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    Com inflação rumo à meta, BC vê copo meio vazio e não indica corte da Selic

    Comunicado repete pedido feito em maio ao sugerir “paciência e serenidade”, reafirmando a estratégia dos últimos meses

    Fernando Nakagawada CNN Em São Paulo

    O Banco Central (BC) parece ter ignorado a recente melhora do cenário econômico. Alheia à pressão do setor produtivo e do mundo político, a manutenção do juro – por unanimidade – em 13,75% veio acompanhada de um texto duro.

    Nele, a direção do Banco Central vê o copo meio vazio. Há riscos no exterior, nas contas públicas e até de que a queda recente da inflação seja passageira. Por isso, a entidade não indica que o corte do juro se aproxima.

    O texto assinado por Roberto Campos Neto e os demais diretores argumenta que a “manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”. De fato, manter o juro em 13,75% tem reduzido a inflação.

    Críticos dizem, porém, que o custo dessa melhora dos índices é o estrangulamento da atividade econômica.

    Ato contínuo, o comunicado divulgado nesta noite se explica dizendo que o BC está disposto a manter o juro “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

    Aí, mora um problema – uma certa contradição. Isso porque as expectativas de inflação para 2024 caíram e estão na meta ou caminhando firmemente em direção a elas.

    O próprio BC atualizou a expectativa para o IPCA. Para 2024, a previsão da autoridade monetária caiu de 3,6% para 3,4%. O número avança rumo à convergência para o centro da meta de inflação do próximo ano, que é de 3%.

    Além de caminhar em direção ao centro da meta, a regra seguida pelo BC tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Portanto, o BC marca gol mesmo se o IPCA ficar entre 1,5% e 4,5%.

    Não é só o BC que vê inflação menos intensa. Também caíram as previsões do mercado financeiro – aquelas coletadas semanalmente pelo próprio BC. Para 2024, a estimativa dos economistas – que, em maio, subia para 4,20% – agora, em junho, caiu para 4%. Novamente, dentro da meta.

    Diante de todos esses números, o texto repete o pedido feito em maio ao sugerir “paciência e serenidade”. É o BC reafirmando a estratégia dos últimos meses.
    Bastaram alguns minutos para as primeiras reações críticas do setor produtivo e do mundo político ao duro texto do BC. E nada indica que os próximos dias serão diferentes. Vão ser muitas reclamações à atuação de Roberto Campos Neto e equipe.

    Não vai ser surpresa se, após essa enxurrada de críticas, o copo ganhe alguns mililitros. E a ata da reunião – que vai ser divulgada na terça-feira da próxima semana – tenha uma visão um pouco menos pessimista. Quem sabe, um copo quase meio cheio por tanta pressão e reclamação.

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