Diesel renovável é novo foco da Petrobras, afirma diretor
Claudio Schlosser defendeu um mandato obrigatório para o diesel R
O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, informou que a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, a Repar, no Paraná, vai alcançar uma produção de 78 mil barris diários do combustível renovável ainda em 2023.
Segundo o diretor, a companhia pretende chegar a 154 mil barris por dia de diesel R nos próximos anos. O produto é obtido pelo coprocessamento de óleo fóssil e vegetal, entregando um combustível 5% renovável no momento.
“O diesel R está disponível desde março deste ano para todos os clientes da carteira. Já é produzido na Repar, onde, em 2023, vamos mais que dobrar capacidade de produção, chegando a 78 mil barris por dia de diesel R, o equivalente a 220 mil metros cúbicos por mês”, disse Schlosser, em seminário promovido na noite da última segunda-feira (10) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ele afirma que ainda este ano deve começar a produção em uma unidade dedicada dentro da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), o que chegará, nos anos subsequentes, à Replan, também em São Paulo, e à Reduc, no Rio.
Na apresentação, Schlosser deixa claro que os 154 mil barris diários de diesel R que a Petrobras planeja levar ao mercado seriam produzidos na proporção de 51% na Repar, 33% na Replan, 8% na RPBC e 8% na Reduc. Hoje, a Repar produz pouco mais de 32 mil barris diários do insumo.
Com relação às produções de bioquerosene de aviação (BioQAV), HVO e outros combustíveis para aviação, Schlosser informou que a companhia tem planos de produzir 6 mil bpd de cada um desses combustíveis e mais 3 mil bpd de outros insumos análogos a partir de 2027 em linha com os mandatos do setor para combustíveis limpos. Toda essa produção, em princípio, virá da unidade dedicada da RPBC (SP).
Pedido por mandato
De acordo com o diretor, todos esses esforços serão cobertos pelo investimento futuro de US$ 4,3 bilhões planejados para modernizar o parque de refino nos próximos cinco anos. O valor já era conhecido por constar no plano estratégico do quinquênio, a ser atualizado em novembro.
“Não estamos prevendo novas refinarias, mas modernização. Isso inclui a ampliação na capacidade de produção do diesel S10. E também entendemos que as novas produções de diesel R e HVO precisam fazer parte desse novo mercado de combustíveis”, disse em sugestão a criação de mandatos específicos para os biocombustíveis de nova geração.
Segundo o diretor, embora cargas de diesel R estejam disponíveis para compra no mercado, a adesão dos clientes tem de ser voluntária, ou seja, devido a metas internas de cada empresa, uma vez que não há mandato que obrigue seu consumo.
Recentemente, representantes da Petrobras, como o diretor de transição energética e sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim, tem defendido publicamente um “mandato adicional” para o diesel R, que se some ao mandato atual do biodiesel, de 10% do diesel vendido nos postos.
Tolmasquim tem falado em um mandato gradual que chegue a um teto de 5% ou 7% de diesel R no diesel vendido ao consumidor.
“Essa questão regulatória precisa ser superada para que possamos colocar para a sociedade esses dois produtos (diesel R e HVO).
O diesel R tem mais de 20 anos, e o HVO é uma tecnologia conhecida. Não podemos ficar para trás nisso em relação a outros países”, disse Schlosser.