Lula diz que Venezuela “está cansada” de brigar e que sanções dos EUA são absurdas
Na Bélgica, o presidente disse que a situação no país será resolvida, regras para as eleições serão estabelecidas e sanções serão retiradas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (19), que a situação na Venezuela será resolvida porque o país está cansado de brigar.
Em coletiva de imprensa para fazer o balanço da viagem a Bruxelas, na Bélgica, Lula afirmou que os venezuelanos devem estabelecer novas regras para as eleições, que devem levar ao fim das sanções econômicas sobre o país sul-americano.
“Eu sinto que, depois de tanto tempo de briga, está todo mundo cansado. Eu sinto que a Venezuela está cansada, sabe? O povo venezuelano quer encontrar uma solução, porque é bom você brigar um mês, dois meses, três meses, um ano, quatro anos… Mas a vida inteira?”, disse o presidente.
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Os comentários foram feitos após os presidentes do Brasil, França, Colômbia e Argentina e um representante da União Europeia divulgarem uma nota conjunta na terça-feira (18), em defesa de eleições justas e transparentes na Venezuela. O documento afirma que se houver progressos democráticos, as sanções econômicas sobre o país podem ser suspensas.
A declaração foi elaborada a partir de uma reunião proposta pelo governo francês, durante a cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, na Bélgica. No encontro estavam presentes Lula, Emmanuel Macron, Alberto Fernández, Gustavo Petro, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e um dos principais líderes da oposição no país, Gerardo Blyde.
Lula afirmou que a conclusão da reunião é que a situação na Venezuela vai ser resolvida “quando os partidos na Venezuela, junto com o governo, chegarem à conclusão da data da eleição, e chegarem à conclusão das regras que vão estabelecer nas eleições e, com base nisso, o compromisso de que as punições impostas pelos Estados Unidos comecem a cair […]”.
Ao mencionar as sanções dos Estados Unidos, o presidente ressaltou que as medidas são absurdas porque a Venezuela não pode movimentar recursos próprios depositados em bancos internacionais.
Retirada de sanções
Em conversa com jornalistas na terça-feira (18), Emmanuel Macron afirmou que a negociação tem que acontecer dos dois lados. Se os venezuelanos evoluírem na questão democrática, os europeus podem começar a retirar sanções.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também disse na terça-feira (18), após encontro dos líderes progressistas, que é importante saber como “avançar de vez para o levantamento progressivo das sanções [à Venezuela] e normalizar o processo, libertando os presos políticos e fazendo com que todos os líderes possam apresentar-se às eleições”.