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    Saiba o que é o fluxo piroclástico emitido por vulcão, a “nuvem assassina” que matou turistas na Nova Zelândia em 2019

    Sobreviventes da erupção em Whakaari descreveram a sensação "como se alguém tivesse esquentado várias agulhas até que ficassem quentes como ferro e depois estivessem enfiando todas elas em você"

    Hilary Whitemanda CNN

    Sobreviventes de um dos piores desastres naturais da Nova Zelândia descreveram a dor lancinante de serem atingidos por areia, cinzas e rochas durante uma erupção vulcânica que matou 22 pessoas em Whakaari, ou Ilha Branca, em 2019. Eles foram ouvidos nesta semana durante um julgamento criminal apresentado pelo WorkSafe, órgão regulador de saúde e segurança do país.

    Seis partes estão sendo processadas, incluindo os três irmãos donos da ilha, que já foi um destino turístico popular a 48 quilômetros da ilha norte da Nova Zelândia.

    Haviam 47 pessoas em Whakaari, o nome tradicional maori da ilha, no momento da explosão, que morreram ou sofreram queimaduras graves no incidente. Segundo a turista Annie Lu, “não houve menção de coisas perigosas” quando eles desembarcaram na ilha.

    O vulcão já estava no “nível dois” durante a visita deles, que significa “agitação vulcânica moderada a elevada” com potencial para uma erupção de acordo com o sistema de alerta do país.

    Os turistas foram equipados com capacetes e máscaras de gás, mas não foram instruídos a usar ou trazer nada de especial além de sapatos fechados e roupas que os cobrissem, segundo Lu.

    Uma nuvem negra no céu

    Lu disse que sua mãe notou uma nuvem negra no céu, então ouviram alguém gritar: “Todos corram”. Segundo ela, o que aconteceu a seguir causou ondas de dor quase indescritível.

    “É como se areia e pedras estivessem sendo jogadas em mim de todas as direções. Doeu muito, muito mesmo”, disse ela. “Estava apenas queimando. Eu nunca senti nada assim antes. Era como se alguém tivesse esquentado várias agulhas até que ficassem quentes como ferro e depois estivessem enfiando todas elas em você.”

    “Pense assim, quando você abre um forno e sente o calor em você. É mais ou menos assim, mas 1.000 vezes pior”, falou Lu.

    Os turistas na ilha disseram que não sabiam o quão perto o vulcão estava de entrar em erupção. / Geoff Hopkins

    Um casal de turistas americanos também foi ouvido durante o julgamento. Segundo eles, o grupo de turistas foi informado de que o nível de atividade do vulcão estava elevado, e que isso significava que eles não podiam ir a algumas áreas da ilha.

    “Falaram que teríamos respiradores para nosso conforto. Isso é tudo que me lembro deles dizendo sobre a ilha enquanto estávamos no barco”, disse Matthew Urey. “Eles podem ter dado algumas outras informações, mas não me lembro de nada específico.”

    Lauren Urey disse que a nuvem negra no céu apareceu enquanto tudo estava silencioso, mas depois que ela e seu marido se esconderam atrás de uma rocha, eles ouviram um “estrondo alto” quando o vulcão entrou em erupção e então gritos. “Gritos por socorro e gritos de agonia”, disse ela em seu depoimento.

    Os promotores estimam que as ondas de calor que atingiram todos os presentes na ilha chegaram a 100 graus Celsius ou mais.

    Imagens dos ferimentos de Matthew Urey infligidos durante a erupção de Whakaari/White Island. / Lipcon, Margulies, Alsina & Winkleman

    Desde aquele dia, o casal passou por várias cirurgias e enxertos de pele.

    “Queríamos ter dois filhos, mas agora sou considerada de alto risco, se decidir ter filhos”, disse Lauren Urey. “Isso afetou muito mais a mim, meu marido e nossas famílias, além de apenas nossos ferimentos físicos.”

    A diferença entre lava e fluxo piroclástico em erupções vulcânicas

    O fluxo piroclástico é uma mistura de cinzas, rochas e gases vulcânicos que podem ser muito mais perigosos do que a lava.

    Enquanto a lava – que é formada por rochas derretidas devido às temperaturas altíssimas do vulcão – se arrasta a centenas de metros por hora, o fluxo piroclástico costuma avançar a centenas de quilômetros por hora. Uma velocidade muito mais rápida do que pessoas e até mesmo carros poderiam correr.

    Os promotores deste caso estimam que a nuvem mortal atingiu temperaturas de cerca de 100 °C ou mais, mas outras erupções já registraram fluxo piroclástico com mais de 1.000 °C.

    A erupção de 2019

    O vulcão de Whakaari entrou em erupção no dia 9 de dezembro de 2019, enquanto 47 pessoas visitavam o vulcão. Destas, 22 morreram e as outras ficaram gravemente feridas.

    O vulcão ativo na costa leste da ilha norte do país havia se tornado um destino turístico popular durante os anos de 2010, recebendo mais de 10.000 visitantes anualmente.

    Vinte e duas pessoas morreram no desastre em dezembro de 2019. / Handout/New Zealand Defence Force

    As seis partes que estão sendo processados no julgamento em curso incluem os três irmãos proprietários da ilha, Andrew, Peter e James Buttle e sua empresa Whakaari Management Ltd (WML), bem como a ID Tours New Zealand Ltd e a Tauranga Tourism Services Ltd.

    “A WML foi obrigada a entender os riscos do que estava fazendo. Nunca tinha se preocupado em entender os riscos adequadamente”, disse a promotora da WorkSafe, Kristy McDonald KC, ao tribunal.

    Os irmãos Buttle e a empresa WML negam as acusações. O advogado dos irmãos alega que eles tinham pouco ou nenhum controle sobre os passeios de turismo na ilha.

    Cinco organizações envolvidas com o tursimo na ilha já se declararam culpadas e aguardam sentença.

    O julgamento deve durar 16 semanas.

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