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    Surto de sarna atinge refugiados afegãos no aeroporto de Guarulhos

    Primeiros casos foram identificados na quinta-feira (22) por médicos da prefeitura e confirmados por ONGs que atendem as famílias

    Anne BarbosaMel Galdinoda CNN , Em São Paulo

    Pelo menos 25 refugiados afegãos que estão abrigados no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, foram diagnosticados com escabiose, doença também conhecida como sarna.

    A CNN conversou com alguns refugiados que estavam no local nesta terça-feira (27). Nuria Sharif, de 28 anos, chegou ao Brasil há 15 dias com os três filhos pequenos. Diante do surto e da situação improvisada, afirmou que espera uma medida das autoridades.

    “Depois de um caminho difícil para chegar aqui, agora esperamos que o governo encontre uma situação melhor para a gente. Muitas pessoas pegaram, eu também peguei sarna, e é uma situação muito complicada. Não tem como continuar assim”, afirma.

    Os primeiros casos foram detectados na quinta-feira (22) por médicos da prefeitura de Guarulhos e confirmados por organizações que atuam no auxílio às famílias recém-chegadas ao Brasil. De acordo com o último levantamento, 208 pessoas vivem acampadas no local de forma improvisada e sem alternativas à espera de acolhimento.

    O prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti, esteve no local nesta terça e disse que o município forneceu atendimento médico aos doentes no próprio aeroporto, com a prescrição de medicamentos para o tratamento. Ele também reforçou que é preciso uma coordenação nacional para uma solução definitiva de acolhimento.

    “Foram concedidos 11 mil vistos humanitários pelo governo federal e menos de 4.000 [pessoas] chegaram por aqui. Ainda tem muita gente para chegar. A gente apela que seja reconhecido um plano de interiorização dessas pessoas, porque, sozinhos, nós não temos recurso e estrutura suficientes”, disse Guti.

    De acordo com o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, a sarna é uma doença contagiosa transmitida pelo contato direto entre as pessoas ou por meio de objetos, como roupas, cobertores e travesseiros compartilhados. Há meses, as organizações que auxiliam os refugiados pedem que o aeroporto libere os banheiros para higienização pessoal dos afegãos.

    Ao todo, existem 1.059 vagas destinadas a imigrantes e refugiados em centros de acolhida em São Paulo e em Guarulhos, incluindo equipamentos gerenciados pelas prefeituras e pelo governo do estado. Mas, no momento, 100% dessas vagas estão ocupadas.

    A GRU Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informa que a atuação direta no acolhimento e acompanhamento de famílias afegãs que chegam ao Brasil é realizada pela prefeitura de Guarulhos e demais autoridades públicas competentes

    Histórico

    O fluxo de refugiados afegãos se intensificou em fevereiro de 2022, e o volume de pessoas que chega é maior do que a capacidade de atendimento. Por isso, o local virou uma espécie de acampamento para os novos grupos.

    Todos têm o visto humanitário, um documento de acolhida concedido pelo governo federal. A portaria foi publicada em 2021, um mês depois que as tropas americanas encerraram 20 anos de intervenção militar no Afeganistão e o grupo extremista Talibã voltar ao poder. Com isso, milhares de pessoas precisaram fugir do país.

    As vagas de acolhimento são rotativas, e o tempo de permanência varia. As pessoas podem permanecer nos equipamentos por tempo indeterminado até comprovarem condições de moradia autônoma.

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