que fale em inclusão social e de bem-estar social.
“Tenho certeza que, com uma posição firme, mas também aberta ao diálogo, chegar — até o final do ano — com esse acordo estabelecido, respeitando o Brasil, respeitando a América do Sul, respeitando o meio ambiente, mas impondo, a quem de fato polui o mundo, as responsabilidades de pagamento por serviços ambientais.”
Reforma agrária
Fávaro comentou sobre a proposta do presidente Luis Inácio Lula da Silva para promover uma reforma agrária no país. O ministro criticou as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Para ele, faz parte das obrigações do governo prover cidadãos “que têm sonho de ter um pedaço de terra”, cumprir sua vocação de produzir alimentos e ser cumprida por meio da reforma agrária.
“Isso deve ser de forma ordeira, pacífica, inclusiva e que tenha estruturado, não só a titulação ou a transferência da terra, mas também todos os outros programas de capacitação, investimento.”
Segundo o ministro, o governo mostrou ser aberto ao diálogo com os movimentos sociais e com o empresariado.
“O direito à manifestação é legítimo da democracia. O MST fazer manifestações, reivindicar suas pautas através das manifestações, devem ser preservados. Agora, não precisa invadir terra privada, produtiva, não precisa invadir a terra da Embrapa, terra de pesquisas.”
*Publicado por Diego Mendes. Produzido por Gustavo Uribe.