Ex-consultor da OceanGate diz que submarino Titan tentou voltar à superfície antes de implodir
Rob McCallum disse, em entrevista para The New Yorker, que tentou avisar o CEO da OceanGate, Stockton Rush, de suas preocupações com a segurança da expedição, mas ele reagiu ficando ofendido
Um ex-conselheiro da OceanGate – empresa responsável pelo submarino Titan, que implodiu no mês passado, matando os cinco passageiros a bordo – disse que a embarcação havia soltado os pesos do lastro responsável por mantê-la no fundo do oceano para tentar voltar à superfície, indicando que o piloto sabia que havia algo errado.
Rob McCallum, consultor com experiência em expedições, declarou para The New Yorker: “O relatório que recebi imediatamente após o evento – muito antes do tempo de oxigênio ter acabado – foi que o submarino estava se aproximando de 3.500 metros.”
“Ele derrubou os pesos”, disse. “E então perdeu as comunicações e o rastreamento, e uma implosão foi ouvida.”
McCallum é cofundador da empresa de expedições EYOS Expedition, e já conduziu mergulhos até os destroços do Titanic e em outros lugares profundos do oceano. Quando o CEO da OceanGate, Stockton Rush – um dos mortos na tragédia do submersível Titan – decidiu construir um submersível para chegar até o naufrágio mais famoso do mundo, ele contatou McCallum para ajudá-lo.
Quando ele chegou até a oficina de trabalho da OceanGate, não gostou do que viu. “Todo mundo estava bebendo Kool-Aid (uma marca de suco americana) e falando sobre como eles eram legais com um PlayStation da Sony”, disse McCallum para The New Yorker.
“E eu perguntei na época: ‘A Sony sabe que [o controle do PlayStation] foi usado para esta finalidade? Porque, você sabe, não foi projetado para isso”, falou. “Você tem o controle de mão se comunicando com uma unidade Wi-Fi, que está se comunicando com uma caixa preta, que está se comunicando com os propulsores do submarino. Havia vários pontos passíveis de falha.”
Ele ainda acrescentou: “Cada submarino do mundo tem controles com fio por uma razão – se o sinal cair, você não está ferrado.”
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O submarino da operadora de turismo OceanGate desapareceu no último domingo (18) depois de uma expedição aos destroços do Titanic, na costa de St John’s, Newfoundland, no Canadá. Destroços da embarcação foram encontrados na quinta-feira (22). As cinco pessoas que estavam a bordo morreram (veja na sequência). • OceanGate
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Entre os mortos estava o milionário Shahzada Dawood, empresário paquistanês e curador do Instituto Seti (foto), organização de pesquisa na Califórnia. Seu filho, Sulaiman Dawood, também estava na embarcação. • Engro
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O bilionário britânico e dono da Action Avision, Hamish Harding, morador dos Emirados Árabes Unidos, também está entre os mortos no acidente. • Engro
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Outro nome que estava na embarcação era o do aventureiro e mergulhador Paul-Henri Nargeolet • Engro
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O quinto passageiro a bordo do submersível com destino aos destroços do Titanic era Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, empresa que liderou a viagem • Reprodução
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Nesta imagem, todos os falecidos, a partir da esquerda: Hamish Harding, Shahzada Dawood, Suleman Dawood, Paul-Henri Nargeolet e Stockton Rush Obtido • Reprodução/CNN
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Um submersível, como Titan, é um tipo de embarcação – mas tem algumas diferenças importantes em relação ao submarino mais conhecido. Ao contrário dos submarinos, um submersível precisa de uma embarcação para lançá-lo. O navio de apoio do Titan era o Polar Prince, antigo navio quebra-gelo da Guarda Costeira canadense, de acordo com o co-proprietário do navio, Horizon Maritime. • Arte CNN
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A expedição começou com uma jornada de 740 quilômetros até o local do naufrágio, que fica a cerca de 1448 quilômetros da costa de Cape Cod, Massachusetts, nos EUA. Mas perdeu contato com uma tripulação do Polar Prince, navio de apoio que transportou a embarcação até o local, 1 hora e 45 minutos após a descida no domingo (18). • Reprodução
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Segundo o correspondente da CNN Gabe Cohen que visitou o veículo Titan fora da água em 2018, o submersível é uma embarcação minúscula, bastante apertada e pequena, sendo necessário sentar dentro dele sem sapatos. Ele é operado por controle remoto, muito similar a um controle de PlayStation. • Reuters
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O submarino tinha como objetivo levar os três turistas aos destroços do Titanic (foto) para turismo subaquático. • Woods Hole Oceanographic Institution/Reuters
Quando McCallum ficou sabendo que Rush não tinha a intenção de certificar o submersível através da aprovação de nenhuma agência reguladora, ele decidiu não se envolver mais no projeto. “No minuto em que descobri que ele não iria certificar o veículo, foi quando eu disse: ‘Sinto muito, mas não posso me envolver’.”
“As pessoas me ligavam e diziam: ‘Sempre quisemos ir ao Titanic. O que você acha?’ E eu dizia a eles: ‘Nunca entre em um submersível sem certificação. Eu não faria isso, e você também não deveria'”, acrescentou.
McCallum disse que confiava no ex-funcionário e piloto de submersível da OceanGate David Lochridge, e quando ele foi demitido após levantar preocupações sobre a segurança do submersível Titan, encorajou que ele tornasse suas críticas públicas.
Segundo McCallum, Lochridge respondeu uma troca de e-mails entre eles, após sua demissão, dizendo: “Eu me considero muito corajoso quando se trata de fazer coisas perigosas, mas aquele submarino é um acidente prestes a acontecer.” Ele também disse: “Não há nenhuma maneira na terra que você poderia ter me pago para mergulhar naquela coisa.”
Ao falar sobre Rush, Lochridge teria acrescentado no e-mail: “Não quero ser visto como um fofoqueiro, mas estou tão preocupado que ele se mate e mate outros em busca de aumentar seu ego.”
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Woods Hole Oceanographic Institution/Reuters
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Arthur Loibl/Instagram
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Arthur Loibl/Instagram
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Arthur Loibl/Instagram
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Arthur Loibl/Instagram
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Ocean Gate Expeditions
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Veja imagens dos destroços do Titanic. • Ocean Gate Expeditions
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Digitalização dos destroços do Titanic, criada usando mapeamento de alto mar. • Atlantic Productions/Magellan
McCallum disse que tentou argumentar sobre as preocupações diretamente com Stockton Rush, e enviou um e-mail para o CEO da OceanGate que dizia: “Você está querendo usar um protótipo de tecnologia não certificada em um local muito hostil.” E acrescentou: “Por mais que eu aprecie o empreendedorismo e a inovação, você está potencialmente colocando todo o setor em risco.”
Rush teria ficado ofendido com o e-mail de McCallum, e respondeu dizendo que estava “cansado de participantes do setor que tentam usar o argumento da segurança para impedir que a inovação e pessoas novas entrem no pequeno mercado já existente”.
Rob McCallum estava entre os mais de 30 signatários da carta enviada por especialistas para a OceanGate em 2013, expressando uma “preocupação unânime” sobre a expedição ao Titanic e a decisão de não certificar o submersível através de nenhuma empresa reguladora.
*Publicado por Fernanda Pinotti