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    Catapulta de asteroides: sistema usa rochas espaciais para evitar colisões com a Terra

    Ideia de organização americana consiste em arremessar detritos da massa rochosa e, com essa energia, desviar seu percurso em direção ao planeta

    Rafael Farias Teixeiracolaboração para a CNN , São Paulo

    Atualmente, há algumas opções para enfrentar asteroides que estão em rota de colisão com a terra, mas não custa criar mais alternativas. Pensando nisso, a Aerospace Corporation, uma organização americana sem fins lucrativos, da Califórnia, está projetando um novo sistema para combater asteroides menores, que têm maior probabilidade de passar pelo Sistema Solar interno e ainda causar danos. Uma verdadeira catapulta que usa detritos do próprio asteroide para mudar sua rota.

    A ideia surgiu ao estudar um caso recente: em 2013, um desses corpos rochosos, com 19 metros de diâmetro, entrou na atmosfera terrestre e se desfez sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia. Segundo o site “Gizmodo”, a explosão foi tão forte que desencadeou uma onda de choque que quebrou vidros e feriu mais de mil pessoas.

    “Estávamos olhando para objetos de tamanho semelhante [ao asteroide de Chelyabinsk] que poderiam ocorrer em nossa vida”, conta Nahum Melamed, líder de, ao site. “E mostramos que podemos desviá-los com esse sistema em cerca de algumas semanas de operação.”

    Melamed tirou inspiração do acelerador suborbital da SpinLaunch, um sistema de lançamento cinético gigante de 50 metros de altura no Spaceport America, no Novo México, que gira cargas a 10 mil  antes de arremessá-las a alturas suborbitais.

    A SpinLaunch diz que seu sistema será capaz de transportar cargas úteis do tamanho de uma máquina de lavar – mas não poderá transportar humanos. / SpinLaunch

    A ideia é criar uma versão simplificada do acelerador que pode ser lançado para se encontrar com um asteroide próximo à Terra. Nele, o sistema centrífugo se ancoraria na rocha espacial e começaria a coletar pequenas quantidades de regolito — as rochas e detritos da superfície —, cerca de nove quilos por vez, e arremessá-las para o espaço.

    A centrífuga ejetaria o regolito do asteroide a velocidades de 1 a 2 quilômetros por segundo.

    O movimento de catapultar as massas de regolito faria com que o asteroide recuasse de sua rota e causando, ao poucos, um desvio. “Então, com o tempo, repetindo o processo várias vezes ao longo de semanas e meses, devemos ser capazes de desviar o asteróide”, diz Melamed.

    Segundo o líder de projeto, a centrífuga é um sistema bastante simples que funciona com energia elétrica, portanto, hipoteticamente, poderia operar para sempre. Asteroides menores entre 30 a 60 metros podem ser desviados em questão de semanas, enquanto os maiores podem levar meses, de acordo com a Aerospace Corporation para o site “Gizmodo”.

    Os pesquisadores por trás da ideia argumentam que ela seria mais fácil de executar em comparação com sistemas mais complexos, como a missão DART da Nasa que, em setembro de 2022, colidiu diretamente com um asteroide, alterando com sucesso sua órbita em 32 minutos.

    “Essa abordagem é como dar um soco no asteróide e ele ser desviado de uma só vez”, explica Melamed para o site. “A missão é complicada, levaria muito tempo para desenvolver a espaçonave e levá-la ao espaço e não há garantia de sucesso.”

    A abordagem centrífuga, por outro lado, é um caminho mais sustentável e repetível para a defesa planetária, de acordo com a Aerospace Corporation.

    A organização quer testar o sistema em dois anos por meio de um pequeno protótipo em laboratório, para depois testá-lo na Lua. A última fase será o desenvolvimento do meio operacional rotineiro para defesa do planeta.

    Como as ameaças de asteroides não são algo frequente, a Aerospace Corporation espera que a centrífuga tenha um duplo uso. “Ela poderia ser usada para extração de materiais úteis de asteroides”, diz Melamed. Esse material seria então capturado por algum tipo de espaçonave em órbita.

     

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