Ibovespa fecha em queda de 0,3% após IPCA indicar corte menos agressivo nos juros; dólar recua a R$ 4,86
Apesar de deflação em junho, indicador preocupa por mostrar resiliência no setor de serviços
Ibovespa e dólar fecharam em queda nesta terça-feira (11), com investidores recalibrando as expectativas de cortes menos agressivos dos juros após a economia brasileira registrar deflação em junho.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 0,08% no mês passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Foi o primeiro IPCA negativo desde a medição de setembro de 2022, quando marcou -0,29%.
No cenário internacional, o dia foi de ganhos na Europa e em Wall Street com a expectativa por dados da inflação norte-americana que serão divulgados nesta quarta (12) e quinta-feira (15).
O principal indicador da bolsa brasileira encerrou a sessão com perda de 0,328%, aos 117.555 pontos. Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair mais de 1%, voltando ao patamar de 115 mil pontos.
O alívio nas bolsas globais deu força para a queda do dólar, que encerrou o dia com desvalorização de 0,43%, a R$ 4,861 na venda.
Abertura do IPCA gera alerta
O resultado da deflação veio praticamente em linha com a previsão de perda de 0,10% estimada pelos analistas ouvidos pela Reuters.
A abertura dos dados, porém, trouxe preocupação ao mostrar que a inflação de serviços, que teve alta de 0,62% no mês, ainda se mostra bastante resiliente.
O dado fez com que os investidores recalibrassem as apostas para a queda dos juros, atualmente em 13,75% ao ano, no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, agendado para agosto.
Antes, a expectativa era de corte de 0,50 ponto percentual. Com os dados de hoje, as previsões passaram a apontar para uma redução de 0,25 p.p.
Esta mudança de rota levou à alta dos juros em toda a curva durante a maior parte do dia, penalizando principalmente empresas expostas à economia doméstica — mais sensíveis ao movimento dos juros, explica André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
O movimento, porém, arrefeceu durante a tarde, com os contratos de taxas mais longas voltando ao campo negativo, aliviando parte das perdas do Ibovespa.
“Passado esse fluxo de reajuste de posições, a curva de juros agora se acomodou e opera próximo do zero a zero”, diz Fernandes.
A ponta de baixo do pregão foi liderada pelas ações da Gol (GOLL4), com queda de 5,58%, enquanto Minerva (BEEF3) e Méliuz (CASH3) cederam 3,93% e 3,37%, respectivamente.
Na parte de cima, destaque para a Vale (VALE3) — papel com maior peso no Ibovespa — com avanço de 3,29%.
O impulso reflete o otimismo dos investidores após a China anunciar medidas para o fortalecimento da economia.
Bolsas globais
O bom humor dos mercados globais também evitaram queda maior da bolsa doméstica.
Em Wall Street, Dow Jones subiu 0,92%, enquanto S&P 500 ganhou 0,67% e a Nasdaq avançou 0,57%.
No Velho Continente, o índice pan-europeu Stoxx 600 teve alta de 0,72%.
Nesta quarta-feira, a agência de mercado de trabalho dos EUA (BLS, na sigla em inglês) divulga os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), enquanto na quinta será a vez da publicação do Índice de Preços ao Produtor (PPI).
Os dados serão fundamentais para os mercados ajustarem as expectativas para os novos movimentos do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), que volta a definir os juros no fim deste mês em meio à pressões do mercado de trabalho com o aumento da média salarial.
Atualmente, a taxa está entre 5% e 5,25%, e novos aumentos já foram confirmados pela autoridade monetária. Os debates, porém, é do tamanho do aperto que será feito nos próximos meses.
*Com informações de agência Reuters
Errata: A primeira versão deste texto informava fechamento em queda de 0,61%, aos 117.219,95 pontos. Contudo, a B3 informou nesta quarta-feira (12) que, devido a uma uma falha operacional de seu sistema, a variação e a pontuação estavam incorretos. A informação foi corrigida.