Presidenciável de extrema-direita da Argentina é acusado de vender cargos em seu partido
Javier Milei, que está entre os primeiros colocados nas pesquisas, teria oferecido vagas em seu partido em troca de dinheiro; justiça pediu a quebra de seu sigilo bancário
O badalado e performático pré-candidato à presidência da Argentina, Javier Milei, deixou de protagonizar as manchetes com declarações bombásticas e agora passou à posição de alvo dos adversários, após denúncias de crime eleitoral. O economista e postulante à Casa Rosada pelo partido A Liberdade Avança é acusado de vender cargos e candidaturas.
O presidenciável de extrema-direita Javier Milei se converteu, nos últimos anos, em um dos mais comentados nomes da política argentina, se colocando como uma terceira via entre os conservadores do Juntos pela Mudança e os progressistas aliados do Peronismo. Com discursos inflamados, chegou a aparecer nas primeiras posições das pesquisas de opinião. Agora, tem seu nome colocado na berlinda.
O caso está sob investigação do Ministério Público argentino. O procurador federal convocou diversas testemunhas, que embasam a acusação contra Milei. Entre eles estão Rebeca Fleitas, deputada do partido em Buenos Aires, e a ex-militante Mila Zurbriggen, de acordo com informações da agência de notícias Telam.
Zurbriggen, uma empreendedora digital, afirmou que soube da venda de cargos por meio de “terceiros” e afirmou que teme por sua “segurança”, segundo fontes da investigação.
Outro depoente, o advogado Carlos Maslatón, afirmou ter recebido denúncias sobre pedidos de dinheiro em troca de candidaturas de “operadores” do La Libertad Avanza.
Além disso, forneceu nomes, casos concretos e garantiu que um sistema de “franquia política” foi implementado no “espaço libertário”.
“Se eles não pagarem e for feita uma publicação com a Milei, eles se encarregam de dizer que essa publicidade não é verdadeira. Foi assim que mataram a militância. Eu chamo isso de ‘franqueado político’. Quem recebe a franquia paga uma taxa pelo uso da imagem, do símbolo e do direito de ser candidato. Tenho versões de que há pessoas que pagaram a taxa e não entraram nas listas”, explicou o comentador político ao procurador segundo a Telam.
Após colher os depoimentos, o MP argentino solicitou a quebra do sigilo bancário de Milei. Outra testemunha bombástica, que deve depor nos próximos dias, é o empresário Juan Carlos Blumberg, que acusou três integrantes do partido de pedir “dinheiro” para compor as listas eleitorais.
“Existem pessoas que pagaram US$ 50 mil por um cargo no conselho. O mais grave é que fizeram da política um negócio”, disse Blumberg em comunicados de rádio.
Representantes d’A Liberdade Avança apresentou resposta às acusações, alegando que as mesmas são “falsas”. “Tudo é orquestrado por interesses espúrios”, respondeu Sebastián Pareja, um dos acusados por Blumberg.